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EDUCAÇÃO

Meninos e Meninas da UTFPR, campus Toledo, são bronze na Olimpíada Nacional de História

Os meninos e meninas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Toledo, que no último dia 13, partiram para Campinas – SP, para participar da Olimpíada Nacional em História do Brasil, promovida pelo museu exploratório da Unicamp, retornaram e na bagagem trouxeram muitas lições não só de história do Brasil, mas lições de cidadania, tolerância, diversidade cultural e medalhas. Entre 66 mil estudantes de todo o país, seis deles filhos de Toledo e Rondon, estudantes da UTFPR, classificaram para a final e a duas equipes tiveram excelente desempenho, uma honra ao mérito e a outra conquistou medalha de bronze.

25/10/2011 - 20:47


Das mais de 16 mil equipes que concorreram apenas 300 foram finalistas, destas duas equipes toledanas do ensino médio da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A professora orientadora das equipes, Zenaide Gatti avaliou que a experiência foi muito importante para formação intelectual e cidadã dos meninos.

A professora orientadora das equipes, Zenaide Gatti, lembrou que até chegar à etapa final da 3ª Olimpíada Nacional em História do Brasil, no Museu Exploratório da Unicamp foram 40 dias de estudos e quando as equipes foram classificadas a primeira dificuldade encontrada foi conseguir recursos para a viagem. “Os alunos e a instituição não tinha dinheiro. Nós fizemos um apelo na imprensa solicitando o auxílio a empresas, poder público, mas não fomos atendidos. Nós estávamos percebendo que todo o nosso trabalho poderia ter sido em vão, porque foi difícil conseguir transporte e estadia”. Ela contou que a Instituição se organizou e colocou a disposição dois carros oficiais. Além de ceder o combustível e dois motoristas, sendo da UTFPR de Toledo e Medianeira. “Infelizmente não recebemos nenhuma ajuda e no último momento fizemos uma reunião com os pais, os quais consideraram importante eles garantirem a ida de seus filhos para a Olimpíada. Mesmo os pais que não tem grande renda foram atrás de recursos para garantirem a viagem dos. O custo era de aproximadamente R$ 50 por dia. A Prefeitura não contribuiu com nada. No último dia, uma mãe conseguiu para o seu filho uma doação com uma empresa de Toledo, Supermercados Lunitti, os demais os pais tiveram que pagar”.

Zenaide destacou que os estudantes – antes de participarem da fase final – eram vencedores, pois eles participaram com mais de 60 mil alunos nas demais etapas e na final estavam os 900 melhores estudantes do Brasil.

Estudos

A professora contou que ela e as equipes organizaram grupos de estudos e conseguiram se reunir quatro vezes para realizar discussões e tirar dúvidas, além de leituras e produção de resenhas feitas pelos alunos em suas casas. “Os estudantes acharam a prova relativamente fácil. Fácil porque estudaram e se preparam para aquilo. Ficamos surpresos positivamente com os resultados e o que separou uma equipe da outra foi muito pouco”.

Na final participaram 300 equipes do Brasil, as quais 70 foram premiadas pela organização. Uma equipe da UFPR ficou entre os 80 melhores ganhou uma medalha de honra ao mérito e a outra equipe ficou entre 15 e 30 conquistando a medalha de prata. “As vezes, quando se está no processo não é dada o valor e não percebe a dimensão, mas se considerar 65 mil estudantes e a dimensão do Brasil que passaram por todas as etapas e ficar entre os 30 melhores do Brasil, isso não é pouco”.

Este resultado, segundo Zenaide, é o reflexo dos estudos. Para ela, neste momento é fundamental ler, mas principalmente aprender a escrever. “Isso que fez a diferença. Outra questão é que a ideia da Olimpíada não é fazer um ranking, mas valorizar o debruçar-se sob história do Brasil e os documentos e somar com o conhecimento de cada integrante, porque a olimpíada valoriza a aprendizagem do coletivo. A ideia é perceber o processo de aprendizagem. Os alunos tiveram um salto de conhecimento. Em Campinas tivemos apenas um momento para passear e fomos ao shopping. Eles escolheram visitar a livraria e compraram obras de historiografia, movimentos sociais, literatura entre outros”.

Zenaide complementou que a principal valorização é do conjunto, isto é, a soma entre o trabalho dos alunos e do professor. “Eu percebi uma questão que ao longo do tempo vai e volta na discussão da relação ensino – aprendizagem. É fundamental o vínculo entre professor e aluno, o vínculo entre afeto, comprometimento e respeito pela diferença, porque muitos dos alunos que participaram da Olimpíada, a matéria de história não é a preferida e mesmo assim foram campeões”.

