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Demanda por produtos agroecológicos é maior que produção

A classe média brasileira cresce e com ela o consumo. Um padrão mais exigente para todos os produtos, e não é diferente com o setor de alimentos. A produção agroecológica cresce em média 20% ao ano, mas ainda assim está aquém da demanda. As razões são diversas, desde a falta de políticas públicas de incentivo ao produtor, apoio técnico permanente, acesso a tecnologias, dificuldades na certificação e por consequência, a dificuldade de comercialização.

12/08/2011 - 21:51


Estes e outros temas foram o foco do debate no I Seminário sobre Alimentos Orgânicos de Toledo realizado, nesta sexta-feira (12), no Centro Cultural Ondy Niederauer. As questões foram objetos de estudo, desde 2009, do Centro Mesorregional de Difusão Tecnológica do Oeste do Paraná (CEMDITEC), conduzido pelo Instituo Água Viva em parceria com Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura (GEMAq), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo, e demais entidades.

Participaram do evento produtores, estudantes, pesquisadores, empresários, órgãos de apoio técnico e autoridades políticas, que referendaram os resultados da pesquisa do CEMDITEC apresentando o ponto de vista de cada setor.

O secretário municipal de Agropecuária e Abastecimento, Eloir Pape avaliou que pelo tempo em que se discute a produção agroecológica esperava-se que o setor estivesse mais desenvolvido. “Observamos que se lançássemos algum programa específico para o setor ficaríamos sem sustentação”. O secretário, no entanto, elogiou a pesquisa desenvolvida pelo CEMDITEC. “O lançamento do livro e uma cartilha sobre ração orgânica é fantástico. Tenho 40 anos de formado e é a primeira fez que vejo uma Instituição lançando uma publicação com bases lá no campo. É este tipo de trabalho que precisamos”.

O deputado estadual Elton Welter (PT) destacou que os avanços ocorrem, mas é preciso persistir. “Precisamos criar políticas públicas de estado permanentes, pois por consequência vamos organizar a assistência técnica e rural, vamos organizar o crédito para fomentar as atividades e ainda faremos com que os agricultores se organizem muito mais”.

Welter enfatizou a importância dos gestores estaduais e municipais planejarem o setor antecipadamente. “É preciso que os gestores tenham a sensibilidade de focar já nos orçamentos a programação de ações concretas para as atividades de alimentos orgânicos”. Elton Welter é autor da Lei da Merenda Escolar Orgânica, que aguarda regulamentação.

Luiz Possamai, da União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), destacou os avanços nas políticas públicas. “Até oito a nove anos era possível financiar apenas soja e milho, mas felizmente já começamos mudar esta história. Hoje é possível financiar o produtor orgânico, inclusive com seguro”.

A representante da Emater Toledo, Claudete Frasson alerta que a demanda por produtos orgânicos existe, mas faltam produtores. “Num universo de três mil produtores, em Toledo, não conseguimos lotar uma fileira deste auditório com produtores orgânicos. Precisamos ter uma produção agroecológica não só com sustentabilidade ambiental, mas também com sustentabilidade econômica. Este produtor precisa ter um retorno financeiro e este é o desafio de todos nós que estamos aqui”.

O presidente da Cooperativa de Agricultores Familiares de Toledo (Coofatol), Delvo Baldin, acredita que a organização dos produtores contribuiu com a viabilização da produção orgânica. “Nós temos associados que conquistaram a certificação e estão fornecendo produtos orgânicos para a merenda escolar”. Baldin lembra que no ponto vendas da Cooperativa que será inaugurada, nos próximos dias, terá uma gôndola específica para produtos orgânicos.

O empresário do setor supermercadista, Beto Lunitti destacou que a Associação Paranaense de Supermercados (APRAS) está atenta ao desenvolvimento do setor e relata que na convenção anual, a APRAS tem dedicado um espaço para expor e discutir os produtos orgânicos. “Sabemos que o consumidor quer os produtos orgânicos, mas também é verdade que a produção não atende a demanda. Nós supermercadistas precisamos melhorar as informações e exposição dos produtos, pois o mercado é promissor. Diante desta realidade o nosso setor não se furta em abrir espaço para estes produtos. Somos um dos elos entre eles e consumidores e queremos ser parceiros na viabilização da produção orgânica na região”.

Acompanhe este e outros depoimentos na vídeo reportagem.

Por Selma Becker

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