Como Professora e guardiã da História, avaliei a destruição arbitrária, maldosa, realizada na calada da noite de segunda-feira, chuvosa e fria, do dia 22 de agosto, da gruta de Nossa Senhora de Lurdes, no Seminário Verbo Divino, situado na Vila Becker aqui de Toledo. Além de desrespeitar a liberdade e a fé religiosa das pessoas do município, significou também a continuidade da desvalorização e o descaso com o patrimônio histórico e cultural de nossa cidade.
Aliás, essa prática vem de longe. Quando aqui cheguei, em 1975, já encontrei destruída completamente a Catedral Cristo Rei, com a desculpa de que o teto estava desabando e que, logo, logo, tudo cairia sobre os fiéis.
Mais recentemente, não fosse uma grande mobilização social, por pouco a Praça Willy Barth estaria destruída.
Se fizermos um balanço de tudo que já foi destruído em Toledo, ao longo do tempo, inclusive a arborização, sobra pouco do que tínhamos para mostrar aos nossos netos (as), bisnetos (as), como construímos nossa História. Lembremos do Colégio Olivo Beal – no mais completo abandono; da Concha Acústica Bonifácio Dewes; o Centro de Eventos localizado no Clube de Caça e Pesca – também abandonado, sem nenhuma serventia; tudo construído com o precioso dinheiro público.
Sendo assim, só nos resta dizer que vivemos o sistema econômico imposto, que coisifica e aliena as pessoas, a História e a cultura de um povo, portanto, são insignificantes. Precisamos reescrever uma nova História para Toledo.
Toledo, 25 de agosto de 2011
Joana Darc Faria de Souza e Silva é Professora de História, Pós-Graduada em Cultura, Artes, História Afro-Brasileira e Indígena.