O Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC), idealizado pelo médico sanitarista mineiro Eugênio Vilaça, proposto pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), foi implantado nas unidades básicas de saúde dos bairros São Francisco e Europa com atuação direta em parceria com o Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar).
Um dos objetivos é incentivar a mudança no modelo de atenção à saúde para atender adequadamente os portadores de condições crônicas. A proposta é acolher de uma forma abrangente a saúde de hipertensos, diabéticos, crianças menores de dois anos e gestantes classificados com alto risco na Atenção Secundária. Uma equipe multiprofissional é colocada à disposição desses pacientes no Ciscopar, enquanto a equipe de profissionais da Atenção Básica permanece com os atendimentos dos pacientes classificados como de baixo ou médio risco.
O médico da família da UBS São Francisco, César Ravache, acompanhado do secretário executivo do Ciscopar, Vilmar Covatti, participaram de um encontro nesta segunda-feira (18) em Guarapuava para apresentar a experiência bem sucedida em Toledo, com destaque para a Estratégia de Saúde da Família da UBS São Francisco. O encontro envolveu profissionais de saúde de quatro consórcios daquela região.
A enfermeira da UBS São Francisco, Juliana Beux Konno, relata que o projeto piloto no Estado teve início em Maringá e, em seguida, em Toledo e Palotina. “Em 2014 começamos a discutir o projeto e em 2015 foi implantado o sistema. Ele é composto por vários especialistas, além dos profissionais da Atenção Básica. Nós atendemos os pacientes de alto risco aqui [na UBS] e encaminhamos para o Ciscopar. Lá eles são atendidos por uma equipe bem ampla, tem o cardiologista, o endocrinologista, ginecologista e obstetra, o pediatra, além do enfermeiro, do psicólogo, nutricionista e outros profissionais que o médico julgar necessário que ele passe. Isso acontece tudo no mesmo dia. É um circuito de profissionais articulados na Rede de Atenção em Saúde”, explica a enfermeira.
Juliana diz que além da avaliação especializada (o médico ao qual o paciente foi encaminhado), ele também passa por outros profissionais que ajudam na adesão do tratamento. “Percebemos que a adesão aos tratamentos melhorou bastante, assim como a saúde desses pacientes. Foi uma mudança significativa em todos os pacientes encaminhados, incluindo a mudança de hábitos deles. O comprometimento também aumentou muito e todos retornam elogiando o serviço”, mencionou a enfermeira.
Referência e Contra-referência
Um dos fatores a ser levado em conta nesse processo é a efetivação do serviço de referência e contra-referência. Ou seja, quando o paciente de risco é atendido na unidade básica ele recebe um formulário que explica sua condição, esse formulário é levado para o atendimento das especialidades e retorna preenchido para que os profissionais da ESF possam realizar o acompanhamento da saúde dessa pessoa. “Às vezes um idoso não sabe explicar qual é a medicação que está tomando ou sobre alguns detalhes de sua rotina, essa contra-referência é importante para a continuidade do tratamento dele e para acompanhamento da unidade”, explica Juliana.
Ao retornarem para a unidade de saúde, os pacientes são acompanhados periodicamente pelos profissionais da Estratégia de Saúde da Família e pelos profissionais do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF). Nesse sentido, acabam passando por enfermeiros, farmacêuticos, psicólogas, nutricionista, além dos agentes comunitários e demais técnicos da UBS. Cerca de 850 pacientes de hiperdia e diabetes são atendidos hoje na UBS São Francisco. Desses, 134 são considerados de alto risco e já foram encaminhados pelo projeto piloto. Segundo a enfermeira Juliana, após inseridos no MACC, são cada vez mais raros os atendimentos de pacientes descompensados na UBS São Francisco.
Guarapuava
O Médico da Família, César Ravache, apresentou a evolução do projeto na UBS São Francisco referente ao último ano em um encontro de profissionais de saúde da Regional de Guarapuava essa semana. O convite surgiu após uma equipe da Secretaria de Estado da Saúde visitar Toledo para reavaliar o funcionamento do sistema há cerca de dois meses e perceber os bons resultados.
César Ravache garante que os pacientes que se encontravam em um quadro mais grave, com mais riscos de terem uma doença isquêmica ou mais riscos de complicações, hoje estão bem melhores assistidos e estabilizados. “Nós focamos o estímulo ao autocuidado. Não adianta consultar com os melhores profissionais e eles não se cuidarem”, frisou.
Quando encaminhados ao Ciscopar, os pacientes pactuam acordos sobre o autocuidado com cada profissional, tornando-se corresponsáveis pelos resultados do tratamento. Para que essa Rede de Atenção à Saúde tenha êxito, existe um esforço nas duas pontas e muito diálogo. “Nos reunimos várias vezes com a equipe do Ciscopar para juntos achar as falhas e chegar em pontos comuns. Se um lado despencar, leva todo mundo junto. Não existe competição de serviços, pelo contrário, agregamos serviço e por isso obtemos os resultados”, salientou Ravache.
Expansão do projeto
Com base nas experiências realizadas, a Secretaria de Saúde tem intenção de ampliar o Modelo MACC para outras unidades. A secretária de Saúde, Denise Campos, disse que a ampliação está relacionada também a capacidade do Ciscopar em ampliar sua equipe multiprofissional. “Estamos planejando a expansão do projeto para mais três equipes de saúde da família do município, no Coopagro, no Santa Clara IV e no Jardim Concórdia”, informou a secretária.