A educadora enfatizou que a Olimpíada é um encontro cultural, no qual os alunos podem entender a riqueza do Brasil e desconstruir o preconceito. “Muitos tinham preconceito com relação ao Nordeste e está região era que mais tinha equipes e foi a que mais ganhou premiação. A região Sul trouxe seis premiações: Santa Catarina (bronze e prata), Paraná (bronze, duas pratas e ouro). A escola que levou ouro no Paraná está localizada no Município de Ponta Grossa”.

Comprometimento

Para Zenaide, o papel da sociedade é garantir que a educação seja primordial e o professor tenha condições de exercer um bom trabalho. “A condição está no seguinte: receber horas para pesquisa, pois o professor do Ensino Público não tem estas horas e todos os envolvidos se tornam sujeitos do processo social que apesar de não ter apoio financeiro se realiza o trabalho”.

Na opinião da professora é que as autoridades discursam muito, no entanto, há uma diferença entre o discurso e a prática. “Se discursa sobre a importância da educação ou da saúde, mas na hora em que a população precisa de um auxílio não se tem o apoio. As autoridades existem em função da sociedade. Eles são eleitos pela população, para governar para nós, mas não é isso que se processa. Os estudantes sentiram o que é o distanciamento entre o discurso e prática, porque levaram vários nãos, tanto da autoridade que representa o município como também de empresários”.

Ela lamentou o que chamou de visão estreita das autoridades e empresários. “Vemos destaques nas áreas da indústria, comércio e agronegócio em Toledo, o que leva a concluir que se tem um poder aquisitivo elevado, porém quando se trata de educação e cultura não vem nada e não somos pessoas que todos os dias batemos em suas portas. Realmente eles ficaram decepcionados com a falta de receptividade e a falta de sensibilidade que eles encontraram aqui para uma questão tão séria. Eles foram para estudar e representar Toledo. Muitos deles não queriam falar que eram estudantes de Toledo, porque eles foram por conta e risco e com o apoio da instituição da UTFPR, de um empresário e na última hora, foram os próprios alunos que bancaram tudo”.

Lições

Conforme a professora, a principal lição tirada na Olimpíada foi o brilhantismo do Nordeste. “Do esforço dos professores do Ceará que se dividiram entre os grupos de estudos e os que tiveram que enfrentar batalhões de choque por um salário melhor; os professores do Rio de Janeiro que passaram por greve e em Santa Catarina, onde as autoridades não querem aprovar o teto mínimo para o professor, o que é vergonhoso. Isso é para provar que apesar de ser comentado que o professor não tem boa vontade, os professores do Nordeste levaram com muito brilhantismo muitas equipes premiadas. Os estudantes - por meio das Olimpíadas - acharam uma nova motivação para lerem e estudarem com o professor”.

Para ela, a educação, seja ela no Ensino Fundamental ou Médio, só estará completa se o elemento pesquisa for incluído tanto no plano de ensino como na carga horária do professor. “Sem pesquisa não há ensino. A pesquisa sem ensino é estéril. Tem que haver uma profunda relação entre ambas. O professor-pesquisador faz a diferença sim. O estudante que sente o pesquisar desde cedo, ele vai ser diferente e não adianta ter um monte de estrutura se não tem uma estrutura educacional forte e que dê garantias, que ofereça possibilidade de saída”.

Zenaide lembrou que durante os dias da Olimpíada, ela e os alunos vivenciaram o ensino e a pesquisa. “Realmente reafirmou aquilo que sempre trouxe comigo na minha profissão que é alinhar ensino e pesquisa e trabalhar em função da educação. Se propormos uma educação diferente, os alunos vão ter uma educação diferente, mas para isso, precisa de investimento. Educação de qualidade não é qualquer coisa. Ela se faz com pessoas de qualidade. Você pode proporcionar ensino debaixo de uma árvore, mas se não tiver pessoas formadas e que tenham o suficiente para comprar um bom livro, buscar a tecnologia, ela não vai dar acontecer”.

Alunos finalistas da Olimpíada

Marcos Rodrigues Galvão – 16 anos

Aline Stiehl – 16 anos

Renan Kuntz – 16 anos

Lucas Tiago Eckert – 16 anos

Ana Lúcia da Costa – 16 anos

Rogério Midding – 17 anos

 

veja vídeo publicado antes da viagem à Campinas http://www.casadenoticias.com.br/videos/629

 

Entrevista Selma Becker

Texto Graciela Souza

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