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O município precisa pensar no crescimento ordenado e planejado, foi o alerta das autoridades

Algumas famílias que enfrentaram as fortes chuvas registradas no sábado, dia 29 de outubro, participaram de uma audiência pública, na noite de segunda-feira (31), no auditório da Prefeitura, para exigir uma solução definitiva para os casos de alagamento. O tom dos discursos foi de unir esforços para resolver o problema, no entanto, ficou o registro por parte dos moradores que há muito vem sofrendo com este problema, de que as inundações são recorrentes e que o poder público tinha conhecimento dos riscos, mas as medidas adotadas até então, não foram eficientes, para evitar que mais uma vez seus lares fossem inundados.   O promotor de Justiça, Giovani Ferri, elogiou a iniciativa da audiência, mas foi enfático que o município precisa de um programa permanente de limpeza e manutenção dos bueiros e planejar o crescimento da cidade. Ele ainda alertou para a explosão de loteamentos sem planejamento e alguns casos irregulares. O capitão do Corpo de Bombeiros de Toledo, Rogério Lima de Araújo, elogiou a cidade, mas alertou para a necessidade do Município crescer de forma ordenada e responsável. O prefeito, José Carlos Schiavinato anunciou as obras que a prefeitura deu início no intuito de resolver o problema.

01/11/2011 - 20:07


Há nove anos em Toledo, o promotor Giovani Ferri contou que nunca havia presenciado tal fenômeno no Município. No entanto, o registrado no último sábado foi uma situação crítica. Além de várias pessoas terem perdidos objetos de suas residências, Ferri lembrou que no Fórum Eleitoral quase todos os computadores estão danificados e inutilizados. Ele comentou que se hoje fosse véspera de uma eleição, talvez em Toledo não fosse realizado o pleito.

Quanto a indenização das famílias que tiveram perdas, o promotor solicitou que o Poder Executivo se sensibilizasse e fosse flexível ao mapear caso a caso. “Vamos tentar negociar com uma forma de composição amigável. A Promotoria se dispõe a intermediar esta situação, pois se estas famílias precisarem recorrer a justiça levarão muito tempo para ser indenizadas”.

Ferri defendeu que o Município deve ter um programa permanente de desobstrução de bueiros e galerias. “Durante as sessões na Câmara, presenciamos os vereadores solicitando a limpeza de bueiros para evitar estas catástrofes. A cidade cresce rapidamente e temos galerias de pequena vazão, principalmente na área central da cidade. Com este aumento demográfico, as galerias não suportam este fluxo de água. Nos últimos dez anos, Toledo ganhou quase 20 mil habitantes. Imaginem o que ganhamos de novas residências e as galerias antigas não suportam a evasão de água”.

O promotor ainda chamou a atenção da população com relação a depósito irregular de lixo. “Isso é uma vergonha. As pessoas jogam lixo nas ruas e quando chove ocorre isto. Não adianta nada a prefeitura limpar boca de lobo e a população não fazer a sua parte”.

Outro problema grave citado por Ferri é a explosão de loteamentos. No ano passado, a Promotoria juntamente com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) barrou oito loteamentos irregulares e sem infraestrutura. “Nós somos pressionados a liberar. É pressão de todo lado, é o que chamo literalmente de especulação imobiliária. Esta explosão de loteamento sem planejamento vai trazer problemas. Ninguém quer impedir que a cidade cresça, mas é preciso um melhor planejamento para os loteamentos. Caso contrário, o Poder Público não vai ter condições de dimensionar estes problemas de inundação, rede de esgoto se não coordenar. Digo com grande experiência e é o que estamos vivendo de mais problemático hoje”.

O capitão do Corpo de Bombeiros de Toledo, Rogério Lima de Araújo, destacou que o Município deve crescer de forma ordenada e responsável. Para isso, segundo o capitão, é preciso ter um plano diretor que considere área de riscos e o crescimento da população. Ele lembrou que as normas planejadas há alguns anos nãos serve mais devido as condições climáticas. “Infelizmente, este tipo de tromba de água vai acontecer de novo e com mais frequência. As catástrofes só tende a vir e se seguirmos cuidando do planeta como estamos cuidando hoje talvez seja o nosso fim daqui alguns anos. O nosso futuro é complicado. Cada cidadão tem que ser consciente com a sua casa, com o seu terreno, tem que ter área de absorção. O nosso fim é certo”.

Ações

Para o prefeito José Carlos Schiavinato, cabe ao Poder Executivo juntamente com os moradores achar uma solução para os problemas decorrentes das chuvas. Ele justificou que os loteamentos foram aprovados e a prefeitura não pode deixar de cumprir com a sua responsabilidade. “As ações devem acontecer de forma clara e o Município vai assumir compromissos que deverão acontecer de imediato. Alguns pontos que tivemos a incidência de problemas, nós estamos tentando reparar os nossos erros. Não temos ainda os valores de todas as mudanças necessárias, mas alguns investimentos que tínhamos contratado de uma empresa pública, estamos anulando os contratos para atender a situação emergencial”.

O prefeito comunicou o que os vereadores já tinha aprovado na Câmara na tarde de segunda-feira, a antecipando da devolução das sobras orçamentárias que cabe legalmente àquela Casa. Neste momento, o valor vai atingir a R$ 200 mil. “Este valor faz parte da economia do Poder Legislativo e com este recurso adiantaremos o processo, o que vai auxiliar na execução das obras”.

