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SAÚDE

“Cloroquina e ivermectina: fantasia ou realidade?

A segunda edição do Divulga Ciência AE será dia 16 de março com transmissão pelo canal do YouTube da Agência Escola
15/03/2021 - 14:44
Por Assessoria


Para discutir o assunto e dialogar com a sociedade, a Agência Escola de Comunicação Pública UFPR promove a segunda edição do Divulga Ciência AE, dessa vez com o tema “Cloroquina e ivermectina: fantasia ou realidade?”. O evento online gratuito com transmissão pelo canal do YouTube da Agência Escola (AE) contará com a abertura de Regiane Ribeiro, coordenadora da AE, e a participação dos pesquisadores Andréa Emilia Marques Stinghen, Marcelo Beltrão Molento e Fellype de Carvalho Barreto, com mediação de Edneia Cavalieri.Andréa é professora na UFPR nos cursos de Farmácia e Biomedicina (Departamento de Patologia Básica), além de pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Microbiologia, Parasitologia e Patologia. Junto ao professor Fellype, do curso de Medicina da UFPR (Departamento de Clínica Médica), orientou o trabalho de doutorado de Paulo Cézar Gregório, que estudou os efeitos da cloroquina em células endoteliais, presentes em todos os vasos sanguíneos do corpo humano.

A pesquisa que começou em 2016, muito antes da pandemia e da discussão atual acerca da cloroquina, concluiu que o medicamento causa danos e efeitos tóxicos nas células endoteliais. Andréa destaca que o evento é uma oportunidade de discutir o medicamento não pelo viés ideológico, mas sim pelo olhar da ciência. “Nós estamos trabalhando com a cloroquina desde 2016 e isso já comprova que a pesquisa não tem um viés político especulativo. A gente quer dar uma luz para a discussão com um trabalho focado na ciência e dar um respaldo científico para o uso correto da medicação”, explica. 

É habitual a pesquisa com medicamentos já existentes para descobrir potenciais efeitos contra outras doenças além daquelas que a droga já tem eficácia comprovada. Originalmente, o trabalho de doutorado do Paulo é sobre a Doença de Fabry e a cloroquina foi utilizada para inibir a enzima que reproduz o efeito celular semelhante ao que ocorre nos pacientes com a doença. “Com isso a gente observou os efeitos tóxicos na disfunção celular ou do mau funcionamento do endotélio. Em virtude da discussão acerca do medicamento, resolvemos desmembrar esse assunto do trabalho maior sobre a Doença de Fabry e fizemos a publicação do artigo à parte voltado para os efeitos tóxicos da cloroquina”, complementa Fellype, coorientador do trabalho.

Estudos sobre ivermectina há mais de 25 anos


A ivermectina foi outro medicamento incluído como tratamento para a Covid-19 e que ainda circula em fake news como uma droga eficaz contra o coronavírus. Marcelo Beltrão é professor do curso de Veterinária (Departamento de Medicina Veterinária) e trabalha desde o seu doutorado, há mais de 25 anos, com o medicamento. A trajetória de Marcelo consiste em um trabalho farmacológico com a ivermectina para melhoria de condições de saúde, tanto dos animais quanto dos seres humanos.

O medicamento é um antiparasitário versátil, utilizado para várias situações. “Estudo bastante o uso da ivermectina em países africanos, porque lá eles usam nas pessoas para causas parasitárias. Ela atua em um amplo espectro que vai desde sarna, piolho, parasitas gastrointestinais até larvas de parasitos na corrente sanguínea”, explica Marcelo. 

A ivermectina entrou no hall dos medicamentos, segundo Marcelo, porque existem mais 100 patentes da droga como antiviral. Esse é um dos assuntos que o médico veterinário vai abordar no evento, porque o registro de patente não quer dizer que a eficácia do medicamento foi testada em organismos vivos. “Acontece que nenhuma dessas patentes virou um produto comercial, nenhuma delas foi além dos estudos in vitro, que é o teste da célula com o vírus e o medicamento em gelatina, na placa de Petri. Nunca foi feito um estudo detalhado com pessoas e animais para que a ivermectina virasse um produto antiviral e tivesse sua eficácia comprovada para esse uso”, complementa Marcelo.

Disputa de narrativas na pandemia


Os pesquisadores destacam o problema de comunicação gerado pela disputa de narrativas durante a pandemia. Acaba que as pessoas procuram nesses medicamentos uma esperança para enfrentar esse momento difícil, mas podem acabar prejudicando a saúde. “Ao mesmo tempo que a pessoa utiliza os remédios pensando que vai ter a cura, não dá nem para recriminar, porque ela tem o medo e a incerteza de não ter nada e procura algo para depositar esperança. Isso acaba gerando uma falsa sensação de segurança e o que nós estamos vendo agora são relatos de pessoas que fizeram o uso da cloroquina e da ivermectina com hepatite medicamentosa”, diz Andréa.

Andréa e Fellype destacam eventos como o Divulga Ciência AE para o combate à desinformação. “A gente quer levar a informação qualificada de uma forma acessível e de uma forma compreensível para a população”, relata Andréa. “A melhor forma de combater a desinformação é informando corretamente a partir de órgãos com credibilidade, como a Universidade no nosso caso. É ela que nos apoia para levar de uma forma clara e objetiva informação para ajudar a amenizar a pandemia. Se não tivermos esse comportamento, situações como essa do sistema de saúde saturado vão continuar se perpetuando”, conclui Fellype.

A coordenadora da Agência Escola UFPR, Regiane Ribeiro, professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação, reforça o papel da divulgação científica para o acesso ao conhecimento produzido na UFPR. “O Divulga Ciência AE é mais uma ação para levar os estudos dos pesquisadores da Universidade à sociedade, democratizando o acesso ao conhecimento científico e abrindo canais de comunicação”. Isso foi só uma pitada do que os pesquisadores vão abordar no evento.

Ficou curioso? Saiba mais sobre a programação neste link.




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