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EDUCAÇÃO

Professores lotam a Câmara e prefeito recua

Professores municipais lotaram o plenário da Câmara de Vereadores na tarde desta segunda-feira (5), o objetivo era acompanhar a discussão sobre o projeto de Lei 83 do Executivo Municipal que trata do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração do magistério municipal que entrou na pauta em regime de urgência e sem parecer de comissões. A queixa dos docentes e vereadores de oposição era de que o encaminhamento do Projeto estava atropelado e sem discussão. Ainda na manhã da segunda-feira, o Executivo encaminhou uma emenda que considerava alguns itens propostos pelos professores.

06/09/2011 - 18:04


O clima da sessão não foi do mais amistoso, houve discussão entre professores e vereadores. Docentes protestaram, pediram diálogo e respeito à classe. Em uma mensagem lida pelo vereador Leoclides Bisognin (PMDB), os professores lembraram um fragmento do texto: Aluna de Cecília Meireles que dizia:
“ E toda a humana docência
para inventar-me um ofício
ou morre sem exercício
ou se perde na experiência…
Será este necessariamente o seu destino? Nós entretanto, professores do município de Toledo acreditamos que a compreensão humana da docência pode contribuir para desviar deste dramático percurso garantindo ao professor condições de crescimento e emancipação profissional, neste momento de debate do nosso plano de cargos e salários pedimos especial atenção a este documento. Nos últimos anos, o magistério municipal viu sua carreira entrar em desgaste e em outros momentos perder-se conquistas importantes”.
Os vereadores Leoclides Bisognin, Ademar Dorfschmidt, Adriano Remonti e Paulinho da Saúde pediram aos vereadores da base do prefeito para que solicitassem a ele a retirada do regime de urgência do projeto e se estabelecesse o diálogo com a classe.
A sessão foi interrompida para que o departamento jurídico desse parecer a cada uma das quase 30 emendas da categoria apresentadas pelos vereadores de oposição, encaminhamento que possivelmente entraria madrugada adentro sem um desfecho.
Com a sessão interrompida os professores puderam se manifestar.
“Eu como professora não tenho filiação com PT, PP, PMDB, PDT nem nada. Estou há 20 anos na sala de aula. Eu vi alguns planos e eu nunca vi uma perda tão grande para a categoria como no dia em que paramos após o recreio de manhã e a tarde e foi descontado. Eu também sei que vereadores e prefeitos passam, mas o Plano de Carreira vai ficar por algum tempo, vai reger o resto dos anos do meu cargo, da minha profissão, e um monte de novos profissionais. Este plano que foi negociado entre poderes não deveria ser desta forma. Deveria ser negociado com a administração e servidores com intermédio da nossa Associação. Quem tem que dizer para os vereadores ou prefeitos o que precisamos somos nós”.
“Nós somos profissionais que trabalhamos essencialmente com o conhecimento. Ele é o nosso instrumento de trabalho. Que exemplo, vocês (vereadores) estão dando para toda uma classe fazendo de conta, porque se recebeu o documento agora como o nobre vereador acabou de falar às 14h, que competência você tem para votar a vida profissional daqueles que fazem a sociedade de Toledo e, mais, enquanto vocês estão pensando no que vão fazer não pensem que estão apenas olhando para uma classe, porque atrás de nós existem 30 ou 60 pessoas que fazem parte da sociedade de Toledo”.
“Pensem bem, vereadores passam, os professores passam, porque ninguém é eterno e este projeto vai ficar e se amanhã um neto ou um filho de vocês também estiver no quadro de educadores de Toledo como que vai ser? Gostaria que os vereadores pensassem nisso, porque nós achamos que o amanhã não vai acontecer”.
Enquanto a sessão esteve interrompida alguns vereadores da base estiveram com o Prefeito José Carlos Schiavinato, na tentativa de negociar, mas retornaram com a mesma proposta: votar o projeto e emenda do Executivo e no segundo turno o prefeito avaliaria as propostas dos professores.
A proposta deixou professores decepcionados que em coro cantavam que queriam mais democracia. O impasse se manteve, até cerca das 20h, quando a própria base do prefeito já admitia votar com a oposição, veio a notícia de que Schiavinato enviaria a mensagem ao Legislativo solicitando a retirada de pauta e do regime de urgência e que o vereador Rogério Massing  faria um pedido de vistas ao Projeto, ampliando o tempo para o debate e a tentativa de um acordo.
Os professores e a oposição comemoraram. Ademar Dorfschmidt disse com orgulho que seu filho frenquenta a rede pública municipal e isso é porque acredita na competência e profissionalismo da classe. Adriano Remonti foi enfático que, o pedido de vistas ao Projeto não pertencia a nenhum vereador, mas de cada professor que estava ali defendendo a dignidade da docência. Paulinho da Saúde disse aos professores que se o prefeito recuou foi devido a mobilização da categoria.
Leoclides Bisognin, relator do Projeto disse que não havia ganhadores nem perdedores, mas que a presença dos professores resgatou o respeito à classe.
Acompanhe no vídeo a avaliação do relator, professores e alguns momentos do protesto.


Por Selma Becker

 

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