Atraídas pelas oportunidades do mercado brasileiro e também pelos benefícios do Biopark, empresas internacionais têm desembarcado no país. Duas delas são a SIMA Robot e a Kimen Games, ambas chilenas e atuantes no mercado educacional – as chamadas Edtechs. Segundo a Associação Brasileira de Startups, 17,3% das startups brasileiras atuam nesse segmento.
A Kimen Games usa a aprendizagem baseada em Jogos (gamificação), para estimular o desenvolvimento de habilidades do século XXI através da simulação de projetos. Depois de anos de estudo e pesquisa, a primeira versão comercial do produto foi lançada em 2020 e agora a solução da empresa já está em 30 universidades ou Institutos, tendo cerca de 4 mil usuários no Chile, Colômbia, Guatemala, Peru, Equador, Espanha e agora no Brasil.
Com sua solução, a Kimen se propõe a treinar os principais circuitos cerebrais responsáveis pelas emoções e funções executivas, que podem ser consideradas como um conjunto de habilidades e competências necessárias para que uma pessoa execute tarefas do dia a dia. Como resultado está o desenvolvimento de funções socioemocionais como o sentido de propósito, a flexibilidade cognitiva, o pensamento crítico e reflexivo, a resolução de problemas, o gerenciamento de riscos, tomada de decisões, empatia, resiliência e a resolução de conflitos.
De acordo com Jaime Orellana Rebolledo, especialista em gestão de projetos e fundador da empresa, o mercado brasileiro sempre foi visto como muito promissor, mas o apoio do Biopark foi fundamental para a decisão de vinda. “Decidimos vir ao Brasil porque temos as instalações e o apoio do Biopark. Teríamos ido ao México por causa da facilidade do idioma, da cultura, mas o apoio que o Biopark oferece foi decisivo. Sem esse apoio, teríamos que pagar por serviços de contabilidade, jurídico, fiscal, entre outros. Aqui, no momento o único investimento que fizemos foi na viagem de vinda”, explica Jaime que fundou a empresa ao lado da esposa Marcela.
Hoje a empresa conta com uma equipe de dez pessoas, sendo duas atuando exclusivamente no Brasil. Já instalada no Biopark, a Kimen está com um projeto piloto testando sua solução no Programa do Zero ao Um, que ensina programação para alunos com uma faixa etária de 14 a 18 anos e é uma parceria entre Biopark e Instituto Federal do Paraná (IFPR) Campus Assis Chateaubriand.
Outro objetivo no Brasil é trabalhar com adolescentes em escolas, para que desenvolvam competências de gestão e socioemocionais. “O principal objetivo que temos como Kimen para as escolas é que possamos conectar os estudantes à vida real, criando competências socioemocionais. A nossa ideia é prepará-los para poderem enfrentar a vida por conta própria”, frisa Cristian Guerrero, que atua na área comercial no Brasil. A empresa está com negociações avançadas para aplicar a sua solução em um colégio da Região.
A startup SIMA Robot é responsável pelo primeiro robô sócio-educacional da América Latina. Destaque entre as 100 melhores startups educacionais da América Latina, a empresa ingressou no Biopark com foco em soluções para o ensino infantil. Usando inteligência artificial, o SIMA Robot tem uma interface humanoide e quando acoplado a um smartphone, interage e se comunica com humanos, seguindo padrões sociais de comportamento, como voz, emoção, gestos e expressão corporal, tornando-se um companheiro para o aprendizado infantil.
“Vimos que os robôs geravam motivação e excitação nas crianças, o que era muito importante. Mas, para que toda esta tecnologia seja um instrumento educativo, tem que ser acompanhada por uma estratégia”, explica Felipe Araya, engenheiro que criou a empresa com a esposa Virginia Dias, educadora especialista em psicologia. Com a formação de uma equipe pedagógica eles desenvolveram não só um equipamento, mas também o conteúdo educacional.
Os primeiros protótipos tiveram início em 2016 e hoje a solução da SIMA é comercializada diretamente em escolas e instituições educativas e permite que os próprios professores programem conteúdos relativos à rotina dos alunos. O robô pode ser usado para ensinar letras, números, cores e emoções para crianças em idade pré-escolar. Mas também pode ser personalizado pelos professores com seu próprio conteúdo por meio de uma plataforma fácil de usar.
Hoje a empresa está presente no Chile, Colômbia, Argentina e Estados Unidos, somando um total de cerca de 50 escolas e 3 mil estudantes atendidos. “Por meio dessa tecnologia de robótica social, queremos que crianças do mundo possam ter um parceiro de aprendizagem que as guie e motive independentemente da sua condição. Isto é muito importante porque nem todas as crianças do mundo, especialmente na América Latina, têm o mesmo acesso a uma educação de qualidade”, acrescenta Felipe.
A SIMA vê o mercado brasileiro como um espaço amplo. “Acreditamos que existe uma oportunidade gigantesca e com o auxílio do Biopark queremos encontrar a adaptação necessária para testar o projeto, e também estudar a fabricação do Sima Robot no Brasil em parceria com Fab Labs”, diz o fundador da empresa.