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SAÚDE

Projeto Lean reduz tempo de espera no Huop

Um dos indicadores a superlotação teve uma redução de 26%, além da diminuição do tempo no hospital tanto para pacientes sem internação, quanto para os com internação

22/05/2019 - 22:53


Após sete meses, hoje (22) foi realizada a cerimônia de encerramento do Projeto Lean nas Emergências no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP). O projeto, em parceria com o Ministério da Saúde e o Hospital Sírio-Libanês, visa a potencialização de resultados, eliminação de desperdícios, melhoria e aproveitamento do potencial humano e, hoje, os resultados da aplicação do programa foram apresentados.

O projeto Lean, que atualmente abrange 20 hospitais do SUS de médio e grande porte, começou a ser implantado em 2018 no HUOP e a progressão de atuação foi paralela aos seus resultados. Na fase inicial, os representantes do Hospital Sírio-Libanês buscaram sensibilizar, reunindo e conscientizando os funcionários do hospital. Após isso, o projeto começou efetivamente, com apresentação de metodologias e procedimentos a serem aplicados para atingir o êxito.

Dentre as melhorias constadas pós-projeto, teve a criação do Núcleo Interno de Regulação – órgão gestor dos leitos do HUOP – para que haja um maior giro de leitos e atender uma maior população. O diretor geral do HUOP, Edison Leismann, reitera que buscam “atender melhor, mais rápido, com maior eficiência e eficácia, menos fila. Nesse período nossos resultados são excelentes, entre os melhores dos 20 hospitais do projeto, e isso só, foi possível pela colaboração, participação e compreensão de todos envolvidos no projeto, indistintamente. Todos entenderam e colaboraram nessa iniciativa”.

Rodrigo Suzuki, diretor Administrativo do HUOP comenta que “o grande desafio na  parte administrativa é realmente a princípio é a mudança cultural, porque como não envolve grandes custos financeiros, em tese, não teve grandes investimentos, então o desafio foi motivar as pessoas para que elas efetivamente participem do projeto. O que o Lean mais traz de benefício é realmente trabalhar com indicadores. E a partir do momento que começamos a ver os resultados nesses indicadores, e ver diferenças na parte organizacional de cada setor, a motivação é maior”.

Como citado, há sete meses o projeto vem sendo instaurado na instituição e, a iniciativa veio do diretor de enfermagem, Rafael Muniz de Oliveira e da coordenadora do Pronto Socorro, Mirelle Cunha Antunes, que inscreveram o HUOP no projeto. “Quando nos inscrevemos no projeto, achávamos que realmente teríamos uma melhoria na enfermagem e pronto socorro, mas o impacto surtiu pelo hospital todo”, explica Rafael.

E isso fica mais nítido quando analisadas esferas externas, como por exemplo o SAMU. Rodrigo Nicácio, diretor-técnico do Consamu conta que “o projeto foi um marco na história do HUOP. Isso refletiu positivamente na regulação das emergências e urgências das duas regionais de saúde: Toledo e Cascavel. A gente sempre viveu uma dificuldade histórica em utilizar o Hospital Universitário que é a nossa principal, maior e melhor referência. Com o projeto, essas otimizações dos processos internos e o foco de liberação do Pronto Socorro, conseguimos em algumas semanas um resultado incrível no que diz respeito ao acesso mais facilitado às vítimas de urgência, rotação no pronto socorro, sala de emergência e UTIs. Os pacientes começaram a passar cada vez menos tempo no Pronto Socorro, o tempo de espera pelos leitos também diminuíram, isso refletiu positivamente nas UPAs e nas cidades da região”.

Pedagogicamente falando, o impacto também é positivo. O professor e médico Dr. Allan Cezar Araújo salienta a importância da implementação desse tipo de projeto, principalmente para os residentes de Medicina. “É importante que os futuros médicos saibam a importância de todos os processos dentro do hospital. Que se preocupem com altas, com os indicativos de funcionamento e qualidade, principalmente considerando que o HU atende a nossa região que conta com aproximadamente dois milhões de pessoas”, finaliza Allan.

Projeto Lean nas Emergências e seus resultados

O HUOP tem 238 leitos ativos, 68 disponíveis para Pronto Socorro e 14 disponíveis para UTI. Durante a execução do projeto, várias áreas do hospital foram analisadas, como tempo de espera, taxa de ocupação, tempo médio de internação, exames, quantia de pacientes semanalmente, incidência de pacientes horizontais ou verticais, entre outros.

Dentre os muitos aspectos considerados, foi desenvolvido um mapa de fluxo de valor do Pronto Socorro, chamado VSM. E os resultados foram nítidos. Para os pacientes horizontais, o tempo que agrega valor teve uma redução de 24%. Valor significativo, entretanto, a diferença é notória quando analisado o tempo que não agrega valor, que teve uma redução de 38%. Para os pacientes verticais, essas alterações foram ainda mais chamativas: redução de 22% no tempo que agrega valor, e 54% para o tempo que não agrega valor.

O Daniel Meira, consultor do Projeto Lean, conta que o desafio no HUOP foi grande, principalmente no aspecto de readaptação dos funcionários. “Pra nós, foi surpreendente. Hoje vemos uma redução de 148 metros na trajetória do paciente dentro do hospital, isso significa uma diminuição de 34%”, esclarece Daniel.

Foi notória uma redução de 66% na trajetória a cada transferência, desde a chegada ao Pronto Socorro, até o momento da alta do paciente. O coordenador pedagógico da metodologia Lean no Hospital Sírio-Libanês, Marco Bravo, enaltece a otimização do tempo, eliminação de desperdícios – em todos os aspectos: tempo, material – qualidade e segurança no trabalho, maior satisfação da equipe e dos pacientes.

O indicador de superlotação teve uma redução de 26%, além da diminuição do tempo no hospital tanto para pacientes sem internação, quanto para os com internação. O tempo médio de permanência caiu 5%.

Com isso, conclui-se que após a aplicação das ferramentas Lean, melhorias foram verificadas nos fluxos e processos internos. Como consequência disso, o principal beneficiado foram os pacientes. Para a continuação do projeto, foi criada a Comissão de Eficiência Operacional, que é composta por servidores do HUOP que irão realizar os acompanhamentos e mensalmente relatar os dados.

O diretor geral, Leismann, conclui que “estamos muito felizes com os resultados, com a participação nesse processo. O que eu vejo é que, assim como esse projeto, existem muitas outras metodologias de gestão que podem ser implementadas no hospital, na Universidade como um todo. E que, muitas vezes não são porque não é oportunizado isso. Então num momento de restrições de toda ordem, restrições econômicas e financeiras, precisamos aprender a fazer as coisas bem feitas, usando as metodologias que são comprovadas internacional e nacionalmente, e isso vale tanto pro hospital, tanto pro restante da Instituição”.

Da Assessoria

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