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SUSTENTABILIDADE

Conexão Brasília - Ceará: semente para o plantio de uma agrofloresta endêmica

Seu Antônio da Silva traduz: Cada centavo investido em mim é um árvore plantada no Cariri!

28/05/2016 - 11:49


Digno de apreço. Esse é o significado do nome Antônio. Coincidentemente, o nome escolhido para a primeira formação financiada pelo Movimento de Agroflorestores de Inclusão Sintrópica (MAIS), em parceria com o Sítio Semente, em Brasília.

Seu Antônio da Silva é da comunidade de ‘Azedos’ em Santana do Cariri, na Chapada do Araripe (CE) e foi escolhido para apreender sobre agrofloresta com o biológo e produtor, Juã Pereira. O xará, integrante fundador do MAIS, Antonio Gomides França, foi quem acompanhou toda a formação e será responsável pelo acompanhamento posterior do produtor.

Engraçado. Gomides é quem tem o apelido de sábia, mas quem abriu asas para voar foi da Silva. A formação oportunizou a primeira viagem de avião, no entanto, foi a agricultura sintrópica que garantiu um novo horizonte ao produtor.

Eles chegaram ao planalto central na quinta-feira (19). Depois de um dia de passeio foram, enfim, pra o Sítio Semente, onde participaram do curso Básico de Sistemas Agroflorestais, entre os dias 20 e 22 de maio.

Antes mesmo do sol raiar, a ansiedade e a vontade de apreender tiraram os Antonios da cama. As ideias começaram a clarear logo cedo, junto com a luz do dia. Enquanto eles percorriam as linhas de canteiros, o produtor em formação desabafou:

- Antonio estou envergonhado. Observando essa forma de cultivar eu vejo que perdi meu tempo. Eu fiz errado a vida inteira. Eu não, todo mundo lá faz errado a vida inteira. Eu nunca toquei fogo, nem usei veneno na terra, mas também, nunca cobri o solo e sempre cultivei uma coisa só. Eu precisava de 10 terras dessa aqui para cultivar o que é cultivado nesse pequeno espaço.

Nos dias seguintes, Antônio da Silva se mostrou um aluno empenhado. Com a orientação de Juã pode compreender a forma correta do manejo da banana, o plantio da mandioca e a ideia dos canteiros. A experiência fez com que o produtor nordestino decidisse promover a revolução verde no Cariri.

- Estou com um terreno novo e já vou começar a implantar a agrofloresta.  Tenho material, e agora, conhecimento, para iniciar as linhas de canteiro e consórcios.

Pelo que relatou o produtor, a experiência foi transformadora:

- Foi o maior presente da minha vida. Os três dias mais fantásticos que já vivi.

E traduz:

- Cada centavo investido em mim é um árvore plantada no Cariri!

Agrofloresta Endêmica

A agrofloresta do seu Antônio, em Santana do Cariri, inaugura uma nova página do MAIS. Por meio da construção dessa sala de aula, o Movimento abre portas para a transformação da região e cria um novo modelo de agrofloresta: endêmica. Lá serão cultivadas plantas e frutos do nordeste, como graviola, pinha, seriguela, caju, pitomba... árvores como amarelo, visqueiro e maracujá da serra.

Essa diversidade de sabores deve se mesclar, ainda, com a diversidade cultural da região, que oferece como contrapartida ao MAIS, a alegria e o sucesso de um povo digno de apreço, assim como o Seu Antônio.  

Para Gomides, a primeira experiência de formação financiada pelo Movimento se resume em:

- Fantástica!

Antônio da Silva

Seu Antônio é agricultor da comunidade ‘Azedos’ em Santana do Cariri, chapada do Araripe (CE). Um dos vários produtores de orgânico da região apoiado pela Associação Cristã de Base (ACB), tem em sua propriedade uma ação voltada para fruticultura, com uma boa produção de uva orgânica de primeira qualidade, entre outros cultivos. Responsável pela distribuição da água, por meio de canais que descem por gravidade atendendo a comunidade local. O Movimento de Agroflorestores de Inclusão Sintrópica (MAIS) custeou a ida do produtor para o curso de sistemas agroflorestais no Sitio Semente, Brasília, entre os dias 20 a 22 de maio, e teve o apoio local para assegurar esse aprendizado pelo integrante do movimento, Antônio Gomides.

MAIS

O Movimento de Agroflorestores de Inclusão Sintrópica (MAIS) viabiliza a formação de agricultores e agricultoras que se destacam em suas comunidades pela liderança e notório saber na lida com a terra. O objetivo é oferecer a oportunidade de formação a quem não tem condições de financiar um curso, para implantação e manejo de sistemas agroflorestais biodiversos. Essa formação é possível graças a mobilização dos integrantes do MAIS, que custeia a participação de agricultores selecionados, em cursos de agricultura sintrópica no Sítio Semente, do biólogo parceiro, Juã Pereira, em Brasília. O agricultor comtemplado torna-se, após um período de acompanhamento, um novo instrutor e sua propriedade uma nova sala de aula, onde acontecerão cursos e mutirões para disseminação da agrofloresta pelo Brasil.

 

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