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SAÚDE

MP avalia isolamento social e estrutura de enfrentamento a Pandemia em Toledo

Em entrevista à Casa de Notícias, o Promotor José Roberto Moreira fala sobre Distanciamento Social Seletivo (DSS) e leitos de UTI

10/04/2020 - 11:45
Por Redação


A partir da próxima segunda-feira (13), os municípios e estados do país que não tiveram ultrapassado o percentual de 50% de ocupação dos serviços de saúde, após a pandemia de coronavírus, podem iniciar uma transição para um formato onde apenas alguns grupos ficam em isolamento. A medida é recomendada desde que haja oferta de leitos e respiradores, Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para o trabalho de profissionais de saúde e testes de diagnóstico. Para o Ministério Público do Paraná o isolamento social adotado em Toledo é uma mescla entre o isolamento vertical e horizontal, mas se não for observado as orientações das autoridades, a tendência é reverter a flexibilização. O MP alerta que a falta de UTI atinge também as pessoas que têm Plano de Saúde.

A Casa de Notícias para entender as orientações de isolamento social e a estrutura necessária para o enfrentamento ao Covid-19 conversou com o Promotor de Justiça, Dr. José Roberto Moreira que explicou estas questões, bem como a estrutura de leitos de UTI e Convênios de Saúde.

Em nota a Unimed Costa Oeste informou a estrutura disponível aos conveniados. Acompanhe a seguir a entrevista com o Promotor de Justiça em Saúde, Dr. José Roberto Moreira e na sequência a Nota da Unimed Costa Oeste.

Casa de Notícias - A nossa flexibilização (volta ao trabalho – embora diante de regras conforme o decreto), já não se assemelha ao isolamento de alguns grupos? Ou qual a diferença da flexibilização que foi adotada no município de Toledo?

Dr. José Roberto - Na ótica do Ministério Público, a flexibilização adotada por Toledo e por outros diversos municípios paranaenses é uma mescla entre o isolamento vertical e horizontal. Um meio termo entre os dois modelos. Há recomendação para as pessoas em grupo de risco permanecerem afastadas, isoladas, ao mesmo tempo em que se abriu praticamente todo o comércio. O modelo puro de isolamento vertical prega o retorno à vida normal, com cautelas, com apenas o isolamento de grupos de risco. Já o modelo puro de isolamento horizontal prega o isolamento de todas as pessoas, com a manutenção de abertura de apenas as atividades essenciais. O modelo de Toledo permite o funcionamento de atividades não essenciais, com a imposição de um grupo de regras de segurança, ao mesmo tempo que recomenda a permanência do isolamento das pessoas do grupo de risco.

Casa de Notícias - A regional de saúde de Toledo tem 58 leitos UTI, porém para pandemia está se falando em 26 leitos de UTI para Regional, a decisão sobre o modelo de isolamento social a ser adotado não deveria levar em conta estes leitos e a população a ser atendida e não cada município?

Dr. José Roberto - A Regional de Toledo terá em torno de 56, 58 leitos de UTI, entretanto, apenas 26 para tratamento de pacientes com COVID-19. Desses específicos para COVID-19, 16 estão instalados no Hospital Bom Jesus e outros 10 em Assis Chateaubriand. Na ótica do Ministério Público, quando o assunto é pandemia de COVID-19, deve-se levar em conta tão somente os leitos de UTI's específicos para essa doença, já que os demais não serão utilizados para esse tipo de paciente. Assim, o modelo de isolamento a ser adotado, penso, deve considerar apenas esses leitos de UTI específicos para COVID-19. E aqui, chamo a atenção para o fato de que, na rede privada, segundo tenho notícia, não há leitos para pacientes com tal doença, pelo menos não há leitos isolados, como prega o Ministério da Saúde. Enfim, esses 26 leitos de UTI é para servir toda a população da regional, literalmente toda (sejam pacientes vindos do sistema privado, sejam pacientes vindos do sistema SUS). E isso é preocupante...

Casa de Notícias - O parâmetro do Ministério da Saúde diz que, para a flexibilização do isolamento social depende da ocupação dos leitos, oferta de respiradores, EPI, testes e pessoal técnico capacitado. Estes parâmetros estão sendo levados em consideração para a flexibilização do isolamento em Toledo?

