Casa de not%c3%adcias 1144x150

EDUCAÇÃO

Lassalistas lançam campanha pela valorização da vida

A proposta é parte do Projeto Pedagógico do Colégio de formação integral e Intervenção Social previstas na BNCC

18/02/2020 - 18:21


Necessidade extrema de estar conectado, tristeza profunda, impulsos suicidas e violência são temas recorrentes na sociedade contemporânea e as estatísticas mostram que estão mais próximos de nós do que podemos imaginar. Certos de que o conhecimento científico e o bem-estar social caminham juntos, a comunidade lassalista lançou a Campanha: “La Salle pela Valorização da Vida”.

A iniciativa faz parte do Projeto Pedagógico lassalista e nasceu em grupos de Formação Continuada para Professores do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. No Projeto “Quem cuida da mente, cuida da vida”, os professores foram desafiados a assumirem o protagonismo sugerido aos alunos, estudando três temas:  Nomofobia, Depressão e Suicídio e Violência.

O processo de construção de cada tema, seguiu o mesmo caminho metodológico proposto aos estudantes, estruturado em quatro eixos:  Investigação Científica: pesquisa, levantamento de dados, discussões e construção da fundamentação; Processo Criativo: como comunicaremos o conhecimento?; Empreendedorismo: O que faremos de modo inovador? E, Intervenção Social:  esse conhecimento poderá ser útil para os estudantes e à comunidade? De que modo? Como faremos?

A Campanha foi lançada em um grande evento a toda a comunidade educativa, por meio de música, teatro e dados científicos. A ação faz parte da Intervenção Social, prevista na Base Nacional Curricular.

Os professores ocuparam o palco e mostraram com criatividade o conhecimento produzido ao longo do segundo semestre de 2019, e como ele impacta na vida da comunidade. “A Nomofobia é a extrema dependência digital, que elimina o diálogo e a escuta. O isolamento, a ausência da afetividade podem se  traduzir em tristeza profunda e medo, podendo levar à depressão e ao suicídio e à insegurança e às frustações, que culminam com a falta de respeito e  os mais variados tipos de violência entre as pessoas. São temas estudados à luz da ciência e estão presentes nas nossas relações. O papel da Escola é demonstrar, por meio da investigação científica, a realidade que afeta a vida familiar, escolar e social. É promover, com o apoio da comunidade, reflexões e ações, que contribuam para o  maior equilíbrio emocional ao administrar os desejos, as frustrações e  os conflitos,  aos quais somos submetidos diariamente”, alertou a Supervisora Educativa, Eliane Reichel.

O grupo de professores que trabalhou a Nomofobia, além da apresentação criativa da paródia Larga o Celular, mostraram à comunidade o conceito e os sintomas deste transtorno devido à dependência digital, entre eles o sentimento de ansiedade quando se fica muito tempo sem usar o celular; a necessidade de fazer várias pausas no trabalho para utilizar o celular; nunca desligar o aparelho, nem mesmo para dormir; acordar no meio da noite para checar as redes ou outros conteúdos; carregar frequentemente o celular para garantir que tenha sempre bateria; e, ficar muito chateado quando esquece o celular em casa.

Os professores realizaram uma pesquisa entre a comunidade estudantil para identificar possíveis sinais que possam desenvolver este transtorno. Os dados apontaram que 98% dos estudantes estão conectados e o motivo desta conexão em 86% dos casos, está relacionada ao uso de Redes Sociais e ao uso de jogos. Entre os entrevistados, 60% manifestaram algum sintoma relacionado a este uso da tecnologia, entre eles dores de cabeça, nos olhos, nas costas e na nuca.

Há uma exposição excessiva destes jovens às tecnologias 21% usam menos de duas horas diárias, 40% de duas a quatros horas, 23% de quatro a seis horas e 16% mais de seis horas diárias. Considerando que parte do seu dia estão em sala de aula e em outras atividades, tudo indica o uso noturno dos celulares, que altera as reações químicas cerebrais, a qualidade do sono a interação social.

O antídoto à Nomofobia sugerido é ter vários momentos durante o dia em que não se está com o celular e se dê preferência para conversas frente a frente; gastar pelo menos o mesmo tempo, em horas no celular, conversando com alguém; não utilizar o celular nos primeiros 30 minutos após acordar e nos últimos 30 minutos antes de dormir; colocar o celular para carregar numa superfície longe da cama; desligá-lo durante a noite; e, praticar atividades físicas.

O grupo de professores que trabalhou com o tema violência, além de um emocionante teatro, trouxe a reflexão sobre como os aspectos culturais influenciam o comportamento humano e legitimam todos os tipos de violência, econômica, política, institucional, sexual, étnico-cultural, religiosa.

Os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2019, por exemplo, revelam que o assassinato de mulheres cresceu 11,3%, neste período, totalizando 1206 casos. Destes 61% são mulheres negras e 70,7% tinham no máximo o Ensino Fundamental. E em 88,8% dos casos, o assassino era companheiro ou ex-companheiro.

A cada dois minutos há um registro de violência doméstica. Temos 180 casos de estupro, por dia e 81,8% das vítimas da violência sexual são mulheres e 53,8% das vítimas tinham até 13 anos de idade. O Fórum afirma ainda que, quatro meninas, até 13 anos de idade, são estupradas por hora no Brasil.

Para os professores, é preciso olhar para a realidade e juntos construirmos uma cultura de paz. Romper o silêncio e abrir caminho para o diálogo. O respeito à dignidade humana é fundamental para a saúde física, emocional e social.

A experiência vivida pelos professores lassalistas será replicada em todos os níveis escolares. “Esses projetos, com temas tão relevantes, nascem da necessidade da escola proporcionar uma formação que possibilite ao estudante se preparar para o mundo e suas relações. Queremos oportunizar ao educando uma formação que o habilite para a vida”, destacou o Diretor do Colégio La Salle, Ir. e Psicólogo, André Müller.

Sem nome %281144 x 250 px%29