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GERAL

As mandalas de arte e terapia do Caps II

Em sânscrito, língua milenar e ainda viva na Índia, mandala significa círculo. Representação do elo entre o ser humano e o Cosmo ou dos sentimentos sem início, meio e  fim. A partir dessa estrutura geométrica, os 34 pacientes das oficinas de pintura e reciclagem do Centro de Atenção Psicossocial – ‘Lugar Possível’ Dr. Jorge Nissiidi (Caps II) transformaram emoções em obras de arte.

06/10/2011 - 14:58


À disposição do público até o dia 18 de novembro na Associação dos Docentes da Unioeste de Toledo (Aduct), a exposição de 64 peças traz à tona alegria, traumas e esperança. Diferentes histórias de vidas que lutam contra o preconceito e caminham sobre a tênue linha entre loucura e lucidez.
“A gente percebe que existe saída para a angústia”, reflete a servidora pública Loreni Peiter, que esteve presente a abertura da exposição na quarta à noite (05). “É um trabalho que faz diferença tanto pra gente quanto pra eles. Essa capacidade de se expressar mostra que podemos sair um pouco dos nossos mundinhos”, reitera Peiter. A guarda municipal Sirley Galbiati também se diz encantada. “As mandalas me trouxeram sensações diversas, mas em todas elas nota-se que um sentimento, até então escondido, se revela”. 
Processo criativo e terapêutico, a realização das mandalas  permitiu aos pacientes superar a dificuldade de verbalizar seus dramas. “Alguns desistiram e muitos choraram ao longo desse processo de organização psíquica”, analisam as terapeutas do Caps II, Ironice de Mattos e Selma de Mattos Franco.  “Além dos momentos de paz, essas  atividades recuperam a autoestima. Eles ainda se conscientizaram sobre o valor da reciclagem, pois as obras foram criadas a partir de peças de automóveis, roda de bicicletas, rolhas, disquetes e outros materiais que, provavelmente, iriam parar no lixo”,   explicam as especialistas em arteterapia. Para a coordenadora do Caps2, Kátia Franciele Gabardo, enfrentar o estigma social sobre os pacientes mentais é um desafio da unidade que atende a 235 pacientes. “Esta é a 2ª Mostra dos Trabalhos Terapêuticos. Nós realizamos  reuniões com as famílias, tentando evitar internações e estimulando a reinserção social do paciente”.
Aos 43 anos, Cleonice Schneider não teme em assumir os transtornos mentais graves e persistentes que enfrenta. “Essa exposição foi uma experiência coletiva, onde vejo que não sou apenas eu que sofro com meus problemas de depressão e bipolaridade”,  relata Schneider, que é formada em Pedagogia. “Ainda  há bastante preconceito e começa na própria família, mas a gente pode, sim, levar uma vida normal”.  Segundo a cantora Udilene Veschetini, que também já passou por “piadinhas” preconceituosas,  a sua mandala representa duas fases da existência. “Na primeira, estava adormecida, doente. Já na outra, apareço fazendo aquilo que é o meu maio prazer: cantar”.  Na noite de abertura de exposição, Udilene interpretou “Manhãs de setembro”, canção de Wanusa que traz os versos: “ (...)Fui eu que em primavera/ Só não viu as flores (...). Eu quero sair. Eu quero falar. Eu quero ensinar o vizinho a cantar”.

Da Assessoria - Toledo

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