“Mesmo a suspeita de violência e maus-tratos deve ser denunciada, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente, ao Conselho Tutelar”, alerta a secretária de Assistência Social, Ires Damian Scuzziato, acrescentando que os cidadãos podem encaminhar as denúncias aos Centros de Referência de Assistência Social ou através do Disque Denúncia Nacional pelo número 100.
A secretária avalia que a maioria das denúncias acaba se confirmando em casos de abuso. A negligência dos pais e o envolvimento destes com drogas mostram-se como principais motivos para explicar a violência física e psicológica contra as crianças, abusadas geralmente por aqueles que, em tese, deveriam amá-las. “Geralmente o agressor é um membro da família”, enfatiza Ires, assinalando que os profissionais da rede da saúde e da educação são os que têm mais condições de avistar e identificar os sinais e as marcas dos abusos. “Este tipo de violência sempre existiu, mas houve uma mudança na sociedade, que não admite mais este comportamento criminoso e passa a denunciá-lo com mais constância”, analisa a secretária
Nesta quinta- feira (10), a secretaria palestrou sobre o tema para cerca de 40 famílias, no Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) da Vila Pioneiro, enfatizando a necessidade de se transformar a família num ato de amor e de se cuidar das crianças. “Ninguém pode se omitir em situações de abuso infantil, sob o risco de estar sendo conivente com o agressor”, reiterou Ires. Entre as presentes ao evento, Creusa Fernandes de Lima acredita que os pais precisam estar atentos aos filhos. “Eu tenho dois adolescentes, Jeferson (17) e Tainá (13) e sempre os oriento a evitarem as coisas ruins”, aconselha a dona-de-casa, afirmando que não teria qualquer dúvidas em denunciar algum suposto abuso. Mesma atitude teria Patrícia Lima de Jesus, de 13 anos, observando a ausência de diálogo entre pais e filhos. “Falta conversa de ambos os lados. Existem mães, por exemplo, que exageram nas broncas e às vezes por uma bobagem”, expõe a jovem, contando que conhece amigas que já ameaçaram tomar atitudes drásticas. “Algumas pensam em fugir de casa por não suportar tanta briga e não ter nenhum tipo de carinho. Elas ainda reclamam que acabam servindo de empregadas dentro da própria casa”, denuncia Patrícia, expondo que apenas uma vez apanhou de sua mãe, mas sem traumas do que chamou de “palmadas educativas”.
A assistente social Clarice Ruedieger, que atua no CRAS da Vila Pioneiro, pontua que a violência é um mal que se reproduz. “Já tive o caso de uma criança de sete anos sendo abusada por uma outra de oito dentro da escola. A mãe só percebeu o fato, dois meses depois, quando o filho tentou fazer o mesmo com o irmão menor. É possível ainda que o agressor também tenha sofre abusos em casa”, relata Ruedieger, ressaltando que as pessoas não devem temer denunciar. “É um gesto anônimo com o nome do informante sendo guardado em sigilo. Infelizmente, muitos casos não são notificados, tornando o problema ainda mais grave”.
Programação e Mártir
Instituído por lei em 2000, o dia faz alusão a data do desaparecimento, em 1973, de Araceli Cabrera Sanches, que foi estuprada e assassinada em Vitória, no Espírito Santo. A vítima, uma menina de apenas oito anos, acabou mártir do Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual
A divulgação acerca do tema segue durante o mês de maio. Os quatro Centros de Referência e Assistência Social (CRAS) vem sendo palco dessa campanha de conscientização. No dia 11, no CRAS do Jardim Panorama, dia 20 no do Jardim Coopagro e no dia 23 no do Jardim Europa. Todas as atividades realizadas nos CRAS vão acontecer às 9h e às 14h. Também no dia 23, às 19h, vão ser realizadas atividades no Dorcas Coopagro. No dia 24, com início às 8h, na APADA. No dia 25, será na Unidade Social São Francisco, com início às 15h, e no dia 26, as atividades acontecem na Aldeia Betesda às 19h30.
No dia 18 de maio, data que comemora o Dia Nacional de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, vai acontecer uma panfletagem nas proximidades da Praça Willy Barth, às 8h30. À tarde, a partir das 14h, vai ser realizado no Centro Cultural Ondy Niederauer, uma palestra sobre “A realidade da violência contra crianças e adolescentes no município de Toledo e as possibilidades de atendimento na rede de proteção”.
Da Assessoria - Toledo
