A força do empreendedorismo feminino no Paraná foi reconhecida na noite desta quarta-feira (20), durante a cerimônia estadual do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios (PSMN), realizada na sede do Sebrae/PR, em Curitiba. Ao todo, 15 empreendedoras foram reconhecidas em cinco categorias: Negócios Internacionais, Produtora Rural, Ciência e Tecnologia, Microempreendedora Individual (MEI) e Pequenos Negócios.
Cada uma das categorias premiou três empreendedoras finalistas. O Paraná foi o estado com o segundo maior número de inscrições em todo o Brasil, atrás apenas de São Paulo. O resultado reflete a relevância e o crescimento da presença feminina no cenário empreendedor paranaense.
O diretor-superintendente do Sebrae/PR, Vitor Roberto Tioqueta, destacou que cada empreendedora presente no evento carrega um exemplo que incentiva outras pessoas a acreditarem no empreendedorismo como força transformadora.
“As mulheres fazem a diferença, contribuem para que os ambientes de negócios sejam cada vez mais inclusivos e humanos. Este prêmio é mais do que um reconhecimento individual; é um movimento coletivo em prol da equidade e da inovação. O futuro dos negócios tem voz, rosto e coração feminino", enfatizou Tioqueta.
O vice-governador do Paraná, Darci Piana, evidenciou que reconhecer e celebrar o empreendedorismo feminino é justo e necessário, e que a premiação entregue pelo Sebrae/PR simboliza mais do que mérito individual.
"Quando mulheres empreendem com confiança, ajudam a consolidar um ambiente empresarial mais igualitário. Essa iniciativa do Sebrae reflete essa visão, e o Governo do Paraná incentiva essa força por meio de programas como o Banco da Mulher Paranaense, inclusive criamos uma secretaria dedicada às mulheres”, disse Piana.
Agora, as primeiras colocadas avançam para a etapa regional do prêmio. Nessa fase, elas competirão com vencedoras de outros estados, em busca de uma vaga na etapa nacional do PSMN, considerada a mais importante premiação voltada ao empreendedorismo feminino no País.
Conheça as ganhadoras:
Produtora rural
Prestes a completar 60 anos, a produtora rural Gelir Maria Giombelli, da Linha Catuaí, em Toledo, celebra uma trajetória de vida dedicada ao campo com a conquista do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2025, na categoria Produtora Rural.
Vinda de uma família ligada ao cultivo de grãos, Gelir seguiu por outro caminho e, ao lado da mãe, passou 20 anos trabalhando na produção de leite. “Arrendei parte das terras do meu pai e, em conjunto com minha mãe, fomos entendendo as possibilidades que o leite poderia nos dar. Dediquei-me à produção de queijos, precisei me reinventar quando enfrentei problemas familiares e me vi com a responsabilidade de criar meus filhos. Foi então que busquei aperfeiçoamento e novas possibilidades”, recorda.
O apoio do Sebrae/PR foi decisivo nesse processo. “O Sebrae me ajudou a organizar tudo dentro da lei. Fiz cursos, me preparei e hoje vejo que consegui realizar sonhos através do que construí, como viajar para a Itália. Muitas vezes nem acreditamos que é possível, mas o Sebrae mostra que sim”, afirma.
Atualmente, Gelir é proprietária de uma fábrica de queijos que produz mais de 500 quilos por mês. Entre os tipos estão o Tomme Negro D’Oeste, o colonial maturado, o colonial fresco e o Bellagio (à base de cidreira). A produção é comercializada em todo o Paraná, com certificação do SUSAF — Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte.
A premiação foi recebida com emoção. “Quando me informaram que eu era uma das indicadas, fiquei muito emocionada. A sensação era de que precisava gritar aos quatro ventos que consegui”, conta orgulhosa.
Negócios internacionais
Premiada na categoria Negócios Internacionais, Lia Barros, de 57 anos, moradora do bairro Cabral, em Curitiba, carrega no currículo uma trajetória marcada por coragem, resiliência e reinvenção. Sua história como empreendedora começou em 2008, em Buenos Aires, quando abriu uma escola de idiomas. “Sempre soube que tinha perfil para empreender, mas foi só ali que vontade, oportunidade e necessidade se encontraram”, recorda.
