1144 x 150 anu%e2%95%a0%c3%bcncio casa de noti%e2%95%a0%c3%bcciasconstrua pre%e2%95%a0%c3%bcdios no biopark

CIÊNCIA

UNILA desenvolve pesquisas sobre biodiversidade e meio ambiente

Para além da construção do conhecimento, as pesquisas buscam levantar problemáticas, propor alternativas e discutir a importância da conservação ambiental 

08/07/2019 - 12:49


A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) é vizinha de um dos últimos locais de conservação da Mata Atlântica: o Parque Nacional do Iguaçu. Dentro do bioma da Mata Atlântica, o Parque conserva um dos maiores trechos de vegetação original da ecorregião da Floresta do Alto Paraná, hoje reduzida a menos de 5% de sua área original no Brasil. Mesmo com as áreas preservadas reduzidas, a região abriga, conforme dados do ICMBio, mais de 250 espécies de borboletas, 45 mamíferos, 12 serpentes e mais de 200 espécies de aves.

Tornou-se parte da missão de muitos pesquisadores, desenvolver investigações sobre a riqueza da flora e da fauna da região. Devido à proximidade com o Parque Nacional do Iguaçu – assim como com o rio Paraná, do outro lado da cidade –, tornou-se parte da missão de muitos pesquisadores da UNILA desenvolver investigações para conhecer, mais profundamente, a riqueza da flora e da fauna dessa região. Para além da construção do conhecimento, as pesquisas buscam levantar problemáticas, propor alternativas e discutir a importância da conservação ambiental para garantir a qualidade de vida da população do Oeste do Paraná e da Tríplice Fronteira.

Na reportagem de hoje, você vai conhecer cinco projetos da UNILA nas áreas de biodiversidade e meio ambiente.

1 - Herbário Evaldo Buttura abriga coleção científica de plantas da região

Mais de 3 mil espécies de plantas fazem parte do acervo científico do Herbário Evaldo Buttura, mantido pela UNILA. O Herbário abriga coleções de plantas secas com o objetivo de documentar a flora da região e fornecer subsídios para conservação e educação ambiental. O nome é uma homenagem ao engenheiro agrônomo Evaldo Buttura, que realizou o levantamento florístico da região Oeste do Paraná, na década de 1970, antes da construção da Hidroelétrica de Itaipu. “As atividades do Herbário tiveram início em 2015 com a restauração das plantas coletadas pelo Evaldo Buttura. O que tem proporcionado o crescimento da coleção científica são as coletas feitas por disciplinas de graduação e por pesquisas realizadas na Iniciação Científica e nos programas de mestrado, além do projeto de extensão. Também fazemos intercâmbio entre herbários de outras localidades do Brasil”, explica a curadora do Herbário, professora Laura Pires Lima.

O herbário é um laboratório multiusuário aberto a qualquer estudante e professor para fins científicos e tecnológicos. Além disso, com o acervo, são realizadas atividades educativas sobre a importância da conservação da flora local, voltadas para toda a sociedade iguaçuense. O projeto de extensão “Herbário Evaldo Buttura, entre Caminhos e Saberes” já levou exposições itinerantes em escolas, centros comunitários e eventos. “Na exposição, levamos plantas com potencial alimentício, medicinal, tóxico, e também plantas nativas que podem ser utilizadas na restauração de ambientes degradados. O objetivo é evidenciar o quanto as plantas estão presentes no nosso cotidiano”, salienta Laura, que coordena o projeto. 

O acervo possibilita, ainda, o desenvolvimento de várias pesquisas. Uma delas está analisando as angiospermas da microrregião de Foz do Iguaçu, ou seja, as plantas que têm capacidade de produzir flores e frutos. “Apesar dos atrativos turísticos da região em relação à paisagem, não existem publicações científicas sobre a flora, anatomia, fisiologia e fenologia vegetal das angiospermas desta região”, diz Laura.

 

2 – Como os sapos podem ajudar no planejamento urbano e rural de Foz

 

Coordenado pelo professor Michel Varejão Garey, um projeto de pesquisa da UNILA busca avaliar como as mudanças no uso do solo influenciam na biodiversidade de anuros, ou seja, de sapos e rãs, no Oeste do Paraná. Além de serem importantes agentes de controle de pragas agrícolas e vetores de doenças, esses animais são bioindicadores de qualidade ambiental. Por isso, espera-se que a pesquisa possa ajudar no planejamento urbano e rural do município, melhorando a qualidade de vida dos iguaçuenses. “Manter as populações de anfíbios significa ter mais predadores naturais para pragas agrícolas, controle de mosquitos transmissores de doenças e controle de eutrofização (crescimento excessivo de plantas) de corpos d'água”, explica Garey.

Atualmente, a pesquisa envolve dois docentes, três alunos de mestrado e seis estudantes de graduação. O trabalho começa nas poças, lagos e brejos onde são realizadas coletas de girinos, durante o dia, e coleta de anuros adultos à noite. Alguns resultados parciais mostram que, em Foz do Iguaçu, são encontradas 15 espécies de anfíbios, o que representa 40% das espécies conhecidas no extremo Oeste do Paraná.

