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Política pública existe, mas hoje não é eficaz, afirma palestrante

O uso ou tráfico de drogas não é somente problema do usuário, e sim, da sociedade. Uma pessoa se torna vítima quando outra a furta para comprar droga; quando perde um ente querido por ele dever para traficante ou quando o seu familiar é um usuário. São vários os motivos do que a droga pode causar as pessoas. As questões são: O que sociedade está fazendo para combater este mal? Há políticas públicas sendo desenvolvidas no Município de Toledo? Alguns profissionais afirmam existir a política, porém na teoria. Outros acreditam que não há.  Questões como estas foram debatidas no Seminário de Promoção da Saúde e Prevenção ao uso indevido de drogas.

22/08/2011 - 18:26


Residente em Toledo há três anos, o pastor da Igreja Batista Pioneira de Toledo, Jarbas Aragão, é uma pessoa preocupada com as conseqüências de uso e tráfico de entorpecentes, ou seja, a droga. Como voluntário da cadeia pública municipal e do CENSE, ele disse que muitas vezes ao questionar os motivos porque o acusado está naquele local, na maioria das respostas, há o envolvimento com a droga. Aragão citou que o promotor, Giovani Ferri, informou que aproximadamente 90% dos crimes, sejam furtos, homicídios ou latrocínios, o principal motivo é o uso ou comercialização da droga. De acordo com as estatísticas da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), aproximadamente 75% dos crimes cometidos são em virtude do uso ou venda de entorpecentes. “Os registros policiais mostram que tem aumentado o número de apreensões de drogas. Sendo assim, quanto mais droga é apreendida pode significar que há o aumento de seu consumo. Não temos como dimensionar, mas estimamos que se conseguíssemos minimizar a entrada dos jovens no mundo das drogas daqui a cinco ou dez anos teríamos um quadro social completamente diferente”.

Ele salientou que o Município de Toledo por fazer parte da região de Fronteira é um corredor para o tráfico de drogas, no qual muitas pessoas de São Paulo e outros Estados passam pela cidade. “O Governador do Paraná, Beto Richa, lançou o Plano de Segurança Pública e ele afirmou que uma das questões mais preocupantes é o entorpecente nas regiões de Fronteira. Nós fazemos parte desta região, ou seja, se o Governador reconhece que esta área esta abandonada é uma comprovação que não há políticas públicas efetivas”. Aragão ainda completou que a Polícia Militar do Município tem realizado um bom trabalho com o PROERD, porém ele atinge simplesmente uma faixa etária e a problemática está quando este jovem completa 14 anos. “Não há um debate ou movimento organizado e nos sentimos desafiados a fazer algo e procuramos apoio na cidade e estamos conseguindo desenvolver mesmo que seja a passos lentos”.

Concurso

Buscando realizar uma ação para alunos dos Ensinos: Fundamental e Médio, o Conselho Municipal Sobre Drogas (COMAD - Toledo) e o Núcleo Regional de Educação (NRE) de Toledo, estão promovendo um concurso de redação para estas faixas etárias. Podem participar os estudantes da Rede Estadual e da Rede Privada de ensino, em três categorias: história em quadrinhos, para alunos das 5as e 6as séries; carta para alunos das 7as e 8as séries; e artigo de opinião, para alunos do Ensino Médio. O tema do Concurso é “Não Jogue Sua Vida no Lixo: Toledo tá de Boa”. Nesta segunda-feira (22), os professores participaram de um curso de capacitação e motivação, com certificação de 8h, para trabalhar a temática das drogas com seus alunos. A programação segue até esta quarta-feira (24).

A técnica em língua portuguesa do NRE de Toledo, Sandra Nogueira, explicou que o objetivo da capacitação é debate e refleti a temática, pois no cotidiano percebe-se que há certa resistência dos professores em discutir este assunto nas escolas. “Às vezes, o professor não consegue lidar com o aluno que demonstra um comportamento diferente e, principalmente, não consegue entender que aquilo pode ter referência ao mundo das drogas. A capacitação visa sensibilizar os professores para que olhem para os seus alunos de uma maneira diferenciada e percebam naquele momento o que eles estão sentindo e possam fazer os encaminhamentos corretos”. Sandra enfatizou que a capacitação também tem como finalidade incentivar com que os professores discutam este assunto em sala de aula, pois a produção dos textos da redação estão vinculados a depoimentos de familiares e usuários, os quais devem ser ouvidos pelos alunos e debatidos em sala e, na sequência, elaborar a produção.

Primeiro Encontro

Na segunda-feira, os professores participaram de uma palestra proferida pelo coordenador CAPS AD – Rede de Atenção aos Usuários, Caio Vinícius Martins. Ele falou sobre o funcionamento da rede em Toledo. No Município, as atividades são realizadas há dois anos, sendo que no Brasil já acontecem há seis. “Também comentei sobre a responsabilidade compartilhada. É um problema do usuário? Da família? Quem é culpado ou responsável? Devemos compartilhar as responsabilidades. Todos devem contribuir para conseguir contornar o problema e a família precisa ter este apoio. No CAPS AD realizamos um trabalho com os familiares, pois eles também sofrem nesta dinâmica”.

Políticas Públicas

De acordo com o coordenador do CAPS AD, há boas políticas públicas na área da saúde e da assistência social. No entanto, em sua opinião, o maior problema é começar a fazer estas políticas funcionarem. “As ideias são interessantes, mas não são colocadas em prática para analisarmos se são suficientes. Sem a prática fica difícil pensarmos em algo melhor”.

O pastor da Igreja Batista da Vila Pioneira, Jarbas Aragão, relatou que trabalhou em parceria com o Conselho Anti-Drogas e foi membro do Conselho da Assistência Social e a sua leitura é que não há políticas públicas efetivas no Município. Ele ainda afirmou que existem Leis - Federal e Estadual – porém elas, na maioria das vezes, não são aplicadas em Toledo. “Conseguimos com que uma Lei fosse criada estabelecendo a Semana Municipal de Combate a Droga. Assim, trazemos a responsabilidade para nós e não ficamos achando que lá em Brasília alguém deve resolver um problema nosso”. Aragão ainda complementou “a nossa grande preocupação não é esperar que alguém faça por nós, mas que nós possamos fazer algo. Afinal tenho filhos, os meus filhos estão expostos. Entendo que a política pública possa existir, mas hoje ela não é eficaz. De muitas maneiras há falhas e lacunas e nós como pessoas de bem e preocupadas precisamos fazer a nossa parte”.

Apoio

O pastor comentou que empresários ou entidades de Toledo poderiam estar apoiando este tipo de evento ou campanhas. Muitas vezes, alguns empresários estão preocupados com algum tipo de retorno, no entanto, o objetivo do Grupo não é gerar retorno para uma pessoa, partido político ou Igreja, mas sim, buscar auxílio para minimizar as consequências que o uso indevido de drogas tem causado a cidade. “Muitas vezes, você vai solicitar um auxilio ou patrocínio as pessoas vêem o retorno de imagem e esquecem que é um bom marketing ter uma responsabilidade social. Empresas do mundo têm esta preocupação com a responsabilidade social e em nossa região não temos esta força ainda”.

 

 

 

 

Texto Graciela Souza

 

Reportagem Selma Becker

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