Poucos anos depois, em 2014, ela migrou para a área de ecoturismo e, em 2018, oficializou na Argentina a Slow & Steady Travel, empresa que chegaria ao Brasil em 2022. O negócio tem como proposta criar experiências de turismo sustentável voltadas a pessoas a partir dos 50 anos. São grupos ou viagens pensadas sob medida, que podem incluir bem-estar, expedições de fotografia ou roteiros exclusivos para mulheres. "A ideia é ir além do lazer e proporcionar contato real com a natureza, cultura e comunidades locais", explica a empreendedora.
Nada disso, porém, aconteceu sem obstáculos. Lia enfrentou a pandemia com um hotel recém-inaugurado e viu o setor de turismo praticamente parar no mundo inteiro. Teve de desconstruir e reconstruir o negócio, fechando o hotel em 2023, mas sem abrir mão dos princípios que sempre nortearam sua atuação: sustentabilidade, diversidade, igualdade e inclusão. No meio do caminho, também encarou um câncer de mama e os desafios de ser mãe solo de duas filhas.
“Minha jornada foi sempre a plenos pulmões, usando meus próprios recursos. O principal desafio é que, para investidores, mulheres a partir dos 50 anos são invisíveis, descartáveis. Mas seguimos, porque temos muito a oferecer”, afirma a empreendedora.
A experiência internacional foi fundamental para expandir horizontes. Com dupla nacionalidade, argentina e brasileira, Lia conseguiu levar a Slow para além das fronteiras e atrair clientes estrangeiros interessados em viver o Brasil de forma autêntica e responsável.
"Receber este prêmio é mais que um reconhecimento profissional: é a validação de toda uma trajetória de luta. Faz valer a pena cada momento difícil. Mostra que nós, mulheres com mais de 50 anos, estamos vivas, produtivas e cheias de energia, além de impactar positivamente e ajudar a fortalecer minha imagem de empreendedora sustentável e elevar a Slow a um patamar de seriedade que, tenho certeza, nos dará excelentes frutos", enfatiza Lia.
Ciência e Tecnologia
A ganhadora da categoria Ciência e Tecnologia, Ana Paula Murukawa, é apaixonada pelo propósito transformador da educação e da tecnologia e diz ter encontrado um novo tipo de realização ao empreender com a edtech Decola. “Desde cedo, a escola foi meu porto seguro. Aos 13 anos, reunia colegas para ensinar e, sem perceber, construí minha autoestima e propósito”, conta.
Três décadas depois, o poder da escola de impactar vidas transformou a trajetória de Ana Paula e, hoje, ela comemora a conquista do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2025. Em pouco mais de dois anos de trajetória, a startup londrinense de educação já superou o ponto de equilíbrio no primeiro ano de operação e alcançou marcas de grande impacto: foram 10 mil alunos e mais de 500 professores envolvidos, com mil projetos de inovação idealizados e 300 atores do ecossistema conectados.
Ana Paula explica que o maior diferencial da edtech é a metodologia exclusiva, inspirada nos programas de formação de incubadoras e aceleradoras. “Trazemos a cultura das startups para dentro da escola. Com uma abordagem fora da caixa, escalável e replicável. Integramos, de forma transversal, diferentes disciplinas para resolver problemas reais da comunidade local porque transformamos a escola em polos de inovação”, explica a fundadora do Decola.
Ela afirma que criar o Decola e desenvolver a metodologia Startup School foi o seu jeito de provar que as mulheres podem liderar projetos de impacto, além de construir pontes entre sonhos e oportunidades. “Ver nosso trabalho sendo reconhecido por educadores e inspirando outras escolas renovou minha certeza de que lugar de mulher é onde ela quiser”, reforça a empreendedora.
Além de estar à frente da edtech, em 2023 Ana Paula Murukawa se tornou a primeira mulher presidente da Governança APL TIC - Arranjo Produtivo Local de Tecnologias da Informação e Comunicação, do Ecossistema de Londrina. Hoje ela é a líder da Governança Redfoot, Comunidade das Startups do Norte do Paraná. “Meu sonho é que cada jovem descubra, como eu, que aprender e ensinar muda destinos”, afirma Ana Paula.
