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Viticultores pedem a venda aplicada do 2,4D

O 2,4D foi tema de audiência pública realizada na Câmara de Vereadores, convocada pelas Comissões de Legislação e Redação-CLR e da Ordem Econômica e Social-COES. O objetivo foi debater o Projeto de Lei nº 107, o qual disciplina o uso e aplicação em Toledo dos produtos que possuam o chamado 2,4 D. A princípio, o PL prevê que o herbicida somente poderá ser utilizado em Toledo no sistema de venda aplicada, com a comercialização vinculada à prestação de serviço de aplicação de agrotóxicos e afins. O Projeto de Lei 107 é de autoria dos vereadores Leoclides Bisognin, Ademar Dorfschmidt, Adriano Remonti e Paulo dos Santos e tramita desde julho na Câmara de Toledo.

29/09/2011 - 14:46


Segundo os autores da proposta, o uso indiscriminado e a aplicação do herbicida 2,4-D sem os cuidados necessários causam serios problemas ambientais, com a contaminação do solo e dos cursos d´água e à saúde da população, em função da chamada “deriva”. Ela por sua vez ocorre quando não se respeita as condições de tempo favoráveis - ventos fracos ou inexistentes -, e o agrotóxico se espalha, contaminando áreas no entorno do campo, rios, canais etc., causando sérios prejuízos aos produtores que se dedicam à fruticultura, especialmente à viticultura.

O produtor de uva, Albino Corazza, explicou que a proposição  do Projeto de Lei foi retomada devido a estagnação no processo de produção de uva em Toledo, na qual a principal causa é a conseqüência da aplicação do herbicida 2,4D em propriedades vizinhas. Corazza informou que o projeto do BNDS reforçou a necessidade de discutir a venda aplicada deste herbicida e também responsabiliza a empresa e o agrônomo. Os produtores trabalham em cinco vilas rurais e possuem 200 mil videiras como mudas. O questionamento é: Depois que a videira crescer como fica o controle 2,4D da vizinhança”?

A princípio, segundo Corazza, a solução encontrada pelos agricultores é a produção orgânica. No entanto, o problema, para ele, vem de fora. “Vem de algum produtor vizinho que aplica o 2,4D, o qual afeta diretamente as uvas orgânicas”.

O produtor afirmou que acha necessário aprimorar o projeto com contribuições do IAP ou dos órgãos ambientais. “Ou até tentar trazer algum especialista discutir a venda aplicada. A pergunta é se a venda aplicada gera custos para a empresa, se não gerar não tem o porquê não aprovar este projeto”.

O gerente da unidade local da Coamo, Marino Mugnol, acredita que é possível conviver com o problema do herbicida, porém a grande discussão é a utilização do 2,4D para as culturas e a fruticultura. “É preciso dar mais um passo na conscientização, enquanto a forma do uso do produto, a tecnologia de aplicação e, principalmente, a conscientização dos usuários, porque para a agricultura - no momento - ele é um produto bastante importante. Nos últimos anos temos o surgimento de uma erva que é a buva que torna o 2,4D bastante eficiente no seu controle”.

Mugnol explicou que enquanto não houver produtos que substitua o herbicida, ele ainda acaba sendo uma opção para o controle de pragas. “Nós somos favoráveis a disciplinar o uso próximo a fruticultura, especialmente a uva que é mais sensível”.

Ao ser questionado sobre a venda aplicada, o gerente da unidade local da Coamo, comentou que independente da forma de venda, o aplicador deve ser responsável. “A extensão da agricultura em Toledo são cerca de 50 mil hectares e mais de mil produtores, sendo assim é impossível fazer o profissional fazer a venda e ainda orientar a aplicação na propriedade. Ela pode ser orientada pelo departamento técnico, o qual deve aconselhar os momentos em que podem ser aplicados, conforme a temperatura, vento e, assim por diante”. Ele acrescentou que para as empresas é inviável vender e aplicar o produto.

Para o vereador Leoclides Bisognin, um dos autores do Projeto, afirma que a grande novidade da discussão foi a diminuição nas vendas do herbicida 2,4D. Segundo ele, novos produtos estão sendo pesquisados para substituí-lo. “O 2,4D atinge muitas propriedades quando não é aplicado em um tempo favorável. É preciso analisar o dia e a hora corretamente. Alguns produtores que participaram da reunião comentaram os seus prejuízos devido a aplicação do herbicida em uma propriedade vizinha. Acredito que cada produtor deve respeitar a cultura do outro. Portanto, se quero passar um produto em minha propriedade devo observar todas as condições normais, porque posso estar levando prejuízo ao meu vizinho”.

Para Bisognin novas reuniões deverão ser realizadas até concluir a formatação final do Projeto de Lei. Ele defendeu que se estude a questão da aplicação assistida, isto é, todo o produto vendido deveria ter um agrônomo responsável para orientar e acompanhar o aplicador para não acontecer os problemas de deriva. “As vilas rurais querem produzir produto orgânico e, de repente, precisam de uma proteção, de reflorestamento ou zona tampão, ou seja, 300 a 500 desta vila rural não poderia ser aplicar o 2,4D”.

Rentabilidade

Os produtores, de acordo com o vereador, possuíam o projeto de produzir vinho, no entanto, é algo complexo, porque exige especialização. No entanto, o produtor encontra uma nova forma de rentabilidade ao produzir suco de uva. “Nós sabemos que a uva dá em Toledo. O que está se buscando num futuro próximo é a questão do suco de uva para ser introduzido na merenda escolar. O Município compra muitos litros de suco de uva de outras regiões. A produção de uva iria viabilizar o negócio”.

Por Graciela Souza e Selma Becker

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