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Estudantes da UTFPR prestam solidariedade à colega vítima de violência e dizem não a cultura do estupro

A jovem era vítima de violência há seis meses, o agressor colega da universidade, foi preso em flagrante na semana passada

06/06/2016 - 17:01


Estudantes da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, campus Toledo, reuniram-se num protesto às 12h, desta segunda-feira (6). Os objetivos do manifesto é denunciar a cultura do estupro vigente e manifestar solidariedade à colega universitária, que foi vítima de violência, na semana passada e registrado denúncia de que vinha sendo vítima de estupro desde início de janeiro. O agressor também é acadêmico da mesma universidade.

A sociedade ainda está estarrecida com o caso de estupro coletivo de uma adolescente no Rio de Janeiro. Esta realidade que parece tão distante, está presente em todos os lugares. As vítimas estão em todas as classes sociais, algumas em silêncio resignadas na sua dor, outras se encorajam e rompe suas vozes em busca de socorro.

Assim é a história da Maria (nome fictício da estudante da UTFPR, vítima de violência). Há seis meses, com o rompimento de um relacionamento, nascia um calvário de dor, medo e humilhação. O jovem universitário, culto e acima de qualquer suspeita, segundo o Boletim de Ocorrência, foi preso em flagrante quando exigia que Maria fizesse sexo com ele, sob ameaça de publicizar imagens feitas em momentos íntimos.

Há seis meses ela era vítima de violência sexual, psicológica e ainda, o agressor a ameaçava de morte, contou Maria a Polícia.

A cultura do estupro, nada mais é que a ideologia que justifique a violência. A permissividade dada aos homens para a uma prática que, mesmo errada, tenta justificar e responsabilizar a própria vítima.

E aí reside o medo, o silêncio e o não registro de atos de estupro, o que resulta na baixa notificação. E ainda assim, no Brasil a cada 11 minutos, uma mulher é abusada. Esta estatística representa de 30 a 35% dos casos.

E contra tudo isso, meninos e meninas universitários disseram em alto e bom tom, que não pactuam com a cultura do estupro. Uma jovem estudante, que participava do protesto, conversou com a reportagem e contou como é a realidade vivida pelas meninas dentro e fora da Universidade. “O machismo não acabou só neste caso. Tem meninos que assediam as meninas dentro da Universidade. Eu mesma já fui presa num elevador, por um menino que queria me agarrar. Eu tive que gritar. Sentimos-nos intimidadas. Às vezes a gente está andando nos corredores e tem homens que olham para a gente como se fossemos um pedaço de carne”.

O protesto é o anúncio que elas não mais se calarão. A partir do momento em que o caso da estudante vítima de violência veio a público, as acadêmicas decidiram formar um coletivo de proteção e solidariedade as mulheres. “Descobrimos que o que acontecia com ela (Maria), não era de hoje, já acontecia há vários meses, e não fazíamos ideia do que ela estava sofrendo. Ela estava sozinha para enfrentar esta situação. Resolvemos nos reunir para que isso não aconteça de novo. Se uma menina sofrer este tipo de violência, queremos que ela tenha um grupo para apoiá-la, para ela receber orientação e pedir ajuda”, disse a colega solidária.

Prestaram apoio ao movimento o Coletivo Feminino da Unioeste e a Secretaria de Políticas para as Mulheres. A secretária Jaqueline Machado conclamou que a sociedade se una contra a cultura do estupro.  “A violência de estupro pouco é denunciada, exatamente pela naturalização da cultura do estupro no nosso país. As mulheres sofrem caladas. Neste caso, a acadêmica vinha sendo violentada a mais de seis meses, e não tinha coragem de denunciar, pelo fato de ocorrer outras violências como a psicológica e contra sua própria vida. Por isso, os casos de estupro não são registrados. Manifestações como esta servem para dar visibilidade a violência sofrida pelas mulheres, e para encorajar, outras mulheres a denunciarem este ato de violência. Não podemos nos calar”.

O estudante acusado de estupro foi preso em flagrante e, até o fechamento desta matéria, seguia preso na 20ª SDP.

Nota de Esclarecimento da Universidade

Quanto aos recentes acontecimentos relatados pela imprensa local desde a última sexta-feira (03), a UTFPR (Câmpus Toledo) informa que acompanha as investigações do caso e tão logo tenha acesso às apurações policiais, tomará as medidas cabíveis nos âmbitos administrativo, acadêmico e jurídico.

Reitera-se, por fim, que a universidade repudia todas as formas de violência contra a mulher e está à disposição para contribuir com qualquer tipo de investigação conduzida pelas autoridades competentes.

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