O escritor Moacir Rauber, autor de quatro livros, entre eles Ladrão de Si Mesmo, disse na terça-feira, 26, em palestra que fez para acadêmicos da Universidade Paranaense (Unipar), unidade de Toledo, e a estudantes de quatro escolas públicas convidadas, que o grande desafio da sua exposição era estimular as pessoas a prender o ladrão de si mesmo, título do seu quarto livro. Atualmente residindo na Alemanha, o escritor, que também atua como palestrante e coach, está no Brasil para a divulgação da sua mais recente publicação. Na terça-feira ele falou para um auditório lotado de estudantes secundaristas das escolas Jardim Europa, Jardim Porto Alegre, Dario Velozzo e Preme, além de acadêmicos da Unipar. O evento foi uma iniciativa do curso de Tecnologia e Análise em Desenvolvimento de Sistemas.
“Quando vi o tema ladrão de si mesmo, imediatamente associei com o momento em que vive a nossa juventude, com a evasão muito grande de estudantes nas escolas e universidades, com a falta de rumo de nossos jovens e quis trazer o Moacir para falar a estes alunos e fazer com que eles jovens prendam este ladrão”, comentou o professor Sérgio Ferrazoli, que coordenou a organização do evento. Segundo ele, foram convidados estudantes de terceiro ano das quatro escolas de ensino médio, além dos acadêmicos da universidade. A limitação ficou por conta do espaço físico, que ficou completamente lotado.
O livro, conta Moacir, percorre a trajetória de um personagem chamado Dimas, que se autoidentifica como bom ladrão. Mais aí surge um questionamento. Um ladrão pode ser bom? Mesmo que ele seja bom no fundo continua sendo um ladrão. Segundo ele, o livro se propõe a fazer com que as pessoas façam uma reflexão e comecem a perceber como elas se roubam nas relações, sejam pessoais ou profissionais, quando se não se entregam totalmente. Como as pessoas se roubam nas organizações, nas equipes, quando não entregam o melhor de si. “Quando isso ocorre, estou roubando de mim a possibilidade de transformar potencial em talento, sendo que potencial é tudo o que eu imagino que poderia ser e talento é o que coloco a serviço da comunidade”.
Ele afirma que no momento em que a pessoa não coloca todo o seu talento a serviço, à disposição de uma comunidade ou instituição a que pertença, esta roubando de si aquilo que é de melhor dela. “Somos todos grandes ladrões”, diz ele, acrescentando ainda que ao olhar para outras pessoas, que acusamos de criminosos, por desvios de recursos públicos, por exemplo, estas pessoas já roubaram de si muito antes de roubar dos outros. “Elas roubaram de si a integridade, a honestidade, a credibilidade. Este é o tema que está subjacente a história do livro. Ele não tem teoria, mas a trajetória de um personagem, mas toda a teoria que fundamenta este personagem se baseia nas emoções , nas reflexões e nas ações. Trabalhe as emoções, transformando-as em sentimentos, em estado de ânimo para depois tomar a melhor decisão e concluir, realizando a melhor ação”, completa.
No livro, para os leitores mais atentos, ele conta um pouco de sua própria história, e o quanto roubou dele, segundo afirma, depois de um acidente que o deixou paralítico. Hoje, diz ele, “abriram-se novas portas e estou muito satisfeito com as metas que estabeleci aos 30 anos, muitas delas já alcançadas”. Embora fale bastante sobre o tema, afirma Moacir, ele não tem uma receita pronta. “Cada um tem que tomar consciência do seu estado e a partir disso definir para onde quer ir. O ponto de partida para que você prenda o seu ladrão é tomar consciência. A tomada de consciência permite que você faça as suas escolhas conscientes, isso sim é liberdade, a liberdade de fazer as escolhas conscientes, que permite que alcancemos aquilo que queremos alcançar, não os que os outros querem”, indica.
Ex-atleta paraolímpico, Moacir afirma que hoje escrever, conversar com as pessoas, saber que muitas vezes uma palavra pode influenciar positivamente uma pessoa, o realiza. ”Nos sempre nos preocupamos muito em alimentar o próprio corpo. Mas nós não alimentamos a mente e, se não dominarmos a própria mente, a mente nos mente, porque nós não somos a nossa mente. Este é o grande diferencial, dominar a nossa mente para mostrar a ela o que queremos”. Hoje, acrescenta, ele, muitas pessoas se deixam levar pela inércia, pela preguiça mental e vão onde querem ir. O resultado de não dominar a mente é fazer sempre a mesma coisa e permitir que ela nos leve para onde não queremos ir”.
Atleta da seleção de remo adaptado durante 4 anos e tendo participado de três campeonatos mundiais, Moacir assegurou a sua caga nas Olimpíadas de Pequim, mas não pode ir em função de uma lesão. “Eu não pude ir, mas o Brasil foi muito bem representado. Fechou-se uma porta, mas abriram-se outras e esta é a sequência da vida”, disse ele, citando em ano de Olimpíadas no Brasil que o atleta de rendimento é um bom exemplo de domínio da mente. “Para ter disciplina física é preciso disciplina mental. As duas coisas andam juntas. O atleta de rendimento é um exemplo sensacional de pessoas que tem disciplina física e mental”.