Microempreendedora individual
Aos 29 anos, a comunicadora e professora de yoga Bruna Louise Schroeder Martins, moradora da cidade de Campo Largo, encontrou no empreendedorismo um caminho para unir propósito, impacto social e sustentabilidade. Em 2021, no período de pós-pandemia de Covid-19, ela fundou a Natur Yoga, empresa que une turismo regenerativo, bem-estar e protagonismo feminino.
"Na época, o mundo buscava respirar novamente e as mulheres que chegavam até mim carregavam o peso da exaustão, como excesso de telas, pressões profissionais, sobrecarga de papéis sociais. Foi aí que encontrei meu propósito: criar um espaço seguro e regenerativo, onde mulheres pudessem se reconectar com elas mesmas, entre si e com a natureza", conta Bruna.
A empresa de Bruna, explica ela, oferece jornadas de autoconhecimento, imersões femininas e viagens conscientes por meio da combinação de yoga, meditação, rodas de conversa, caminhadas contemplativas e práticas de bem-estar ao ar livre. O público é formado por mulheres diversas: mães solo, mulheres 60+, integrantes da comunidade LGBTQIA+, mulheres neurodivergentes e estrangeiras que vivem no Brasil.
Além disso, a empresa promove impacto econômico e social. Cozinheiras, artesãs, terapeutas e produtoras locais, em sua maioria mulheres, integram a rede de parcerias da empresa. Apesar dos desafios — tais como: empreender sem rede de apoio familiar, conquistar credibilidade sendo jovem e mulher em um setor tradicional e defender o conceito pouco conhecido de turismo regenerativo —, Bruna destaca que o apoio do Sebrae/PR foi fundamental para estruturar seu negócio.
"Participo de cursos, palestras e do programa Sebrae Delas, que me ajudam a estruturar processos e a enxergar o negócio de forma estratégica. Inclusive, fiz o curso Viajantes + Seguras, promovido pelo Sebrae dentro das trilhas de conhecimento, que reconheceu e certificou nossas boas práticas de segurança para mulheres no turismo", conta Bruna.
Com a conquista do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, Bruna celebra a confirmação de que seu trabalho gera impacto concreto e abre caminho para ampliar a atuação. “É mais do que um prêmio, é uma virada de chave. Mostra que não caminhamos sozinhas e que é possível avançar com apoio e estratégia. É o momento em que um sonho começa a se transformar em um negócio capaz de gerar impacto social e econômico duradouro", enfatiza a empreendedora.
Pequenos negócios
Patrícia do Rocio Baudy, de 44 anos, fundadora da Confidence Semijoias, é a vencedora na categoria Pequenos Negócios. Sua trajetória é um exemplo de resiliência: mãe jovem, sobrevivente de um relacionamento abusivo e portadora de uma doença autoimune, ela construiu um negócio de impacto que, por meio de um modelo inovador de consignação, oferece a centenas de mulheres a oportunidade de empreender sem investimento inicial, para conquistar independência financeira e autoestima.
A motivação de Patrícia veio da necessidade de recomeçar sua vida com dignidade e liberdade. Com apenas R$ 5.000, ela identificou no modelo de consignação a chave para resolver uma dor comum: a falta de capital para mulheres começarem a empreender. A Confidence nasceu como um movimento que transforma dificuldades em oportunidades.
Mais do que vender semijoias, a Confidence entrega pertencimento e uma rede de apoio. Seu grande diferencial é o propósito social profundamente enraizado. O modelo permite que revendedoras gerem renda imediata, enquanto a empresa amplia seu alcance para mais de 4.200 pontos de venda no país, um quiosque físico e e-commerce. O impacto extrapola as vendas, com apoio a projetos, como o Instituto Batom e comunidades vulneráveis.
Vencer o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios valida um modelo de negócio que coloca o empoderamento feminino no centro de sua estratégia. Para Patrícia, cada conquista é coletiva. A lição mais valiosa de sua jornada é que "quando uma mulher vence, ela abre portas para muitas outras". Seu conselho para outras empreendedoras reflete sua essência: "Não espere as condições perfeitas. Comece com o que tem. Coragem e persistência valem mais que qualquer recurso."
