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OPINIÃO

A valorização da história e das potencialidades da mulher negra

Para pavimentar um caminho para reflexão, é preciso falar sobre a construção da nossa história e aprender a lidar com os desafios, analisando sobre o que nos trouxe até aqui
22/07/2024 - 21:06
Livia Marques

Livia Marques

Coach, psicóloga organizacional e clínica, com foco em Terapia Cognitiva Comportamental. É professora da Escola de Negócios das Faculdades São José Atua, além de ser palestrante e consultora. Como palestrante, falará o seguinte tema no Concriad esse ano: “O Papel do Psicólogo no combate a cristalização e perpetuação do Racismo: O indivíduo Adoece Psicologicamente”.


Para inspirar as futuras gerações, devemos valorizar sempre a nossa história e nossas ancestrais. Num mundo em que prega o ódio e a violência contra as mulheres negras, devemos estar juntas para nos fortalecer e promover o cuidado mútuo.
 
Uma das formas é exaltar iniciativas em prol das mulheres negras, como o Julho das Pretas. É o período que se celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Afro Latina Americana e Caribenha, em 25 de julho.
 
Esses movimentos não servem só e apenas para discutir a violência que pessoas negras vivenciam no dia a dia. Mas é também uma oportunidade para dialogar sobre possibilidades de bem-viver, de construção, de pensarmos em nossas ancestrais, em nossas mais velhas e pensar no futuro. Fazer o movimento sankofa, que é uma das formas de resgatar e preservar as raízes.
 
Para pavimentar um caminho para reflexão, é preciso falar sobre a construção da nossa história e aprender a lidar com os desafios, analisando sobre o que nos trouxe até aqui.
 
Isso também vai nos auxiliar a usar as nossas experiências para refletir.  E diante de tanto adoecimento, como as dores vivenciadas a cada dia, a hipersexualização, a desumanização e a desvalorização da nossa existência, possamos pensar em como nos acolher e nos potencializar.
 
Queremos não só sobreviver. Queremos o bem-viver de uma rede de cuidados. Como disse Sobonfu Somé, escritora e filósofa africana, queremos viver de forma esplêndida, com o espírito de intimidade, trabalhando como comunidade ao redor de uma roda, para que juntos possamos cuidar um dos outros quando haja necessidade.
 
Como perfeitamente nos diz a escritora Bell Hooks, no livro “Irmãs do inhame”, que promovamos a coletividade, para que possamos, umas com as outras, ajudar no processo de autorrecuperação e do cuidado. Dessa forma, podemos continuar trilhando os nossos caminhos.
 
Ao encarar essa maneira de pensar, estaremos mais motivadas a ocupar um lugar do cuidado, de afeto e com segurança. Que possamos continuar tendo as nossas conquistas e valorizando as nossas potencialidades.
 
(*) Psicóloga Clínica, Especialista em Terapia Cognitiva Comportamental, Formação em Terapia do Esquema, Estudiosa em relações raciais e saúde mental negra, Palestrante, MBA em Gestão de Pessoas, Coordenadora editorial e autora.