A sede do Centro Municipal de Controle e Endemias recebeu, na tarde desta terça-feira (12), a terceira reunião do Comitê Municipal Intersetorial de Combate à Dengue, Chikungunya e Zika Vírus de Toledo. Em pauta, a avaliação das ações empregadas no combate ao Aedes aegypti e o pedido aos integrantes do grupo de trabalho por sugestões que possam atenuar os efeitos da epidemia de dengue, doença que já fez três vítimas fatais no atual ano epidemiológico (iniciado em agosto de 2023) – e há ainda cinco óbitos de pacientes com sintomas da doença em investigação.
O encontro teve início com a apresentação de dados relativos à dengue no Estado, que já registrou, até o momento, 37 óbitos causados pela doença, número que já supera os de 2019, considerada, até agora, a pior epidemia de dengue da história do Paraná. “Embora a maioria das vítimas sejam pessoas idosas e/ou com comorbidade, há também casos de pessoas mais jovens e sem comorbidades que estão perdendo a vida para a dengue. Portanto, não podemos subestimar esta doença e preveni-la ao máximo”, destaca a secretária de Saúde e presidente do comitê, Gabriela Kucharski.
Pronto-atendimento
Apesar de o problema estar presente com maior ou menor intensidade em municípios vizinhos, Toledo tem empregado todos os meios possíveis para enfrentá-lo. Em um cenário no qual a quantidade semanal de novas notificações e novos casos confirmados estão muito acima do esperado (curva de controle), a Secretaria Municipal de Saúde colocou em funcionamento, no fim de fevereiro, uma unidade sentinela na Vila Paulista.
Somados, este espaço e os prontos-atendimentos (UPA e PAM) realizaram, nos 11 primeiros dias de março, uma média diária de 753 consultas. O pico foi registrado nesta segunda (11): 881. “Nesta época do ano, nossos pronto-atendimentos realizam entre 350 e 400 consultas médicas por dia. A unidade sentinela foi criada para tirar a sobrecarga sobre estes serviços de urgência e emergência, onde o governo municipal está reforçando equipes nestes locais e nos deu carta branca para contratarmos mais profissionais a fim de prestarmos um atendimento com o máximo possível de agilidade e conforto para os pacientes”, pontua a secretária.
Sobrecarga
Por falar em sobrecarga, a diretora de Vigilância em Saúde, Juliana Beux Konno, comenta que os agentes de combate a endemias (ACEs) estão empenhados em operações de bloqueio por todo o município, cenário em que as confirmações da doença também estão passando por alterações. “Considerando que o diagnóstico de dengue é feito de forma clínica, o Lacen [Laboratório Central do Estado], em virtude da quantidade de exames que têm feito, orientou os municípios na semana passada para que confirmem a doença só por meio de procedimento epidemiológico-clínico, necessitando fazer testes somente em pacientes gestantes, com sintomas mais graves ou que vieram a óbito”, complementa Gabriela.
O enfermeiro da Vigilância Epidemiológica da 20ª Regional de Saúde, Fábio Molina, relata que o comportamento atual da dengue em Toledo segue o mesmo padrão observado no Paraná e no Brasil. “Ainda não chegamos ao ápice da epidemia e, infelizmente, a situação tende a piorar, pois em nossa região começam a surgir casos suspeitos de febre chikungunya. Desde o ano passado estamos fazendo monitoramento constante das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti e é necessário reconhecer o esforço articulado de Toledo na execução de um plano de contingência. O poder público não ‘lavou as mãos’ e trabalha arduamente para mitigar os efeitos da dengue na população”, reconhece. “O planejamento traçado tem que ser seguido e aprimorado, e o comitê deve se manter ativo pelos próximos anos”, pontua.
