A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) de Toledo reuniu na manhã desta terça-feira (9), no Espaço Work da Usina do Conhecimento, representantes da Secretaria da Cultura (SMC), do Núcleo Regional Estadual de Educação (NRE) e da Secretaria Municipal de Educação (Smed) para a apresentação do projeto “Rio com Vida”. A proposta, elaborada a partir de uma demanda apresentada pelo Ministério Público da Comarca de Toledo, tem como meta a recuperação da área urbana da microbacia do Rio Marreco. Esta foi a terceira reunião com apoiadores realizada desde o início do projeto, em agosto deste ano.
O trecho urbano do Marreco – cuja nascente está no Jardim Gisela – inclui cinco afluentes: Sanga Panambi, Sanga Cerro Corá, Sanga Pyahu, Sanga Jacutinga e outra sanga ainda sem denominação. Grande parte das nascentes destes córregos se encontram canalizados em bairros densamente habitados, como Jardim La Salle, Vila Becker, Grande Coopagro, Jardim Tocantins, Vila Industrial, Jardim Gisela e parte do Centro.
Segundo a bióloga Lilian Queli Ferreira Cardoso Borges, da SMMA, o diagnóstico inicial apontou um cenário preocupante, com acúmulo de lixo, assoreamento, ausência de vegetação ciliar e má qualidade da água. “O trecho urbano do Marreco pode ser considerado um ambiente sem vida. Algo precisa ser feito para mudar esta condição”, comenta. “Este projeto surgiu de uma demanda da 3ª Promotoria de Justiça de Toledo, que cuida de causas relacionadas ao meio ambiente e tem acompanhado a situação desta bacia hidrográfica há vários anos”, explica.
Lilian ressalta também que algumas ações já haviam ocorrido, “sendo que neste ano foi construída uma nova proposta cujo nome do projeto incorpora um de seus principais propósitos, que é possibilitar a existência de vida ao rio, por meio das pessoas que são convidadas a fazer parte desta mudança”, detalha.
Etapas – O plano de recuperação está dividido em três etapas. A primeira, já em andamento, trata do diagnóstico e planejamento, com mapeamento das áreas críticas e construção de uma rede de trabalho, por meio de parcerias, construindo uma agenda comum. A segunda etapa, prevista para começar em 2026, envolve monitoramento, fiscalização e ações de educação ambiental. Por fim, a terceira fase prevê a implementação das intervenções, como restauração da mata ciliar, manejo de resíduos e execução de obras necessárias. A previsão é concluir os trabalhos em agosto de 2027.
Entre os instrumentos que darão suporte à iniciativa está a Lei nº 2.920/2025, que institui a campanha “Amigos do Rio Marreco”. Ela prevê atividades de conscientização, como palestras sobre conservação dos recursos hídricos e mutirões de limpeza.
O secretário municipal da Cultura, Gabriel Furlan, acredita no potencial da parceria e aposta na adesão de artistas locais. “É interessante a realização de chamamentos públicos para atividades culturais, que podem contribuir para a sensibilização da população, especialmente a que vive na região da microbacia.”, pontua.
Sociedade envolvida – As escolas municipais e colégios estaduais situados dentro da bacia também serão protagonistas, por meio do engajamento de alunos em atividades educativas e práticas. O grupo de trabalho que coordena o “Rio com Vida” destaca que a participação da comunidade adulta e idosa é igualmente fundamental. “Ações como esta despertam um sentimento de pertencimento e conscientização da população sobre os rios que passam perto de sua casa. Isso é um conceito de ciência cidadã que, dando certo na bacia do Rio Marreco, poderá se estender para outras bacias de nosso município”, salienta a tecnóloga em Saneamento da SMMA, Ana Paula Soares Berte.
O encontro desta terça-feira resultou no consenso de que até dezembro de 2025 será elaborada uma agenda comum, com cronograma detalhado das ações, para que a implementação efetiva comece em março do ano que vem. A programação em 2026 contemplará o Dia Mundial da Água, o Junho Verde e um evento técnico-científico organizado em parceria com instituições de ensino superior que ainda será definido.
Até o dia 30 de setembro, os parceiros precisam apresentar a definição de suas contribuições específicas. Em 10 de outubro, às 14h, uma nova reunião será realizada junto com Ministério Público para alinhar as propostas.
Ao final da reunião, todos puderam compartilhar iniciativas e recursos disponíveis que podem fortalecer a execução do projeto. Sugestões como mutirões comunitários, ações culturais e mobilização de estudantes foram destacadas como caminhos para dar vitalidade ao “Rio com Vida”.
Presenças – Além de Lilian, Gabriel e Ana Paula, estiveram presentes no encontro a diretora do Departamento de Licenciamento Ambiental da SMMA, Liliane Dória; as coordenadoras de Educação Ambiental da Smed, Sandra Inês Reisdorfer Kopeginski e Jaqueline Cristine Previatti Mioranza; o coordenador de Eventos Culturais da SMC, Fabrício Zampieri Mologni; e, representando o NRE/Toledo, a integrante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Paraná 3, Mirle Felix, e a professora do Colégio Estadual Francisco Galdino de Lima, Silvana Gomack Gomes, idealizadora do projeto “Tampinhas que Restauram”, já premiado em âmbito estadual e nacional.
