O presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira (02), em viagem à China, não ver risco de contradições entre seu discurso de reunificação e repacificação nacional, e as manifestações que têm ocorrido em algumas localidades do país, feitas contra seu governo.
Pesquisas divulgadas na última semanas mostram que o vice só tem a aprovação de pouco mais de 10% dos brasileiros. Outras sondagens indicam que quase metade dos brasileiros não vê diferença entre ele e Dilma. Ainda assim, Temer diz que a mensagem de reunificação e repacificação de seu governo não é em benefício pessoal, mas dos brasileiros. "E eu sinto que os brasileiros querem isso. Quem muitas vezes se insurge, como um ou outro movimentozinho, é sempre um grupo muito pequeno de pessoas. Não são aqueles que acompanham a maioria dos brasileiros”, relatou.
O presidente negou ter sido surpreendido por suposta manobra no Senado, que resultou na habilitação da presidenta afastada Dilma Rousseff para exercer funções públicas. “Estou acostumado a isso. Estou há mais de 34 anos na vida pública e acompanho permanentemente esses pequenos embaraços que logo são superáveis”, disse Temer.
“Ontem mesmo falei com companheiros do PSDB, PMDB e DEM, e essa questão toda será superada. Não há a menor dificuldade. Não se tratou de manobra. Tratou-se de uma decisão que se tomou. Sempre aguardo respeitosamente as decisões do Senado”, acrescentou.
Segundo o presidente, essa questão entrou, agora, em uma "seara" jurídica. "O Senado tomou a decisão. Certa ou errada, não importa, o Senado tomou a decisão. Me parece que ela está sendo questionada agora juridicamente. Então, ela sai agora do plano exclusivamente político para o quadro de uma avaliação de natureza jurídica”.
Com a posse de Temer, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) emplaca seu terceiro presidente da República eleito sem voto popular. José Sarney, em 1985, quando Tancredo ficou doente e não pode assumir. Itamar Franco em 1992, após o impeachment de Fernando Collor, e agora Michel Temer, com o afastamento de Dilma.
Maifestações
Após três dias seguidos de manifestações com forte repressão policial, os movimentos populares seguem com calendário de mobilização nacional. A aprovação do impeachment de Dilma Rousseff no Senado, nesta quarta-feira (31), tende a intensificar os atos de oposição ao governo de Michel Temer no próximo domingo (04).
Inúmeros protestos "Fora, Temer" estão marcados nas capitais e no interior de todo o país. Cidades como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Curitiba (PR), Maceió (AL), Juiz de Fora (MG) estão entre as principais no mapa de mobilizações.