Dr. José Roberto - Acredito que sim, mas não com pureza técnica. A decisão de fechamento do comércio, com a publicação do primeiro Decreto, foi tomada sem qualquer acompanhamento do Ministério Público. Não estive presente nas discussões que houve para a publicação daquele Decreto. Segundo soube, foi a própria ACIT, em reunião com o Município, quem requereu aquele fechamento do comércio, porque, em tese, "todos estavam preocupados". Mesmo tendo sido uma decisão com parco estudo, uma decisão mais instintiva, hoje percebo que foi uma decisão correta, pois, naquela época, Toledo não tinha nenhuma estrutura para atender pacientes com COVID-19. O planejamento estava só começando e nenhuma ação em andamento. Aquela medida serviu para atrasar a disseminação de casos. Por outro lado, quando da decisão de abertura gradual do comércio, com restrições, o cenário já era diferente. A maioria dos serviços já estava em adiantado estado de estruturação, o que permite o recebimento dos primeiros pacientes, algo que já está acontecendo na Regional de Saúde de Toledo. Isso foi considerado, pelo que me lembro, entretanto, um dos dados que mais pesaram na decisão de reabertura do comércio foi a ausência de casos oficiais em Toledo. Acredito que, com o surgimento dos casos e também pela falta de controle do público nas ruas, que gera aglomerações, a tendência é o COE rever novamente sua deliberação e talvez decidir por novo fechamento do comércio, mantendo-se apenas as atividades essenciais.

Casa de Notícias - Hoje o padrão é testar apenas pacientes que são hospitalizados. Considerando que casos suspeitos por contato ou por sintomas leves, registrados como síndromes gripais e acompanhados por telefone, podem vir a ter uma evolução, um agravamento, estes números não deveriam ser levados em conta nesta decisão do modelo de isolamento social?

Dr. José Roberto - A política brasileira é testar somente casos mais graves e não casos leves. Há uma tentativa de justificar essa decisão dizendo-se que não se deve testar casos em que o paciente tem sintomas leves para evitar uma disseminação maior da doença. Entretanto, acredito que essa decisão é motivada por razões orçamentárias. Poder-se-ia testar o maior número possível de pessoas, ao menos as com sintomas, justamente para se conhecer a evolução da doença na comunidade e para se ajustar a política pública de combate à pandemia. Infelizmente isso não será feito, o que pressiona o sistema a tomar decisões intuitivas. E, nesse cenário, considerar o número conhecido de pacientes com sintomas leves é uma variável, embora não a melhor, para decidir-se pelo isolamento ou até a quarentena. Creio que, a partir do momento em que houver um maior número desses casos, o sistema será compelido a endurecer as regras do isolamento, até porque imagina-se que, em tal quadro, também haverá um número maior de casos graves. E, no âmbito local, a capacidade do sistema em atender casos graves já estará próximo ao limite.

Casa de Notícias - O Distanciamento Social Seletivo (DSS) inclui escolas?

Dr. José Roberto - Penso que permitir a abertura de escolas, nesse momento, não é a melhor decisão técnica a ser tomada pelo gestor. O chamado distanciamento social seletivo também permite a estruturação de diversos modelos. Claro, um modelo puro de distanciamento social seletivo permitiria a abertura de escolas, mantendo-se apenas em isolamento pessoas que estão no grupo de risco. Entretanto, a adoção de um modelo desses, em sua forma pura, pode ser imprudente nesse momento. Acredito que o gestor deva adotar, quando for o caso, um modelo mais moderado de distanciamento seletivo, um onde mantenha algumas atividades fechadas, de que é exemplo as escolas.

Casa de Notícias - Alguma outra consideração que o Promotor gostaria de destacar?

Dr. José Roberto - Só gostaria de chamar a atenção para o fato de que, em nossa Regional de Saúde, o sistema privado não está preparado para atender pacientes graves com COVID-19, aqueles que precisarão de UTI. Há poucos leitos de UTI privados e, pelo que sei, nenhum isolado (pronto para receber esse tipo de paciente). Por outro lado, só em Toledo há em torno de 35.000 pessoas que são clientes de planos de saúde. Em Marechal Cândido Rondon mais 25.000. Logo, nesse momento, todos acabarão usando as UTI's COVID-19 SUS. E o critério de entrada no leito será dado pela Central de Regulação. E, havendo o colapso, muitos ficarão "de fora". O problema é que o cliente do plano de saúde, quando comprou o seguro, comprou também esse leito de UTI, para uso quando precisasse. E a operadora de plano de saúde também vendeu esse serviço. E agora talvez alguns clientes não sejam atendidos pelo plano, apesar de terem pagos por tal serviços. E talvez muitos não sejam atendidos também pelo SUS, se o sistema entrar em colapso. Alguns pagam esses planos há décadas. Percebe que estamos prestes a presenciar uma constatação da ineficiência na prestação desses serviços? E, aplicando-se o Código de Defesa do Consumidor, tais operadoras de planos de saúde podem ser responsabilizadas. E a responsabilidade do fornecedor, na falha da prestação do serviço, havendo danos, é objetiva. Triste cenário.

