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GERAL

Campanha permanente contra os agrotóxicos é lançada durante audiência pública

Um cenário alarmante que registra 70 mil mortes no Brasil em consequência de intoxicações por agrotóxicos, bem como provoca inúmeros e graves problemas de saúde, foi mostrado nesta segunda-feira (24), durante audiência pública proposta pelos deputados Elton Welter e Professor Lemos  para discutir a comercialização e o uso de defensivos agrícolas. Durante o evento foi lançada a “Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida”, e também o comitê paranaense contra agrotóxicos.

24/10/2011 - 16:43


De acordo com a médica Rosa Maria Wolff, da Secretaria Municipal de Saúde de Santa Maria (RS), os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2006 são “muito preocupantes”. "70 mil pessoas morrem no Brasil por intoxicação por agrotóxicos todo ano. No mundo, são três milhões”, revelou. “Podemos chamar isso de defensivos agrícolas? Não! Devemos chamar do que eles realmente são: venenos desenvolvidos para matar. O homem esquece que também pode ser vítima desses venenos", ressaltou.

Segundo ela, as substâncias químicas presentes nos agrotóxicos provocam desde rinites e distúrbios de comportamento, até alterações neurológicas (dificuldade de aprendizagem, retardo mental) e mutações genéticas que podem provocar cânceres e anencefalias (bebês sem cérebro), entre outras. A médica citou como exemplo uma pesquisa realizada no município gaúcho que revelou que 30% das crianças, alunos de escolas rurais, apresentam dificuldades de aprendizagem. “Nos últimos 40 anos todas essas enfermidades registraram uma curva ascendente. É esse o tempo em que começamos a aplicar agrotóxicos em nossas lavouras”, recordou.

O mesmo alerta em relação aos efeitos dos defensivos foi feito pelo procurador de Justiça Saint-Clair Honorato dos Santos, do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção ao Meio Ambiente: “O que causa perplexidade é que temos os registros das ocorrências e sabemos ainda que há subnotificações. Mesmo assim, a sociedade não consegue se mobilizar para tomar uma atitude”. O procurador destacou que há necessidade de implantar um monitoramento permanente em relação às condições das águas e dos alimentos. “Hoje não sabemos as condições reais da contaminação dos alimentos e nem das águas”, declarou.

Outro questionamento levantado por Saint-Clair Honorato Santos foi em relação aos efeitos das pulverizações aéreas. “Essa é uma prática que precisa ser avaliada e combatida”, alertou.

Na analise do advogado Darci Frigo, da ONG Terra de Direitos, “é fundamental abrir o diálogo para que as organizações possam combater os efeitos nefastos dos agrotóxicos”. Para ele, também é fundamental que a população seja conscientizada em relação aos interesses das multinacionais. “As soluções apresentadas sempre privilegiam o capital e não a saúde da população”, observou.

Ranking – O deputado Elton Welter lembrou que o Brasil é o primeiro colocado no ranking mundial de consumo de venenos agrícolas. Quase um bilhão de litros foram jogados nas lavouras em 2009, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola. “A campanha que está sendo lançada hoje pretende abrir um debate com a população sobre a falta de fiscalização no uso, consumo e venda, sobre a contaminação dos solos e das águas e denunciar o impacto desses venenos na saúde dos trabalhadores, nas comunidades rurais e dos consumidores nas cidades”, afirmou Welter

 

Para o deputado Professor Lemos (PT), um dos propositores da audiência, o debate precisa ser ampliado para se estabelecer soluções em torno da comercialização e do uso de agrotóxicos, que preservem a saúde e o meio ambiente. Lemos, assim como o deputado Elton Welter (PT), também organizador do evento, manifestaram preocupações em relação à forma como é feito o controle e a fiscalização sobre esses produtos no Paraná. Ambos defendem a implementação de normas rigorosas e mais ações no campo para o combate a práticas ilegais.

O professor Lemos, durante pronunciamento em Plenário, relatou um levantamento feito recentemente em municípios paranaenses em que foi comprovado que 80% do leite materno “apresentava contaminação por agrotóxicos”. Pesquisa semelhante foi realizada pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), que também detectou altos índices de resíduos de venenos agrícolas no leite materno. Ou seja, enquanto estas mães alimentavam seus filhos estavam lhes dando pequenas quantidades de venenos.

Conscientização – A “Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida” está sendo lançada em todo o país. Ela pretende esclarecer a população em relação à necessidade de se mudar o modelo de produção agrícola predominante no Brasil e no mundo, que se sustenta com base nas grandes propriedades e na monocultura. Além disso, busca informar e conscientizar a população sobre os sintomas da intoxicação com agrotóxicos. Por serem comuns a outras doenças, como dores de cabeça, cansaço, câimbras, diarréias, depressão, etc., o que dificulta o diagnóstico pela intoxicação crônica e mesmo a aguda.

Participaram da audiência, ainda, os deputados Rasca Rodrigues (PV) e Luciana Rafagnin (PT); Paulo Santana, representante da Secretaria Estadual de Saúde; Roberto Baggio, da Via Campesina; ambientalistas, técnicos e estudantes.

 

 

Assessoria de Imprensa  da Alep

Jornalista Nádia Fontana

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