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GERAL

No exterior, o Brasil é visto como um País de oportunidades, afirma o professor e músico, Engelmann

Em recente viagem para Filadélfia, o filósofo, músico, mestre em educação e colaborador da Rede La Salle, unidade Toledo, Nelson Engelmann participou do Diplomat-in-Residence Program, na Filadélfia - Pensilvânia – EUA, promovido pela La Salle University. O Programa abordou diversas temáticas, como: Dez anos após o 11 de setembro; A guerra Norte Americana contra terrorismo e a Grécia e a crise do Euro. No caso, Engelmann participou da conferência que teve como tema: “Dificuldades, amizades e esperança em uma favela brasileira” "Friendship, Hardship, and Hope in a Brazilian Favela", com Michael Kerlin (Associate Partner, McKinsey & Company). Segundo o professor, o objetivo foi apresentar qual é o contexto em que as favelas se encontram no País. Ele afirmou que a temática brasileira foi respeitada pelos participantes do Programa.

18/12/2011 - 11:16


De acordo com Engelmann, o Brasil é considerado um país de oportunidades que está em fase de desenvolvimento e a Conferência foi uma oportunidade para apresentar um pouco desta realidade. “Naquele momento específico, o Brasil vivia a invasão das favelas pelo BOPE e a captura de traficantes. Contudo, temos projetos voltados para esta situação de risco. Eu procurei levar um pouco da minha experiência e da nossa realidade. Em Toledo, temos vários projetos que são desenvolvidos e possuem sustentabilidade. Procurei apresentar alguns trabalhos que são desenvolvidos na Casa de Maria”.
Engelmann lembrou que durante uma conversa com a coordenação do evento, ele procurou explicar que o Brasil não é aquilo que se vê no Rio de Janeiro ou São Paulo com a situação do tráfico de drogas, mas sim, há várias pessoas desenvolvendo ótimos projetos com a população. “Por 15 anos trabalhei como professor no Estado e tive a oportunidade de circular por muitas áreas. Depois fiz a minha especialização em História do Brasil; o mestrado em educação e agora doutorado em administração. Então se abre um leque de discussões e de estudos. Por sua vez, a música sempre esteve ao lado de todo este novo conhecimento adquirido por mim. Eu tenho a carteira profissional em viola, violão e canto. Sempre trouxe comigo além da formação como educador também como músico. Mesmo na regência de corais que eu tenho como profissão a muitos anos. Este paralelo sempre existiu. Nos EUA, tive a oportunidade de tocar um pouco para eles. De uma forma simples, porque não sou pianista, mas podemos oferecer algo que temos experiências”.
Economia
Conforme o professor e músico, Nelson Engelmann, o povo norte-americano tem uma impressão do Brasil pelo o que a mídia mostra. “Nós temos uma mídia um pouco sensacionalista e não temos tempo para discutir os fatos, porque há somente o interesse de ibope e não mostra uma realidade daquilo que acontece”.
A discussão, conforme o professor, não esteve voltada somente o Brasil do tráfico de drogas, do carnaval e do futebol, mas também de um País com suas oportunidades. “É um país que está em desenvolvimento e acreditamos nisso. O Brasil teve um sério problema durante a sua colonização, porque no momento em que era colonizado já era considerado subdesenvolvido. Diferente dos norte americanos que tiveram a sua colonização voltada para o desenvolvimento. No entanto, por ex. em Brasília - a poucos quilômetros – há uma qualidade de vida superior a qualquer parte do mundo, mas também do que a pior. Este contraste é agressivo para todos, porém pobreza não é vergonha, mas a miséria sim. É lamentável saber que muita coisa ainda pode ser feita”.
Ele lembrou que no encerramento das atividades da Casa de Maria deste ano ele procurou conversar com a comunidade e agradecer a presença de todos. “Disse aos participantes que é mais uma oportunidade que eles dão aos filhos para construir uma nova perspectiva de mundo e de sociedade”.
Cultura
O músico relatou que os países da América do Sul também acreditam no Brasil, em especial o Chile. “Quando se fala da cultura brasileira há muita coisa boa que acontece e não vemos, mas eles sim. A música brasileira é um exemplo. Ela é muito rica, porém a maioria das pessoas pensa somente em seu consumo. Uma música é lançada, mas ela tem que ser vendida rapidamente para logo lançar outra. Há músicas que são sucessos agora, mas depois são esquecidas. No entanto, temos músicas que estão na história e são desconhecidas pelas novas gerações. Devemos propor isso para as crianças e os adolescentes para que no futuro eles dêem continuidade a nossa história”.
Ele enfatizou que é preciso reforçar e fazer com que mais pessoas conheçam a cultura musical do Brasil. “Agora viajando pelo Paraná visitei cinco cidades com um espetáculo e o grupo apresentou o repertório brasileiro composto por Carinhoso, Aquarela do Brasil. Por que isto não é a nossa realidade diariamente? Durante o encontro, um americano falou que cada frase tinha tanta musicalidade que ele tinha dificuldade de tirar a música. Uma música você pode ouvi-lá várias vezes até aprendê-la melhor, mas ela não se torna de consumo. No entanto, este consumo - muitas vezes - desenfreado na nossa música fica a pergunta: É a melhor música que temos no Brasil ou não?”.
Corais
O músico, Nelson Engelman, é responsável pela regência de alguns corais de empresas de Toledo, como Copel e Sadia. Ele contou que neste ano completou 15 anos que é regente do grupo de Sadia. “Quando começamos era uma empresa privada. Em 2011, retomamos o coral nas cinco regionais do Paraná: Curitiba, Maringá, Londrina, Ponta Grossa e Cascavel. Ao retomar com este trabalho foi uma grande vitória para as pessoas que estavam lá. Elas tiveram contato com musicalidade. Quando se descobrem na música e se desenvolvem na sua trajetória cantam músicas brasileiras. É a nossa música, a nossa história, a nossa realidade. Nós devemos resgatar isso e estes espaços são fantásticos, porque é ali que você consegue discutir um pouco mais tudo isso”.
Reconte a nossa história
De acordo com Engelmann, uma discussão que teve início é a continuidade destes projetos pela nova geração. “Isto está sendo discutido há tempo. Entretanto, primeiramente devemos desenvolver políticas de sustentabilidade. Não podemos ter projetos somente momentâneos. Há bons trabalhos voluntariados? Há. Mas é preciso que os jovens tenham continuidade naquilo que está sendo desenvolvido com eles. Se as nossas políticas forem construídas em cima destes projetos, mas com sustentabilidade, tenho a certeza que o Brasil vai oferecer muito mais do que tem hoje. É esta a esperança. Lá fora o Brasil é um País de oportunidades. E ficamos contentes com isso. A nossa arte é rica e a nossa cultura é multicultural. Isso faz com o Brasil tenha novas oportunidades lá fora, algo que aqui não tem, mas eu acredito no Brasil e tenho fé. Vejo pessoas que estão buscando fazer o melhor a cada dia e eu - sempre que possível - estarei contribuindo, sempre!”.

Texto Graciela Souza

Entrevista Selma Becker

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