Resultado:
Pequenos negócios
1º lugar: Patricia do Rocio Baudy - Curitiba
2º lugar: Tatiana Perim - Morretes
3º lugar: Gabrielle Gasparin - Colombo
Produtora rural
1º lugar: Gelir Maria Giombelli - Toledo
2º lugar: Clotilde Zai - Colombo
3º lugar: Claudia Adão - Faxinal
Microempreendedora Individual
1º lugar: Bruna Louise Schroeder Martins – Campo Largo
2º lugar: Josiane dos Santos da Silva Simonett – Pontal do Paraná
3º lugar: Edicléia Fátima da Silva - Ampére
Ciência e tecnologia
1º lugar: Ana Paula Murakawa - Londrina
2º lugar: Rosangela Stum Nonemacher - Dois Vizinhos
3º lugar: Fabiana Muranaka do Bomfim e Araujo - Curitiba
Negócios internacionais
1º lugar: Lia Rosa Barros - Curitiba
2º lugar: Kathlyn Vieira Barbosa – São José dos Pinhais
3º lugar: Natalia Bertol Michelin – Francisco Beltrão
Sobre o Prêmio
Promovido pelo Sebrae desde 2004, o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios reconhece iniciativas que transformam realidades locais, valorizam a inovação e incentivam a autonomia econômica de mulheres em diferentes setores. O PSMN já inspirou milhares de empreendedoras brasileiras e contribuiu para o fortalecimento do papel da mulher no desenvolvimento econômico e social.
O reconhecimento é dividido em três etapas: estadual, regional e nacional. Na fase inicial, são selecionadas até cinco candidatas por estado e pelo Distrito Federal, sendo uma representante de cada categoria. As vencedoras avançam para a etapa regional, de caráter eliminatório, na qual são escolhidas as melhores de cada uma das cinco regiões do país (Sul, Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste). Cada região indica uma candidata por categoria para a fase nacional, reunindo até 25 finalistas na grande decisão.
Presenças
Prestigiaram também o evento que teve a participação de mulheres que participaram da Caravana Sebrae Delas durante o dia 20, no Sebrae/PR, o diretor-técnico do Sebrae/PR, César Rissete; o diretor de Administração e Finanças, José Gava Neto, a deputada estadual Márcia Huçulak; e a vereadora de Curitiba, Carlise Kwiatkowski, além de lideranças dos setores público e privado.
Cada uma das categorias premiou três empreendedoras finalistas. O Paraná foi o estado com o segundo maior número de inscrições em todo o Brasil, atrás apenas de São Paulo. O resultado reflete a relevância e o crescimento da presença feminina no cenário empreendedor paranaense.
O diretor-superintendente do Sebrae/PR, Vitor Roberto Tioqueta, destacou que cada empreendedora presente no evento carrega um exemplo que incentiva outras pessoas a acreditarem no empreendedorismo como força transformadora.
“As mulheres fazem a diferença, contribuem para que os ambientes de negócios sejam cada vez mais inclusivos e humanos. Este prêmio é mais do que um reconhecimento individual; é um movimento coletivo em prol da equidade e da inovação. O futuro dos negócios tem voz, rosto e coração feminino", enfatizou Tioqueta.
O vice-governador do Paraná, Darci Piana, evidenciou que reconhecer e celebrar o empreendedorismo feminino é justo e necessário, e que a premiação entregue pelo Sebrae/PR simboliza mais do que mérito individual.
"Quando mulheres empreendem com confiança, ajudam a consolidar um ambiente empresarial mais igualitário. Essa iniciativa do Sebrae reflete essa visão, e o Governo do Paraná incentiva essa força por meio de programas como o Banco da Mulher Paranaense, inclusive criamos uma secretaria dedicada às mulheres”, disse Piana.
Agora, as primeiras colocadas avançam para a etapa regional do prêmio. Nessa fase, elas competirão com vencedoras de outros estados, em busca de uma vaga na etapa nacional do PSMN, considerada a mais importante premiação voltada ao empreendedorismo feminino no País.
Conheça as ganhadoras:
Produtora rural
Prestes a completar 60 anos, a produtora rural Gelir Maria Giombelli, da Linha Catuaí, em Toledo, celebra uma trajetória de vida dedicada ao campo com a conquista do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2025, na categoria Produtora Rural.