“Verificamos que a variação na composição das comunidades de anfíbios está associada, principalmente, às características da paisagem. Corpos d'água próximos a áreas de mata possuem uma anurofauna distinta das áreas sem manchas de vegetação. Portanto, nossos resultados ressaltam a importância de criar e conservar as áreas de mata, para a manutenção das comunidades de anuros em ambientes urbanizados”, analisa o docente. Em breve, a equipe irá divulgar os resultados sobre a anurofauna da área rural do município. Em 2019, os pesquisadores também irão começar as amostragens na área do Parque Nacional do Iguaçu.


3 – Planta aquática comum no Lago de Itaipu pode potencializar produção de biogás

 

A planta aquática Hydrilla verticillata, conhecida popularmente apenas como hidrila, não é bem-vista na região do Lago de Itaipu. Nativa da Austrália e da África, essa planta, que se desenvolve predominantemente na superfície da água, adaptou-se ao rio Paraná e pode ser responsável pela morte de peixes e pela destruição da vida aquática selvagem. “A Hydrilla verticillata produz elevadas quantidades de biomassa. Sua presença nos corpos d’água pode alterar a atividade alimentar das espécies de peixes, causar a dificuldade de locomoção de peixes de grande porte e, ainda, a anóxia noturna, pois absorvem oxigênio da água durante a noite”, explica a professora da área de Química Márcia Becker.

Agora, uma pesquisa desenvolvida na UNILA está mostrando que essa mesma planta pode ser utilizada para a produção de biogás, a partir da codigestão com dejetos bovinos. Por enquanto, os testes estão sendo realizados em nível laboratorial. Mas o objetivo final é avaliar se é possível a utilização da hidrila para a produção de biogás em pequenas propriedades agrícolas, próximas ao rio Paraná. Hoje, já há algumas propriedades rurais na região que produzem biogás, a partir de dejetos bovinos e suínos, para utilização diretamente em fogões de casas ou como fonte de aquecimento.

Os primeiros ensaios de avaliação em escala laboratorial mostram que, após 40 dias, a produção de biogás na codigestão de hidrila com dejetos bovinos foi de 1.120 mL. No mesmo período, foi produzido 671 mL por meio da monodigestão (apenas dejeto bovino). “A adição da macrófita como cossubstrato resultou no aumento percentual de mais de 66% de biogás (em volume), do que na digestão de apenas dejeto bovino”, avalia a pesquisadora. O biogás produzido também foi avaliado com um detector portátil de gases, que mostrou a obtenção de aproximadamente 50% de metano na codigestão.

Conforme a professora Márcia Becker, que coordena a pesquisa, há um crescente interesse por estudos sobre a viabilidade de cossubstratos para o gerenciamento de resíduos e a maximização da produção de energia renovável. “A combinação de substratos geralmente otimiza a produção em relação à monodigestão, por melhorar o balanço de nutrientes e promover a diluição de substâncias tóxicas, impactando positivamente na comunidade microbiana e contribuindo para a maior estabilidade do processo”, salienta.


4 – Projeto analisa efeitos dos agrotóxicos na biodiversidade da região

Pesquisadores da UNILA atuam em um projeto que analisa os efeitos de micropoluentes oriundos da aplicação de agrotóxicos na biodiversidade dos riachos do entorno do reservatório de Itaipu. A pesquisa, realizada em parceria com a Itaipu e a Fundação Parque Tecnológico de Itaipu, inclui a margem brasileira e paraguaia do rio Paraná. “Para isso, analisamos três grupos de espécies – algas, macroinvertebrados e peixes – em diferentes níveis da biodiversidade, que vai desde a diversidade genética (efeitos mutagênicos, alteração de tecidos e da diversidade genética das populações), passando pelo nível de espécies (efeitos da riqueza e abundância das espécies), até os níveis de comunidades e ecossistemas (efeitos da alteração da paisagem na diversidade e na percolação dos poluentes)”, conta o professor de Biologia Molecular e Genética Luiz Henrique Garcia Pereira.

As amostragens ocorrem em dois grupos de riachos: em riachos mais preservados ou sem carga de agrotóxicos e também em riachos degradados. O objetivo da pesquisa é estabelecer como a biodiversidade responde à presença do agrotóxico. Com esses dados, pretende-se subsidiar ações de manejo e conservação das espécies e seus ambientes.

5 – Projeto já levantou informações de mais de 100 riachos da região


De forma paralela à pesquisa sobre os efeitos de micropoluentes, o projeto de pesquisa "Macroalgas de riachos do oeste paranaense: abordagens taxonômicas e ecológicas" já levantou informações de mais de 100 riachos da região Oeste do Paraná. “Produzimos um enorme acervo da biodiversidade regional de algas. Esse acervo nos permite conhecer o nosso patrimônio natural, obter dados e ferramentas para contribuir com a conservação dessas espécies, possibilitando os fundamentos para o seu potencial uso humano”, salienta o coordenador do projeto Cleto Kaveski Peres.

O projeto conta com a participação de 16 alunos, entre bolsistas e voluntários de Iniciação Científica e alunos de mestrados e de graduação que estão fazendo trabalhos de conclusão sobre a temática. “Acreditamos que as mais importantes lacunas do conhecimento atual ocorrem na ciência básica, e as instituições públicas têm – e sempre tiveram – protagonismo no seu desenvolvimento. Assim, como projeto de ciência básica, buscamos conhecer e levantar a biodiversidade regional, descrevendo novas espécies, ampliando registros e condições de ocorrência e conhecendo o papel ecológico dessas espécies”, explica.

Fonte: Assessoria de Imprensa