O Brasil entrou em 2019 com um novo governo e novos desafios. O principal deles é recuperar o crescimento econômico com a aprovação de reformas e com ajustes nas contas públicas. No cenário mundial, a expectativa é atrair investimentos, mas principalmente manter a boa relação comercial com todos os países. Para analisar esse cenário e apontar os possíveis caminhos para retomada do crescimento, o Sicredi Progresso PR/SP promoveu, na quinta-feira (4), o Workshop sobre Clima, Agronegócios e Investimentos. Na ocasião, agricultores, pecuaristas e empresários associados a Cooperativa lotaram o auditório do Colégio La Salle, em Toledo.
O Workshop foi ministrado pelo analista econômico do Banco Cooperativo Sicredi S/A, Rodrigo Eduardo Neves. Segundo ele, o cenário é otimista. “O Brasil teve um crescimento econômico positivo até meados de 2014. Posteriormente a isso, a gente observou em 2015 e 2016 uma grave crise econômica, uma das piores que já passamos, e agora entramos em um novo governo, que começa a buscar um planejamento de ajuste para as contas”.
A preocupação, no entanto, é se o governo terá base de apoio suficiente para implementar as medidas propostas. “Não basta termos um plano positivo,temos que conseguir aprovar isso no congresso. Hoje temos um cenário com mais bancadas temáticas do que partidárias e mais cargos técnicos e militares do que políticos. Com isso fica difícil estimar o apoio. Essa dificuldade do Governo de ter jogo de cintura e trabalhar junto com a Câmara é um ponto crítico”.
Durante o evento, o economista apontou quais são os indicadores preocupantes em torno da economia e o que está disponível para recuperação. Além disso, discutiuos desafios queos associados, e brasileiros em geral, tem adiante, para auxiliarem a recolocar a economia do país nos trilhos.
Agronegócio – O agronegócio é um pilar importante da economia brasileira que foi fundamental durante a crise. A expectativa é que o setor continue sendo valorizado. “Se o Brasil pensar que ser um país primário é algo negativo e não valorizar esse e outros setores que estão desenvolvendo, não poderemos agregar valor a partir disso. Mas vemos um cenário positivo. Apesar de alguns problemas, a safra de soja e grãos, como um todo, apresenta um bom resultado, assim como o setor da pecuária também vê uma recuperação gradual”.
A economia em torno do agronegócio, no país,busca uma verticalização. O Sicredi, como um dos grandes investidores da última safra, tem a missão de seguir apoiando os produtores brasileiros. Oferecer capacitação em educação financeira e conscientizar sobre os impactos da política e economia global sobre o mercado local é uma forma de estar junto com o cooperado nesses novos desafios.
Para o presidente da Sicredi Progresso PR/SP, Cirio Kunzler, estar ao lado do setor produtivo é um pilar do cooperativismo. “Este encontro é mais uma etapa dos serviços que colocamos à disposição do associado. Compreender o cenário econômico, político e climático é parte fundamental para a tomada de decisão, então o Sicredi, para além de disponibilizar recursos, está junto com o produtor para orientá-lo, e assim, crescermos juntos”.
Exportações -No cenário de exportações há alguns percalços. “Não podemos desconsiderar todos os embargos que sofremos em 2018 e que deixaram de existir nesse setor que é tão importante para Toledo, que é a proteína animal. Teremos um preço de grão não tão alto como em 2018, e consequentemente um custo deprodução de aves e suínos mais barato que no ano passado”.
Mas apesar dos embargos atenuados, na analise do economista, o relacionamento do Governo com os países árabes, importantes importadores, preocupa. “O Brasil tem que ser amigo de todo mundo e o governo tem entendido isso. Somos um dos principais exportadores globais. Para buscar novas cadeias temos que sustentar relações e buscar novas parcerias. Por exemplo, o selo na carne bovina livre aftosa fez com que ganhássemosoutros mercados. Ou seja, temos percalços, mas o saldo ainda vem sendo positivo”.
Outra preocupação é a relação da China com os Estados Unidos. “Não é descartado o risco de haver uma cláusula resolutiva em que os Estados Unidos exijama preferência por soja americana da China. Não tem nada claro ainda, mas temos que mensurar esse risco. Por isso é importante que o produtor brasileiro dilua a venda”.
Investimento –O economista do Sicredi também falou sobre os benefícios do investimento estrangeiro para todo o setor. “A parte logística do Brasil, por exemplo, é um tanto quanto deficitária quando comparada com a dos países com quem estamos competindo. Nós dependemos muito mais de rodovias, do que de ferrovias e hidrovias, que são segmentos com potencial para expansão. Existem outros países querendo investir aqui. Montar essas estruturas para todo mundo se beneficiar de uma melhor cadeia comercial e logística”, explica.
A melhoria logística no Brasil viabiliza novas fronteiras agrícolas. A redução do custo de produção, com economia no escoamento e na compra de insumos possibilita abrir espaço para investimento. Ou seja, com uma renda maior, a tendência é que o produtor invista em melhorias e industrialização. “Quando a gente fala do milho, por exemplo, vemos o potencial para o etanol”, comenta o economista.
O presidente da Sicredi Progresso PR/SP acredita que o cooperativismo tem muito a contribuir para esta expansão de fronteiras e verticalização do agronegócio. “O interesse primeiro da Cooperativa de Crédito é promover o desenvolvimento local. A palestra do Rodrigo nos deu elementos para acreditarmos num cenário favorável ao desenvolvimento da nossa Região e do Brasil, mas também, nos deu elementos de precaução para tomada de decisão”, avalia Cirio Kunzler.