Cerca de 100 profissionais debateram os riscos do uso indevido de drogas

Além de Toledo, primeiro município do Paraná a receber o seminário, outras cidades do Estado estão no cronograma do evento. O curso de capacitação é uma parceria da Prefeitura de Toledo com a Fundação Milton Campos (FMC) e apoio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD).
A abordagem do combate ao uso indevido de drogas vem sendo discutida há muito tempo e a cada dia preocupa mais os profissionais de educação e, principalmente, pais e familiares. O número de usuários de drogas vem aumento, significativamente, no Brasil. No balanço feito pelo Escritório das Nações Unidades contra Drogas e Crime (Unodc), em 2009, mais de 200 milhões de pessoas no mundo (5% da população entre 15 e 64 anos) fazem o uso de drogas ilícitas ao menos uma vez por ano. Este resultado preocupa cada vez mais, sobretudo, educadores, que muitas vezes, vivenciam ou tem em sala de aula, algum problema relacionado.
Segundo a secretária de Educação do município, Janice Salvador, esse é um problema que preocupa muito. “Preocupa-nos como educadores, pais, mães e irmãos. Nós temos visto como esses sujeitos têm a vida comprometida por conta do envolvimento com as drogas. Os educadores, por mais que tentem e queiram, sentem-se impotentes diante de todas as forças que agem, quando se fala do assunto. Quando se fala em instituição de educação, não se trata apenas do rendimento da criança ou adolescente nos estudos, que deixa de acontecer, mas sim do sujeito que tem seus vínculos comprometidos”, explica a secretária. O município pretende tratar o tema com os professores do ensino fundamental, preparando-os para abordagem com as crianças. “Quando estamos tratando de sujeitos maiores, que compreendem melhor esta linguagem, a abordagem certamente toma determinadas características e é possível falar de questões de modo mais aberto. No entanto, com as crianças de seis aos nove anos, é preciso ter mais cuidado para não formar uma visão pessimista e caótica da vida, sem pensar que a vida seja ruim e perigosa?”. É com essa problemática se viu a necessidade de se ter na educação, processos permanentes de discussão e reflexão, para que os educadores não percam a atenção sobre o assunto, possibilitando, de alguma forma, um novo caminho para os desafios de quem usa ou apenas prevenir aqueles que desconhecem os problemas do uso de drogas. O seminário em Toledo foi ministrado pela licenciada em Filosofia, Mestre e Consultora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Helena Maria Becker Albertani, coordenadora geral de Prevenção da SENAD. O curso foi dividido em três etapas: Drogas: conceitos, usos e abordagens; Uso de drogas por crianças e adolescentes: fatores de riscos e de proteção, dados epidemiológicos e Prevenção do uso indevido de drogas nas escolas: princípios, metodologias e estratégias.
Para Helena, a escola tem um papel fundamental na prevenção. “A partir da função central da educação que é de formar crianças para que tenham vida feliz, prazerosa, construtiva e saudável. No seminário, situo a questão de drogas, no contexto de educação, que as pessoas tenham uma vida construtiva e não destrutiva”, explica a educadora, destacando que dentro desta perspectiva é que será trabalhado com os profissionais de educação, fazendo com que eles se conscientizem que esse também é o papel das instituições de ensino. “Durante a capacitação damos algumas orientações e dicas, para que eles saibam como trabalhar a questão das drogas, sem fugir do seu papel de educador. Além disso, fazer um trabalho com o aluno, de crítica - não como castigo - mas fazer entender o problema do relacionar com as drogas. O papel do educador é propor uma nova oportunidade e caminho e evitar o menor número de riscos possíveis”.
Além disso, a educadora explica que sem a relação escola-família, o trabalho de prevenção não funciona. “Se o aluno tem uma problemática difícil em casa e a escola for um modelo diferente, ele ao menos tem uma chance de ver que existe outra possibilidade de vida. Por exemplo: se existe violência familiar e a escola trabalha para cultura da paz, o aluno estuda as duas possibilidades: a paz ou a violência. A escola tem o papel de vivenciar outros modelos e oportunidades. A instituição de ensino, sozinha, não consegue encaminhar, sem apoio da família, mas existe outro viés para o suporte de prevenção ao uso de drogas”, conta Helena, frisando que o curso de capacitação é uma parcela do aprendizado dos educadores em abordar o assunto, já que agora o aproveitamento será de cada profissional, de ampliar seus conhecimentos.
Além de Toledo, Francisco Beltrão, Maringá, Londrina, Guarapuava e Curitiba receberão este seminário. Ao todo, estima-se que 1.200 profissionais da área de educação sejam orientados, em todo o estado, sobre o uso indevido das drogas.
Além do seminário de apoio, serão distribuídos, ao longo dos oitos cursos, cerca de 33 mil cartilhas da série “Por dentro do assunto”, produzida pela SENAD. Este material de apoio servirá como auxílio para os professores possam trabalhar a temática em sala de aula.

Da Assessoria - Toledo