Vinda de uma família ligada ao cultivo de grãos, Gelir seguiu por outro caminho e, ao lado da mãe, passou 20 anos trabalhando na produção de leite. “Arrendei parte das terras do meu pai e, em conjunto com minha mãe, fomos entendendo as possibilidades que o leite poderia nos dar. Dediquei-me à produção de queijos, precisei me reinventar quando enfrentei problemas familiares e me vi com a responsabilidade de criar meus filhos. Foi então que busquei aperfeiçoamento e novas possibilidades”, recorda.
O apoio do Sebrae/PR foi decisivo nesse processo. “O Sebrae me ajudou a organizar tudo dentro da lei. Fiz cursos, me preparei e hoje vejo que consegui realizar sonhos através do que construí, como viajar para a Itália. Muitas vezes nem acreditamos que é possível, mas o Sebrae mostra que sim”, afirma.
Atualmente, Gelir é proprietária de uma fábrica de queijos que produz mais de 500 quilos por mês. Entre os tipos estão o Tomme Negro D’Oeste, o colonial maturado, o colonial fresco e o Bellagio (à base de cidreira). A produção é comercializada em todo o Paraná, com certificação do SUSAF — Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte.
A premiação foi recebida com emoção. “Quando me informaram que eu era uma das indicadas, fiquei muito emocionada. A sensação era de que precisava gritar aos quatro ventos que consegui”, conta orgulhosa.
Negócios internacionais
Premiada na categoria Negócios Internacionais, Lia Barros, de 57 anos, moradora do bairro Cabral, em Curitiba, carrega no currículo uma trajetória marcada por coragem, resiliência e reinvenção. Sua história como empreendedora começou em 2008, em Buenos Aires, quando abriu uma escola de idiomas. “Sempre soube que tinha perfil para empreender, mas foi só ali que vontade, oportunidade e necessidade se encontraram”, recorda.
Poucos anos depois, em 2014, ela migrou para a área de ecoturismo e, em 2018, oficializou na Argentina a Slow & Steady Travel, empresa que chegaria ao Brasil em 2022. O negócio tem como proposta criar experiências de turismo sustentável voltadas a pessoas a partir dos 50 anos. São grupos ou viagens pensadas sob medida, que podem incluir bem-estar, expedições de fotografia ou roteiros exclusivos para mulheres. "A ideia é ir além do lazer e proporcionar contato real com a natureza, cultura e comunidades locais", explica a empreendedora.
Nada disso, porém, aconteceu sem obstáculos. Lia enfrentou a pandemia com um hotel recém-inaugurado e viu o setor de turismo praticamente parar no mundo inteiro. Teve de desconstruir e reconstruir o negócio, fechando o hotel em 2023, mas sem abrir mão dos princípios que sempre nortearam sua atuação: sustentabilidade, diversidade, igualdade e inclusão. No meio do caminho, também encarou um câncer de mama e os desafios de ser mãe solo de duas filhas.
“Minha jornada foi sempre a plenos pulmões, usando meus próprios recursos. O principal desafio é que, para investidores, mulheres a partir dos 50 anos são invisíveis, descartáveis. Mas seguimos, porque temos muito a oferecer”, afirma a empreendedora.
A experiência internacional foi fundamental para expandir horizontes. Com dupla nacionalidade, argentina e brasileira, Lia conseguiu levar a Slow para além das fronteiras e atrair clientes estrangeiros interessados em viver o Brasil de forma autêntica e responsável.
"Receber este prêmio é mais que um reconhecimento profissional: é a validação de toda uma trajetória de luta. Faz valer a pena cada momento difícil. Mostra que nós, mulheres com mais de 50 anos, estamos vivas, produtivas e cheias de energia, além de impactar positivamente e ajudar a fortalecer minha imagem de empreendedora sustentável e elevar a Slow a um patamar de seriedade que, tenho certeza, nos dará excelentes frutos", enfatiza Lia.
Ciência e Tecnologia
A ganhadora da categoria Ciência e Tecnologia, Ana Paula Murukawa, é apaixonada pelo propósito transformador da educação e da tecnologia e diz ter encontrado um novo tipo de realização ao empreender com a edtech Decola. “Desde cedo, a escola foi meu porto seguro. Aos 13 anos, reunia colegas para ensinar e, sem perceber, construí minha autoestima e propósito”, conta.