Segundo Schiavinato, o caso mais complicado e mais caro é no Jardim Gisela. Ele afirmou que a equipe, neste primeiro momento, vai fazer parte dos serviços e, em outra oportunidade, uma vai concluir as obras. “As ações serão realizadas no final da rua da APADA, porém não é algo definitivo. Neste local, o problema será solucionado em partes”.

O prefeito ainda afirmou que é necessário melhorar a impermeabilização total dos terrenos, pois do contrário há dificuldade no escoamento da chuva, pois o volume de água é encaminhado para a galeria. Schiavinato explicou que quando a galeria é dimensionada em um projeto há uma taxa e infiltração de aproximadamente 10 anos para chuvas consideradas normais e 15 anos em chuvas fora do normal.

Meio Ambiente

Na opinião de Neudi Mosconi, a preocupação não é somente com a criação de novas galerias, porque para resolver a situação do sistema de galeria em Toledo seria somente construindo tudo novo. Em 2009 – quando Mosconi ainda participava da administração – ele sugeriu que fosse realizado um projeto em que os moradores retesem parte da água dentro de seus terrenos. “Nós resolveríamos mais de 50% do problema de vazão da chuva se cada um retese a sua água dentro do lote. Nós só teríamos a água da rua indo para a rua. Não seria problema algum. Precisamos criar um Projeto de Lei via Poder Executivo ou Legislativo para que gradativamente (no prazo de 10 anos) que cada morador impermeabilize desde que tenha uma cisterna vazada”.

Mosconi alertou a equipe do Planejamento Urbano que não pode permitir a construção de residências abaixo do nível da rua. “Precisamos de um planejamento estratégico de crescimento urbano urgente e planejado. A água impermeabilizada no solo traria uma condição de umidade relativa diferente para a cidade. Também daria condições aos lençóis freáticos para abastecer os poços”.

Moradores

O morador da rua Matelândia esquina com a rua da Faculdade comentou que as melhorias devem acontecer desde a rotatória da avenida Cirne Lima com a Guarani, pois segundo ele está água cai na rua General Alcides Etchegoyen e desce pela rua Matelândia. Além que próxima da Coamo a água forma uma represa e as bocas de lobos naquela região estão entupidas.

O morador do Jardim Esplanada lembrou que há dez anos a sanga Panambi foi canalizada e ele sugeriu que esta situação se repetisse, porque a água do Jardim La Salle e Santa Maria desemboca na região baixa e segue na região do lago, da Prati Donaduzzi, do Coopagro e desemboca na Sanga Panambi. No entanto, ela não está suportando a quantidade de água que cai nela. Este morador ainda citou que a ponte que liga a rua Emiliano Menezes segura a água e deveria ser feito algo que fique livre por baixo, como a ponto do Caça e Pesca. “Não é uma obra cara. Se no Caça e Pesca foi feita para uma festa para os moradores da nossa região deveríamos ganhar uma ponte”.

Ele relatou que estourou a estação do tratamento e a água do esgoto inundou casas. Diante desta exposição, a informação da Sanepar é de que esta estação deve ser destruída e uma nova estação de tratamento de esgoto deve ser construída. “Com a incidência de chuvas muitas pessoas fazem o escoamento da água de chuva na rede de esgoto. A água é dimensionada para esgoto doméstico e com esta tromba de água a rede não suportou principalmente na chegada da estação de tratamento. O compromisso da empresa é para que esta rede seja desativada e as quatro estações de tratamento de área norte iriam para uma rede fora da cidade”, disse o diretor.

Uma moradora disse que mostrou as fotos de uma inundação em sua residência ao prefeito há alguns anos e Schiavinato teria perguntado a ela qual era a rua, no entanto, aquela inundação era o quintal de sua casa. A prefeitura trocou as manilhas, porém não foi o suficiente. Pois a água continua entrando na sua residência. A moradora relatou que foram feitas algumas lombadas, mas não resolveu o problema. “No local tem duas bocas de lobo, mas as vezes sai mais água do que entra”.

O morador André Elói acredita que além das melhorias que serão realizadas no Município para evitar os alagamentos, a população deve se educar ambientalmente. Ele citou que na sua casa há aproximadamente 100 garrafas petis que durante o temporal elas chegaram boiando. “Quem mora no alto não sente o que nós que moramos na baixada sentimos. Quando fui morar lá a evasão natural era a do rio. Hoje passa por baixo dos bombeiros. Não tem mais saída da água. Há dois anos tivemos a promessa que seriam feitas melhorias, e foram feitas. No entanto, não foram suficientes. Fizemos protocolos, requerimento, mas ninguém nos procurou e sofremos a sexta inundação”.

Vereadores

O vereador Paulo dos Santos relatou que embora faça parte da oposição a Administração este é um momento que todos devem estar unidos. “Os vereadores e a população devem se abraçar para dar uma melhor solução aos moradores, portanto, a nossa presença é dizer que a decisão do presidente é destinação dos recursos será unanime para este caso. Conversamos com contador é provável que sobre mais, não sei se daria para pensar num aumento. É preciso que a prefeitura faça um levantamento das residências, dos pontos atingidos, será impossível pagar tudo que perderam, mas é preciso que a prefeitura coloque seus funcionários para fazer um levantamento in loco do que a população perdeu e estaremos juntos nesta batalha”.

Para o vereador Leoclides Besigonin, é preciso ser revisto a formação de Conselho do Plano Diretor. “Há muitos problemas a serem resolvidos. Há bueiros entupidos há mais de um ano. Algumas pessoas colocaram concreto nestes locais. Além que tem alguns lugares que os varredores não atuam mais de dez dias”.

 

Por Graciela Souza

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