Neste ano, Nogueira lembrou que o produtor passou por dificuldades durante a produção do milho safrinha devido aos fatores climáticos, como: geadas, chuvas durante a colheita, entre outros dados que poderiam comprometer a cultura. No entanto, Nogueira afirmou que em visitas a Municípios da região, os técnicos estão avaliando que as perdas na produção da cultura foram menores do que o esperado. Na quinta-feira (13), Nogueira deve visitar Assis Chateaubriand para avaliar a produção daquela cidade. Os dados da Safra de Inverno devem ser apresentados no mês de novembro. “Um dos argumentos para que a perda não tenha sido tão elevada é a resistência das lavouras de milho ao clima e a evolução tecnológica. A região produz, consome e é exportadora de milho para outras regiões do País. Estamos vivendo um momento de grande liquidez do produto. Inclusive as exportações cresceram nos últimos meses – agosto e setembro”.
De acordo com o técnico do Deral, a safra do milho teve uma boa produção, no entanto, este cenário não se repetiu na cultura de trigo que sofreu com o clima e, principalmente no período final de desenvolvimento do grão as chuvas foram intensas e a qualidade do trigo ficou comprometida. “Este ano foi ruim para a Safra de Trigo e a sua produtividade foi baixa. Mesmo sem produção o trigo está sem preço, a política voltada para a cultura é tão ruim que mesmo assim é o único produto que não tem liquidez, pois há duas safras que estão nos armazéns pressionando para baixar os preços”.
Segundo Nogueira é possível que os produtores não semeiem o trigo na próxima safra. “A área de plantio deve diminuir consideravelmente. Até porque o clima na última safra foi favorável para semear o milho e a soja e, na próxima safra, o plantio do milho no inverno não deve atrasar. Nós estamos abrindo caminho para a dependência maior do produto importado, porque este é um risco em um momento em que o cenário é de ajuste de estoque de todos os grãos”. Ele enfatizou que o trigo é uma commodity valorizada no mercado internacional e o Brasil caminha em direção da dependência. “Teríamos que mudar isso, mas infelizmente não percebemos nenhuma sinalização do Governo em relação a mudança na política externa para o trigo”.
Com relação aos preços, Nogueira explicou que neste ano, em alguns momentos, o milho na BM&F estava sendo cotado a R$ 28 e no mercado físico o valor diminuía para R$ 24. Neste momento, o valor na BM&F está R$ 30 e na região R$ 20. “Não está dando para entender. Vivemos um momento em que os preços sobem devido as exportações. Nós exportamos proporcionalmente em 2010 e muito mais neste ano. No mês de setembro buscamos um mercado que normalmente não buscávamos que é o Japão. O mercado japonês era quase que exclusivo dos EUA e agora grande parte deste milho vai para a produção do etanol nos EUA”.
Conforme o técnico do Deral, os preços no condizem com a realidade e os agricultores terão que entender que produzem para o mundo, porque os alimentos passaram a ter uma importância grande no setor econômico mundial e financeiro. “Todos os grãos estão sendo valorizados. Vivemos um momento de crise mundial (financeira) na Europa, isto logicamente afeta os mercados em algum momento. Na realidade é a oferta e a demanda que estão dando sustentação aos preços. “Há um crescimento da demanda que é desproporcional da oferta. Os produtores terão que estar de olho neste mercado financeiro e eles começam a perceber da importância que tem o que produzem para o mundo hoje”.
Acompanhe a entrevista completa em vídeo.
Reportagem: Selma Becker
Texto: Selma Becker e Graciela Souza