Em nota à Casa de Notícias a Unimed Costa Oeste informou a estrutura disponível aos seus clientes e alegou que no plano de contingência todos os hospitais credenciados na região Oeste do Estado poderão receber os pacientes, caso necessário. Na nota a operadora faz menção ao total de leitos gerais e de UTI disponíveis na rede privada no Estado, mas não detalha, quantos destes leitos de UTI serão destinados ao COVID-19, uma vez que o Ministério da Saúde, preconiza que os leitos sejam exclusivos para o uso da Pandemia, para evitar propagação do vírus a outros pacientes, conforme detalhou o Promotor de Justiça. Leia a nota na integra.

Nota da Unimed Costa Oeste

Toledo, 11 de abril de 2020.

Ações de enfrentamento ao Coronavírus

A Unimed Costa Oeste tem traçado desde o início da pandemia da Covid-19 um plano de ação e contingência, na qual inclui a rede própria e credenciada da cooperativa.

Na estrutura própria, para os atendimentos de casos leves, temos o Núcleo de Atenção à Saúde com médico clínico para atendimento em horário comercial de segunda-feira a sexta-feira.

Para atendimentos de urgência/emergência nosso recurso próprio, Hospital Geral Unimed (HGU), dispõe de Pronto Atendimento organizado para receber os pacientes suspeitos de Coronavírus com fluxo específico conforme o protocolo da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) e Nota Técnica da Anvisa. A triagem é realizada com todos os clientes que procurarem atendimento. Para os casos suspeitos é adotado o isolamento de forma prévia em espaço reservado e com toda estrutura física de paramentação para os profissionais de triagem e que irão prestar o atendimento.

Para os casos clínicos moderados temos uma área específica em isolamento com estrutura e monitoramento qualificado. Já para os casos considerados graves que poderão necessitar de atendimento intensivo, dispomos de ala para estabilização e posterior transferência para a rede credenciada com suporte móvel de Unidade de Terapia Intensiva.

Fluxo

Os clientes serão direcionados primeiramente para os leitos contratados dentro da área de ação da Unimed Costa Oeste, que abrange 16 municípios da região Oeste do Paraná. Em caso de indisponibilidade será realizada a busca da vaga por meio da equipe específica e capacitada. Temos definido no plano de contingência todos os hospitais credenciados na região Oeste do Estado que poderão receber os pacientes, caso necessário.

Ainda, conforme estudo divulgado pela XVI Finance, a rede privada dentro do Estado do Paraná conta com 7.752 leitos gerais e 1043 leitos de UTI. Considerando um cenário em que 10% dos beneficiários fossem infectados, em que a média de internação seja de 14 dias, seriam necessários 1.642 leitos gerais e 548 leitos de UTI.

A Unimed Costa Oeste reforça o compromisso de bem atender aos seus beneficiários, adotando ações de enfrentamento à doença conforme as legislações pertinentes com o objetivo de prestar todo auxílio necessário aos clientes.

Atendimento

Visando preservar a saúde e segurança de seus clientes, a Unimed Costa Oeste disponibiliza um canal de atendimento via telefone para orientações aos beneficiários que apresentarem quadro com sintomas de gripe (tosse, febre, coriza). Tal medida deve ser realizada antes de procurar o atendimento no pronto-socorro do HGU.

O atendimento pelos telefones (45) 3379-7718 e (45) 3379-7719, está disponível de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 18h. Nos demais horários os clientes podem ligar no 0800-41-4554 ou no 0800-642-2009 (exclusivo para deficientes auditivos).

A Unimed Costa Oeste colabora também com as tratativas municipais, somando forças às ações do governo local para a prevenção e atendimento nos possíveis casos e reforça as orientações para que as consultas eletivas sejam adiadas e que a população - principalmente idosos, gestantes, lactantes e doentes crônicos - permaneça em casa.

Unimed Costa Oeste

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