A comunidade de Cerro da Lola recebeu nesta quinta-feira (14), o primeiro encontro do projeto “Uso Popular das Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares”. A ação, que acontecerá mais sete vezes, abrangendo 19 comunidades, é realizada por meio de uma parceria entre o Institucional do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), Itaipu e as Secretarias Municipais de Saúde e de Meio Ambiente. Em Toledo, o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos tem apresentado resultados positivos no tratamento de patologias pela rede de saúde.
Conforme a assistente social da EMATER, Claudete Frasson, o encontro tem o objetivo de orientar e capacitar os participantes quanto ao cultivo e uso das plantas medicinais, além da identificação dos interessados em iniciar a produção para comercialização. “A proposta é levar esse conteúdo para as 400 famílias de produtores que estão sendo atendidos em uma chamada pública da Emater, pelo projeto Sustentabilidade do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e para a população interessada”.
Claudete disse ainda que quando se fala em sustentabilidade e desenvolvimento dos agricultores é preciso pensar em um todo, e envolver a qualidade de vida é o mais importante. “É preciso ter uma alimentação mais natural, podendo se utilizar dos produtos naturais, para contribuir nos cuidados e manutenção da saúde e até a cura de algumas doenças, porque essas plantas fazer a diferença”, comentou.
A diretora de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde de Toledo, Fabiana Trento, destacou que o uso das plantas medicinais tem crescido no município e que é importante repassar as informações do uso correto dos fitoterápicos. “Todo medicamento tem o princípio ativo de uma planta e às vezes a pessoa tem essa planta e casa, mas não sabe utilizar. Essa é uma oportunidade de ver para o que essa planta serve e como se deve prepará-la para o consumo”, afirmou. Além disso, no encontro também estão sendo repassadas as informações de como os toledanos devem fazer se quiserem produzir as plantas em uma escala maior para comercializar para o próprio município.
O agricultor Adriano Kreuz participou encontro e afirmou que ele e a esposa estão interessados na produção das plantas para o uso próprio. “É realmente um programa muito interessante pois sabemos que o natural é muito melhor que o industrializado. Temos o conhecimento que nos foi repassado por nossos pais sobre os chás, mas aqui entendemos melhor como funciona e como se deve fazer”, comentou.
Presente no evento, a Secretaria de Meio Ambiente também desenvolve um trabalho no município com as plantas. Segundo agestora em Educação Ambiental da SMA, Tania Iakovacz Lagemann, por meio do Programa Saberes e Sabores, são repassadas informações sobre as plantas aromáticas, condimentares e de alimento para sua melhor utilização. “Trabalhamos também sobre a questão dos resíduos de cozinha, como talos e folhas, que também podem e devem ser utilizados na alimentação, por muitas vezes apresentarem mais princípios ativos que os próprios produtos”. O trabalho também envolve a distribuição de mudas frutíferas, para que sejam cultivadas pelos toledanos. “Temos nas comunidades o apoio dos Agentes Comunitários de Saúde e das líderes da Pastoral da Criança, atuando como multiplicadores das informações”, destacou.
Programa de Fitoterápicos em Toledo
Toledo participa do programa do Ministério da Saúde (MS) de Plantas Medicinais desde 2012, quando teve seu primeiro projeto aprovado entre 14 municípios brasileiros concorrentes. Atualmente o programa desenvolvido pela Secretaria de Saúde atua nas modalidades de Assistência Farmacêutica (AF), Arranjo produtivo Local (APL) e Industrial (API). “O programa impulsiona e fortalece o tratamento de doenças através da fitoterapia. Além disso, o programa tem o objetivo de fomentar e resgatar o uso tradicional de plantas medicinais e fitoterápicos no Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou a coordenadora do Programa de Plantas Medicinais no município, Elenir Rudek.
Conforme a diretora de Assistência Farmacêutica, Fabiana Trento, a população tem aderido bem aos tratamentos com fitoterapia, se interessando não apenas pelo uso, mas também pela produção. “Também, dentro das UBS, os médicos estão começando a se sensibilizar, para incluir como terapia, os fitoterápicos. Então a gente vem tendo resultados espetaculares e os médicos estão aderindo, tanto é que os números na farmácia de manipulação só vem crescendo”, destacou.
Segundo Fabiana os resultados são visíveis principalmente na adesão dos pacientes como tratamento de prevenção, evitando o uso dos medicamentos industrializados de maneira contínua e o avanço das doenças. “O Programa em si foca nas pessoas que apresentam três patologias, que são a depressão, a diabetes e a hipertensão. No momento que um médico se depara com um paciente com o princípio de uma destas doenças, antes de recomendar o medicamento sintético ele poderá incluir, além das recomendações de práticas saudáveis, o uso das plantas medicinais, que vão auxiliar a melhorar o quadro e evitar o avanço da doença”, disse.
Além das indicações dos médicos dos medicamentos manipulados com as plantas, a população pode ter acesso aos fitoterápicos nas Unidades Básicas de Saúde, através das plantas rasuradas, os chás. “Conversando com a própria enfermeira, a pessoa pode pedir indicações sobre o uso dos chás. É importante que a informação correta seja transmitida, se há necessidade de ferver ou fazer infusão da planta, se ela precisa ser macerada, enfim, a melhor utilização para que o princípio ativo seja ativado”, explicou Fabiana.