Três décadas depois, o poder da escola de impactar vidas transformou a trajetória de Ana Paula e, hoje, ela comemora a conquista do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2025. Em pouco mais de dois anos de trajetória, a startup londrinense de educação já superou o ponto de equilíbrio no primeiro ano de operação e alcançou marcas de grande impacto: foram 10 mil alunos e mais de 500 professores envolvidos, com mil projetos de inovação idealizados e 300 atores do ecossistema conectados.
Ana Paula explica que o maior diferencial da edtech é a metodologia exclusiva, inspirada nos programas de formação de incubadoras e aceleradoras. “Trazemos a cultura das startups para dentro da escola. Com uma abordagem fora da caixa, escalável e replicável. Integramos, de forma transversal, diferentes disciplinas para resolver problemas reais da comunidade local porque transformamos a escola em polos de inovação”, explica a fundadora do Decola.
Ela afirma que criar o Decola e desenvolver a metodologia Startup School foi o seu jeito de provar que as mulheres podem liderar projetos de impacto, além de construir pontes entre sonhos e oportunidades. “Ver nosso trabalho sendo reconhecido por educadores e inspirando outras escolas renovou minha certeza de que lugar de mulher é onde ela quiser”, reforça a empreendedora.
Além de estar à frente da edtech, em 2023 Ana Paula Murukawa se tornou a primeira mulher presidente da Governança APL TIC - Arranjo Produtivo Local de Tecnologias da Informação e Comunicação, do Ecossistema de Londrina. Hoje ela é a líder da Governança Redfoot, Comunidade das Startups do Norte do Paraná. “Meu sonho é que cada jovem descubra, como eu, que aprender e ensinar muda destinos”, afirma Ana Paula.
Microempreendedora individual
Aos 29 anos, a comunicadora e professora de yoga Bruna Louise Schroeder Martins, moradora da cidade de Campo Largo, encontrou no empreendedorismo um caminho para unir propósito, impacto social e sustentabilidade. Em 2021, no período de pós-pandemia de Covid-19, ela fundou a Natur Yoga, empresa que une turismo regenerativo, bem-estar e protagonismo feminino.
"Na época, o mundo buscava respirar novamente e as mulheres que chegavam até mim carregavam o peso da exaustão, como excesso de telas, pressões profissionais, sobrecarga de papéis sociais. Foi aí que encontrei meu propósito: criar um espaço seguro e regenerativo, onde mulheres pudessem se reconectar com elas mesmas, entre si e com a natureza", conta Bruna.
A empresa de Bruna, explica ela, oferece jornadas de autoconhecimento, imersões femininas e viagens conscientes por meio da combinação de yoga, meditação, rodas de conversa, caminhadas contemplativas e práticas de bem-estar ao ar livre. O público é formado por mulheres diversas: mães solo, mulheres 60+, integrantes da comunidade LGBTQIA+, mulheres neurodivergentes e estrangeiras que vivem no Brasil.
Além disso, a empresa promove impacto econômico e social. Cozinheiras, artesãs, terapeutas e produtoras locais, em sua maioria mulheres, integram a rede de parcerias da empresa. Apesar dos desafios — tais como: empreender sem rede de apoio familiar, conquistar credibilidade sendo jovem e mulher em um setor tradicional e defender o conceito pouco conhecido de turismo regenerativo —, Bruna destaca que o apoio do Sebrae/PR foi fundamental para estruturar seu negócio.
"Participo de cursos, palestras e do programa Sebrae Delas, que me ajudam a estruturar processos e a enxergar o negócio de forma estratégica. Inclusive, fiz o curso Viajantes + Seguras, promovido pelo Sebrae dentro das trilhas de conhecimento, que reconheceu e certificou nossas boas práticas de segurança para mulheres no turismo", conta Bruna.
Com a conquista do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, Bruna celebra a confirmação de que seu trabalho gera impacto concreto e abre caminho para ampliar a atuação. “É mais do que um prêmio, é uma virada de chave. Mostra que não caminhamos sozinhas e que é possível avançar com apoio e estratégia. É o momento em que um sonho começa a se transformar em um negócio capaz de gerar impacto social e econômico duradouro", enfatiza a empreendedora.
