Casa de not%c3%adcias 1144x150

Síndrome de Ruetsap

A Universidade tem como um de seus pressupostos a geração do conhecimento e a disseminação e divulgação destes conhecimentos. A pesquisa básica, no sentido de compreender a natureza e seus fenômenos, é resultado de um trabalho dedicado, organizado e com metas estabelecidas, executado por profissionais qualificados. A pesquisa aplicada tem objetivos mais específicos voltados a uma aplicação mais imediata. Já o Desenvolvimento é o uso sistemático do conhecimento, adquirido na pesquisa básica ou aplicada dirigido a um objetivo. Inovação resulta da incorporação de novos conhecimentos principalmente à atividade produtiva.

15/08/2011 - 11:58


Contudo, muitas vezes, a Academia tem horror às palavras utilidade, praticidade, aplicabilidade, quando relacionadas à pesquisa. A inovação necessita de liberdade, criatividade e flexibilidade de ação, com responsabilidade. Muitas vezes há um “abismo” entre a Universidade e a sociedade. É a síndrome de Ruetsap. O termo origina de uma ampliação do quadrante de Pasteur inicialmente relatado no livro de Donald Stokes [1]. Neste livro, o autor classificou as pesquisas em três categorias interpenetrantes visando: a) o avanço científico (quadrante de Niels Bohr – avanço da ciência pela ciência/curiosidade), b) a aplicação prática (quadrante de Thomas Edison - investigação para a invenção prática/uso) e o avanço científico almejando aplicação (quadrante de Louis Pasteur – coexistência das duas outras vertentes/necessidades sociais). Houve um cuidado em não abordar um quadrante chamado de Ruetsap, o das pseudociências ou das aplicações apenas formais com aplicação ilusória (baseada na necessidade individual e desconectada da realidade). A síndrome Ruetsap envolve pesquisas inúteis travestidas de grandes avanços científicos, tecnológicos e sociais, fruto do despreparo da Academia em enfrentar o desafio de atender aos anseios da sociedade e comunicar-se efetivamente com a população. O setor produtivo e a sociedade em geral anseiam por novos processos inovadores que resolvam os problemas atuais avançando tecnologicamente, com responsabilidade ambiental e humana. É o princípio da sustentabilidade: suprir as necessidades do presente sem comprometer a habilidade de gerações futuras em atender às suas próprias necessidades. Em entrevista à revista eletrônica ComCiência [2], o químico Fernando Galembeck esclarece – Comciência: Como o senhor acha que poderiam ocorrer, de forma mais efetiva, as parcerias entre o meio acadêmico e o setor produtivo? Galembeck – É simples: basta colocar pessoas de boa vontade e poder de decisão em contato, definir objetivos convergentes, cultivar o respeito mútuo e fazer um esforço para compreender o contexto do outro, seus interesses, possibilidades e limitações. Querer construir parcerias alimentadas apenas pelo talão de cheques, como pretendem algumas políticas públicas, é contraproducente.
[1] STOKES, D. O quadrante de Pasteur. A ciência Básica e a inovação tecnológica. Tradução de José Emilio Maiorino. Campinas: Editora da Unicamp, 2005.
[2] ComCiência. Revista eletrônica de Jornalismo científico, nº 130, julho de 2011. Disponível em www.comciencia.br

Sem nome %281144 x 250 px%29