Ações externas
Durante a reunião, foram também apresentadas fotos e relatos ações de caráter educativo (palestra e peças teatrais) realizadas em entidades, igrejas, Centro da Juventude do Jardim Europa e instituições de ensino, como o mutirão realizado nas dependências do câmpus local da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Com o apoio da comunidade, também foram realizados nos dias 17 e 24 de fevereiro, respectivamente, o Ecoponto nos bairros Bressan e Cézar Park e a Marcha Contra a Dengue. “Este evento motivou a nossa equipe, pois percebemos que o assunto é de interesse da comunidade. Na Unioeste, é importante a presença dos ACEs junto à comunidade acadêmica, pois estes profissionais ‘treinam o olhar’ de quem vive o dia a dia da instituição. Em relação ao teatro nas escolas e Cmeis, a ideia cresceu e hoje o grupo de agentes que conta a história está com a agenda lotada. Em alguns lugares, estamos precisando utilizar microfone e alto-falante porque o número de espectadores tem sido surpreendentemente alto”, avalia Juliana.
A secretária de Saúde também tratou do Agente Mirim, programa que será expandido em breve. “A princípio, este projeto está sendo executado nas turmas do 4º ano da rede municipal e em breve estaremos também em escolas particulares. Desta forma, estamos educando as crianças para criar hábitos que serão seguido quando elas forem maiores, o que nos dá alguma esperança em um cenário no qual o Aedes aegypti está cada vez mais adaptado ao ambiente urbano e resistente às medidas que visam impedir a reprodução do inseto”, analisa Gabriela.
Esclarecimentos
O encontro também foi importante para dar esclarecimentos sobre a aplicação de inseticidas. O chefe da Divisão em Vigilância em Saúde da 20ª Regional, Felipe Hofstaetter Zanini, destacou que o método atualmente utilizado, com o agente andando a pé utilizando bomba intercostal, tem muito mais eficiência que o fumacê e destacou que a utilização de drones para aplicação de inseticidas contra o Aedes aegypti está proibida no Paraná porque não há regulação do Ministério da Saúde sobre o tema. “Se as pessoas não fizerem a sua parte, todo este esforço do poder público não vai resolver. A técnica mais eficaz para prevenir a dengue continua sendo a eliminação dos focos do deste mosquito”, sublinha a secretária.
A diretora do Departamento de Atenção Básica, da Secretaria Municipal de Saúde, Tatiane Veiga Rodrigues, informou que o município atualizou recentemente o protocolo de atendimentos com sintomas da dengue. “Esse trabalho inclui o atendimento realizado pelos profissionais da enfermagem, que podem, antes da consulta médica, adotar medidas que mitigam os sinais da doença, como fazer acolhimento, dar orientações, solicitar exames e fazer a hidratação de pacientes”, explica.
Ações em andamento e por realizar
Representantes da Associação Comercial e Empresarial de Toledo (Acit) e da unidade local do Serviço Social do Comércio (Sesc/PR) falaram das ações que têm realizado junto aos respectivos públicos-alvo. Da parte do poder público, estão sendo organizadas para quarta,quinta, sexta e sábado desta semana (13 a 16) blitze que serão realizadas em locais estratégicos da cidade, ocasião em que entidades e órgãos públicos que integram o comitê farão a entrega de material impresso e darão orientações a condutores que passarem por estas vias.
Amanhã (13), das 9h30 às 11h, a atividade ocorrerá no Jardim Panorama, em frente ao Ginásio de Esportes Lauri José Simon. Na quinta-feira (14), a ação ocorrerá no Jardim Filadélfia, das 15h às 17h, na esquina da Avenida Maripá com a Rua Guaíra. No dia seguinte (15), das 9h30 às 11h, a blitz será no Jardim Porto Alegre, na cruzamento da Avenida José João Muraro com a Rua Dom Armando Círio. Por fim, no sábado (16), a mobilização será encerrada no Centro, na esquina das ruas Barão do Rio Branco e 7 de Setembro.
A atividade está sendo coordenada pela Defesa Civil do Paraná. “Esta é uma atividade que será realizada em todo o estado e foi idealizada pela esposa do governador, Luciana Saito Azevedo Massa, que convidou as primeiras-damas dos municípios a se fazerem parte desta mobilização. A ideia surgiu em videoconferência que participei e fiz o convite à esposa do nosso prefeito e ela aceitou participar do ‘Desafio das Primeiras-Damas’, como esta ação está sendo chamada”, relata Gabriela.
Por fim, ficou definido que a próxima reunião do Comitê Municipal Intersetorial de Combate à Dengue, Chikungunya e Zika Vírus de Toledo ocorrerá em 9 de abril (terça-feira). Será às 14h, no Centro Municipal de Controle e Endemias.
