Micheletto avalia que o momento é crítico para os produtores de trigo e a revisão do Plano Safra 2012/2013 é fundamental para dar garantias aos triticultores, caso contrário a cultura estará comprometida. “Estamos no período de vazio sanitário, que é de 90 dias, e se olharmos a região oeste, em especial Toledo, Assis ou Palotina, já enxergamos que 100% da área já está plantada com soja ou milho. Quem plantou milho no cedo é porque vai plantar soja no tarde, então consequentemente, não vai plantar trigo e quem plantou soja no cedo ele vai plantar milho no tarde, logo não vai plantar trigo”.
O estado do Paraná é responsável por 60% da produção nacional da cultura, por esta razão, a situação é ainda mais crítica. “Nós vamos ter uma queda drástica no cultivo de trigo. Em reunião com o novo secretário de política agrícola, Caio Tibério Dornelles da Rocha, que já foi secretário da agricultura do RS, um extencionista e grande conhecedor da área, fizemos um estudo para levar diretamente a presidente Dilma, este estudo visa encontrar soluções para o setor”.
Segundo Moacir Micheletto, o Brasil tem uma demanda de 13 milhões de toneladas e não chega produzir nem cinco milhões de toneladas. “É um paradoxo, pois estamos com o trigo nos armazéns das cooperativas e na Conab, e nesta semana, o trigo veio para R$25 a saca e lá, no ano passado, o governo baixou o preço mínimo do trigo para R$28,36, enquanto a saca está R$25, então que política é essa para um produto que é de segurança alimentar?”.
O deputado federal defende que a nova política de trigo para a safra do próximo ano seja antecipada pelo governo até o final de dezembro. “O agricultor vai plantar e para isso ele precisa saber que tem uma política agrícola segura”.
Um dos principais problemas apontados por Micheletto, para os triticultores é que a política agrícola para o setor favorece a indústria do trigo que segundo ele, é concentrada nas mãos de poucos. “O governo precisa ter juízo político e não podemos acreditar na Abitrigo - A Indústria do Trigo que é responsável por esta situação caótica que estamos enfrentando. Os grandes moinhos não tem problema algum, pois eles importam trigo na hora que eles querem. Se formos fazer um levantamento dos estoques nos grandes moinhos nós não sabemos, agora se você for na CVale , Cotriguaçu, ou em qualquer outra cooperativa, nós sabemos quanto tem de estoque, mas os grandes moinhos que estão nas mãos de quatro a cinco pessoas e destas uma detém toda a importação de mais de 60% do trigo importado no Brasil. Nós temos que resolver este problema como também precisamos resolver o problema da cabotagem que é uma outra situação séria no Brasil, porque esta nas mãos de uma única bandeira, uma única empresa que faz o transporte e o custo disso é muito elevado, então são pontos que temos que colocar aqui para discutir, mas tem que ter uma decisão de governo”.
Micheletto defende que as produções de trigo e leite tenham política de estado e não de governo. “Isso é o que estamos defendendo, pois acredito que o agricultor paranaense tem um pouquinho de esperança e se ele tiver a confiança na política que deverá ser lançada pelo ministro da agricultura e a presidente Dilma ele passa a plantar trigo, porque para nós a cultura de inverno é o trigo e não tem outra que possa substituir”.
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Por Selma Becker
