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ESPORTES

Cenário de eSports demonstra potencial financeiro e educacional

Os eSports já garantem até bolsas de estudo em instituições de ensino estadunidenses

23/04/2020 - 21:44


O senso de comunidade e cooperação está presente na natureza desde os primórdios dos tempos. A fauna e a flora de diferentes ecossistemas se coordenaram de tal forma que a Terra acabou desenvolvendo uma diversidade de ambientes e também de animais e de plantas altamente adaptados aos diversos climas que compõem o planeta.

Após o surgimento da vida humana na Terra, era quiçá natural que repetíssemos esse comportamento. Inicialmente nos unindo por meio de grupos nômades, passamos a adotar uma postura mais "enraizada" com o surgimento da agricultura. Dos campos surgiram as tribos, as cidades e eventualmente os países, que hoje são as instituições que demonstram nossa identidade. Isso tudo ocorreu por meio da cooperação por um bem comum: a sobrevivência.

Em tempos atuais, a cooperação, a inclusão e o espírito de equipe se tornam cada vez mais importantes. É uma dicotomia interessante, uma vez que a competição promovida pelos sistemas econômicos nos últimos tempos se faz mais eficiente quando indivíduos se unem para atingir objetivos em comum, cooperando entre si para realizar suas metas. Um grande exemplo disso na própria economia é o grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Tal espírito fica bastante em evidência no mundo dos esportes, tanto os tradicionais quanto os eletrônicos, conhecidos também como eSports. Estes últimos possuem uma vantagem sobre os esportes tradicionais no sentido de que não exigem dos jogadores uma forma física atlética. Além disso, assim como os esportes mais tradicionais, os eSports também permitem a prática do espírito de união necessário para alcançar sucesso em várias fases diferentes da vida.

Do individualismo ao cooperativismo

Os eSports surgem quase em conjunto com os jogos de fliperama que permitiam o registro dos “high scores” nas máquinas de arcade nos Estados Unidos e no resto do mundo. De início, o mundo competitivo girava em torno da habilidade individual do jogador de angariar o maior número de pontos em jogos tradicionais como Pac-Man e Space Invaders – algo que ainda ocorre no caso de jogos como Just Dance, que possui um campeão mundial brasileiro.

Com o surgimento de jogos coletivos que poderiam ser jogados em rede, incluindo pela internet, como Counter-Strike: Global Offensive e o game de batalhas League of Legends, o cenário acabou incluindo a formação de equipes que reunia jogadores com diferentes habilidades e de diversas nacionalidades, etnias e religiões. Juntos, eles buscariam títulos nacionais e internacionais, algo que é realidade até hoje do mundo de eSports.

Dentro das equipes de eSports, muitos dos valores que levam ao sucesso nos esportes tradicionais são talvez mais ainda valiosos do que em suas contrapartes mais antigas. Conhecimento sobre o comportamento cognitivo dos seus parceiros e até mesmo dos seus oponentes leva à escolha das melhores jogadas que colocam o time a caminho da vitória. Além disso, as jogadas coordenadas destes jogos demandam um alto nível de espírito de equipe para que tenham sucesso.

 

Sucesso “Made in Brazil”

No Brasil, um dos melhores exemplos de sucesso na empreitada de esportes eletrônicos é a lendária equipe MiBR, que se encontra ativa desde os primórdios da modalidade Counter-Strike. A equipe foi fundada em 2003 graças ao esforço do empresário carioca Paulo Velloso de realizar o sonho do seu filho, Rafael “pred” Velloso, de formar uma equipe de CS:GO que poderia ser vitoriosa tanto no Brasil quanto no resto do mundo.

A marca MiBR foi desfeita em 2012, mas voltou à ativa em 2016. Desde então, a equipe reúne alguns dos melhores jogadores de Counter-Strike: Global Offensive da história recente, como Gabriel “FalleN” Toledo, Fernando “fer” Alvarenga e Epitácio “TACO” de Melo. O sucesso da MiBR, entretanto, se estende dos campeonatos ao marketing. A equipe é tão bem-sucedida que grandes marcas, como a LG, fabricante de TVs, celulares e eletroeletrônicos de ponta, estampam a sua camisa. Outros parceiros são o site de aposta online Betway Esporte, que também patrocina clubes de futebol mundo afora, e o amplamente conhecido aplicativo de relacionamentos Tinder. A lista de patrocinadores, entretanto, não se limita ao âmbito da tecnologia, uma vez que a companhia de tênis K-Swiss – que possui um produto voltado para eSports estampando a marca MiBR – e a empresa de luvas de proteção Ironclad também apoiam a equipe brasileira.

eSports entram no meio educacional

O cenário de eSports deu seus primeiros passos dentro do amadorismo, mas tem transicionado a largos passos rumo ao profissionalismo graças ao desenvolvimento da indústria, que leva à criação de marcas diversas, como a fabricante de jogos para celular Black Shark Tech. Mas os avanços do mundo de esportes eletrônicos não param por aí, uma vez que também tem feito incursões dentro do âmbito educacional graças às equipes universitárias que estão pipocado por todo o mundo.

No Brasil, algumas delas já têm disputado campeonatos a nível semiprofissional. Dois dos destaques são a Minerva eSports, formada por alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e a Falkol Storm, que representa a Universidade Federal do ABC Paulista. No ano passado as duas se enfrentaram na final de League of Legends do Brasil College League, com a Minerva se saindo campeã com vitória por 2 a 1 na disputa em uma melhor de três.

Os eSports garantem também bolsas de estudo em instituições de ensino estadunidenses. Alguns brasileiros que se destacam no LoL hoje são alunos de universidades como a Missouri Valley College, no meio-oeste dos Estados Unidos, e ganham incentivo financeiro para se dedicar ao jogo sempre que possível para levar o nome da universidade a novos patamares. Logo, tais atletas conseguem obter uma formação em termos de espírito de equipe, união e inclusão antes mesmo de entrar no mundo profissional.

Sendo assim, não leve um susto quando os eSports começarem a rivalizar espaço com os esportes tradicionais na programação de canais esportivos. As gerações mais recentes têm tido cada vez mais identificação e contato com esse novo meio competitivo e na vida, como diria o filósofo grego Heráclito, “nada é permanente, exceto a mudança”.

 

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