Outro dia, no início da tarde, num espaço de tempo muito curto, a piscina encheu de libélulas e outros pequenos insetos, todos mortos!
Outro dia, por volta das 5h da manhã acordei com o barulho daquela pequena máquina, nas costas de um humano que disparava veneno na minha rua, para mantar o mosquito da dengue!
Ainda, outro dia, tínhamos a camionete do fumacê nas ruas da nossa cidade, do meu bairro, aplicando o veneno para matar o mosquito da dengue!
O primeiro descrito científico sobre o mosquito da dengue foi em 1762, segundo a Fiocruz. Então se estavam aí desde este período o que aconteceu, que sua existência passou a ser risco de morte, no início do século XX?
Desta forma, o desmatamento, queimadas, desordenamento da vegetação natural, do ponto de vista da diversidade e habitat, trarão para a cidade mosquitos e doenças, que só são um perigo à nossa vida, por conta da nossa própria ação.
O mesmo estudo da WWF-Brasil estima uma provável expansão do mosquito Aedes aegypti – transmissor da dengue, da febre chikungunya e do vírus Zika – para o Sul do país até 2050.
E isso nos faz pensar...
Rompemos com o ambiente, acreditamos que não erámos parte, mas o dominador e, desordenamos a ordem natural de sucessão e colaboração da natureza. Inventamos outra lógica de produção, trocamos alimentos por comodities. Desmatamos, invadimos a floresta, queimamos, impusemos um desequilíbrio das espécies e como prêmio da nossa supremacia conquistamos o aquecimento global, o desequilíbrio ambiental, a quebra das cadeias, doenças, pandemias, epidemias....
Mas como dominador encontramos soluções que ignoram o ecossistema e, mais uma vez agimos contra a natureza. Mais veneno, mais desequilíbrio, mais calor, mais seca, mais enchentes, mais doenças...
O verão não chegou, o veneno para acabar com a dengue já está no ar e a vida de muitas espécies no chão. Não conseguimos olhar para nosso próprio quintal. Elegemos às árvores como inimigas em nome de um padrão de limpeza tóxico. Folhas, flores, sementes e frutos viraram sujeira! Mas, por outro lado, não olhamos para o foco de dengue no próprio quintal e, transferimos a responsabilidade para a autoridade sanitária para destruir o mosquito com o veneno, porque não somos capazes de destruir a nossa indiferença e nos reconectar com aquilo que somos parte, nem melhor, nem pior, apenas parte!
Ideologizamos questões ambientais, saúde, ciência... e nos perdemos! Nem mesmo, quase um ano de pandemia, foi suficiente para repensarmos o nosso papel nesse mundo. Perdemos tempo com coisas que não fazem mais sentido, pois a desconexão nos fala da nossa existência enquanto ambiente, enquanto humanos!
Defendemos bandeiras, cores e verdades absolutas, e somos incapazes de pensar que nossa casa comum chora. É o nosso corpo maior que está doente e, consequentemente, o corpo que nos foi emprestado para fazer esta viagem por aqui, também!
Não sou pessimista, tenho esperança! Precisamos nos reeducar para a escuta do outro, do ambiente e de nós mesmos. Nossa existência só faz sentido, num plano de conexões com o próprio amor, alguns chamam de Deus. Você denomine como quiser, desde que suas escolhas se sustem nesta própria existência de amor, porque certamente, estaremos na mesma conexão.
Sugiro que assistam ao documentário na Netflix chamado Solo Fértil, um bom começo para entendermos a urgência da nossa conexão, o nosso resgate, como criatura pertencente ao ecossistema, e como membro dele, precisamos trabalhar de forma colaborativa a ele.
Quando nossas ações forem colaborativas, talvez, entenderemos o que é o novo normal que tanto se fala. Aí vamos fazer escolhas entre nos conectar e experimentar o potencial de abundância do ecossistema em equilíbrio ou nos tornarmos prisioneiros do medo, do calor, das incertezas e desta e outras pandemias que poderão nos alcançar.
Raios de luz, sabedoria e amor a você.