Pequenos negócios
Patrícia do Rocio Baudy, de 44 anos, fundadora da Confidence Semijoias, é a vencedora na categoria Pequenos Negócios. Sua trajetória é um exemplo de resiliência: mãe jovem, sobrevivente de um relacionamento abusivo e portadora de uma doença autoimune, ela construiu um negócio de impacto que, por meio de um modelo inovador de consignação, oferece a centenas de mulheres a oportunidade de empreender sem investimento inicial, para conquistar independência financeira e autoestima.
A motivação de Patrícia veio da necessidade de recomeçar sua vida com dignidade e liberdade. Com apenas R$ 5.000, ela identificou no modelo de consignação a chave para resolver uma dor comum: a falta de capital para mulheres começarem a empreender. A Confidence nasceu como um movimento que transforma dificuldades em oportunidades.
Mais do que vender semijoias, a Confidence entrega pertencimento e uma rede de apoio. Seu grande diferencial é o propósito social profundamente enraizado. O modelo permite que revendedoras gerem renda imediata, enquanto a empresa amplia seu alcance para mais de 4.200 pontos de venda no país, um quiosque físico e e-commerce. O impacto extrapola as vendas, com apoio a projetos, como o Instituto Batom e comunidades vulneráveis.
Vencer o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios valida um modelo de negócio que coloca o empoderamento feminino no centro de sua estratégia. Para Patrícia, cada conquista é coletiva. A lição mais valiosa de sua jornada é que "quando uma mulher vence, ela abre portas para muitas outras". Seu conselho para outras empreendedoras reflete sua essência: "Não espere as condições perfeitas. Comece com o que tem. Coragem e persistência valem mais que qualquer recurso."
Resultado:
Pequenos negócios
1º lugar: Patricia do Rocio Baudy - Curitiba
2º lugar: Tatiana Perim - Morretes
3º lugar: Gabrielle Gasparin - Colombo
Produtora rural
1º lugar: Gelir Maria Giombelli - Toledo
2º lugar: Clotilde Zai - Colombo
3º lugar: Claudia Adão - Faxinal
Microempreendedora Individual
1º lugar: Bruna Louise Schroeder Martins – Campo Largo
2º lugar: Josiane dos Santos da Silva Simonett – Pontal do Paraná
3º lugar: Edicléia Fátima da Silva - Ampére
Ciência e tecnologia
1º lugar: Ana Paula Murakawa - Londrina
2º lugar: Rosangela Stum Nonemacher - Dois Vizinhos
3º lugar: Fabiana Muranaka do Bomfim e Araujo - Curitiba
Negócios internacionais
1º lugar: Lia Rosa Barros - Curitiba
2º lugar: Kathlyn Vieira Barbosa – São José dos Pinhais
3º lugar: Natalia Bertol Michelin – Francisco Beltrão
Sobre o Prêmio
Promovido pelo Sebrae desde 2004, o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios reconhece iniciativas que transformam realidades locais, valorizam a inovação e incentivam a autonomia econômica de mulheres em diferentes setores. O PSMN já inspirou milhares de empreendedoras brasileiras e contribuiu para o fortalecimento do papel da mulher no desenvolvimento econômico e social.
O reconhecimento é dividido em três etapas: estadual, regional e nacional. Na fase inicial, são selecionadas até cinco candidatas por estado e pelo Distrito Federal, sendo uma representante de cada categoria. As vencedoras avançam para a etapa regional, de caráter eliminatório, na qual são escolhidas as melhores de cada uma das cinco regiões do país (Sul, Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste). Cada região indica uma candidata por categoria para a fase nacional, reunindo até 25 finalistas na grande decisão.
Presenças
Prestigiaram também o evento que teve a participação de mulheres que participaram da Caravana Sebrae Delas durante o dia 20, no Sebrae/PR, o diretor-técnico do Sebrae/PR, César Rissete; o diretor de Administração e Finanças, José Gava Neto, a deputada estadual Márcia Huçulak; e a vereadora de Curitiba, Carlise Kwiatkowski, além de lideranças dos setores público e privado.