Pesquisadores e especialistas em tributação explicam que o Brasil está entrando em uma das maiores mudanças do sistema de impostos das últimas décadas. A transição para um novo modelo, inspirado no IVA (Imposto sobre Valor Agregado), promete simplificar regras, reduzir burocracias e tornar mais transparente o quanto se paga de tributos.
O novo sistema será formado por dois impostos: a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços, federal) e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços, estadual e municipal). Eles substituem uma série de tributos atuais, como ICMS, ISS, PIS e Cofins.
2026 será um ano de testes
De acordo com o governo federal, 2026 funcionará como um “ano-laboratório”. As empresas deverão adaptar sistemas, notas fiscais e processos internos para incluir as informações exigidas pelo novo modelo, mas a cobrança efetiva dos novos impostos não começará ainda. O objetivo é corrigir falhas antes que a mudança impacte os preços e o caixa das empresas.
Impostos mais simples e transparentes
Hoje, cada estado e município possui regras próprias – o que gera confusão e custos altos para empresas. Com a padronização, especialistas afirmam que deve ficar mais fácil saber exatamente quanto se paga de imposto em cada compra e venda.
Outra mudança importante é o modelo “tributo por fora”: a alíquota aparecerá destacada na nota fiscal, permitindo que consumidores e empresas entendam claramente o valor real do produto e o valor do imposto.
Créditos mais amplos ao longo da cadeia produtiva
No novo sistema, tudo o que a empresa comprar para sua atividade poderá gerar créditos tributários. Isso inclui energia elétrica, serviços contratados e insumos. Esse crédito é usado para abater o imposto devido na venda dos produtos ou serviços.
Com isso, compras passam a ser mais estratégicas, e a contabilidade ganha papel central na análise de custos e precificação.
Impacto nos preços e nos negócios
Especialistas alertam que a reforma tende a reduzir distorções que hoje influenciam decisões das empresas. Na prática, modelos de produção mais eficientes tendem a ser favorecidos. A expectativa do governo e de economistas é que a simplificação ajude a elevar a produtividade do país no longo prazo.
A transição, no entanto, será gradual: o IBS terá alíquota inicial simbólica em 2027 e 2028, e o sistema só deve estar completamente implantado em 2033.
Consumidores não devem sentir grandes alterações imediatas
Para os consumidores, a principal mudança será a transparência: será mais fácil enxergar quanto do preço é composto por tributos. Como a reforma promete manter a carga tributária total estável, não são esperadas grandes oscilações nos preços no curto prazo.
Entenda mais neste resumo:
O que é: CBS e IBS — explicado como se fosse numa conversa
- CBS = Contribuição sobre Bens e Serviços (federal).
- IBS = Imposto sobre Bens e Serviços (estadual/municipal).
Pense neles como dois "IVA" no Brasil: um que vai para a União (CBS) e outro que fica com estados/municípios (IBS). Eles substituem tributos atuais como PIS, Cofins, ICMS e ISS.
1) Quando começa e o "ano de testes" (2026)
- Início formal: 1º de janeiro de 2026 foi definido como a data de entrada em vigor das novas regras.
- Mas atenção: 2026 foi pensado como ano de testes para que empresas e sistemas ajustem notas, campos e processos — sem impacto imediato no caixa como cobrança definitiva. Ou seja: testar, enviar informações e corrigir antes de o dinheiro começar a entrar de verdade.
2) Como funciona a regra de créditos (não-cumulatividade)
- No modelo IVA, tudo que você compra para usar na atividade gera um crédito; tudo que você vende gera débito. Esses créditos servem para abater o imposto devido nas vendas.
- Na prática: se uma fábrica compra insumos, ela poderá recuperar (por meio de crédito) parte dos tributos pagos nesses insumos quando vender o produto final. Isso reduz a “cascata” de tributos sobre tributos.
3) “Tributo por fora” e transparência das notas fiscais
- As alíquotas e valores de CBS/IBS deverão ser mostrados destacadamente nas notas (preço sem tributo + tributo por fora). Isso facilita comparar preços entre fornecedores e entender quanto é imposto.
- As notas fiscais eletrônicas (NF-e/NFC-e) tiveram atualizações técnicas para incluir novos campos; o fisco tem flexibilizado validações para favorecer a transição.
4) Cronograma prático
- 2026: ano de testes — empresas já deverão adaptar sistemas e obrigações acessórias.
- 2027–2028: IBS terá alíquota simbólica de 0,1% (fase operacional/experimental); CBS é ajustada para manter neutralidade.
- 2029–2032: transição gradual — alíquotas do IBS sobem progressivamente enquanto ICMS/ISS vão sendo reduzidos, fase a fase.
- 2033: previsão de conclusão da troca (IBS em alíquota plena; ICMS e ISS extintos como eram).
5) Quem ganha e quem precisa se preparar
- Ganha: empresas que têm boa gestão de compras/fornecedores e que trabalham B2B (empresas que vendem para outras empresas, não direto ao consumidor) — podem recuperar mais créditos e reduzir custo tributário embutido.
- Precisa se preparar: praticamente toda empresa — especialmente TI/ERP, departamento fiscal, contabilidade e tesouraria. Quem não estiver pronto pode ter problemas operacionais (rejeição de notas, erro de apuração, impacto no fluxo de caixa).
6) Impactos no dia a dia das empresas
Atualizar sistemas fiscais e ERP para incluir campos de CBS/IBS e gerenciar créditos.
- Mapear NCMs/serviços (o que gera crédito ou isenção).
- Rever contratos com fornecedores (para que apontem tributos e documentos) — o direito ao crédito depende de documentação correta.
- Preparar a tesouraria para lidar com antecipações, split payments e recuperação de créditos.
- Treinar contabilidade para transformar dados fiscais em estratégia (precificação, caixa, auditoria).
7) E os preços para o consumidor — vão subir?
Em regra, não há previsão automática de aumento generalizado: o modelo muda a forma de cobrança e aumenta transparência, mas a carga tributária total foi pensada para ser neutra no processo de transição. Contudo, em setores com pouca possibilidade de recuperar créditos, pode haver ajuste de preço. Em suma: transparência aumenta; variação de preço dependerá de setor e estratégia empresarial.
8) Riscos e problemas que podem aparecer na transição
- Erros em notas fiscais (rejeições) — por isso as autoridades têm flexibilizado validações no começo.
- Descompasso de fluxo de caixa: crédito só vira recurso quando aproveitado; empresas com capital de giro fraco podem sentir pressão.
- Falhas de governança de dados: sem controle rigoroso de documentação, o direito ao crédito pode ser negado em fiscalização.
9) Dicas práticas para micro e pequenas empresas
- Comece mapeando os principais insumos e serviços (o que compra mais).
- Verifique com seu contador se o Simples/Presumido tem vantagens na nova configuração.
- Priorize correção de dados fiscais (notas emitidas/recebidas) — sem isso, não há crédito.
- Se possível, teste atualizações no sistema antes de janeiro de 2026 (ano de testes), aproveitando a fase sem cobrança efetiva.
10) Perguntas frequentes rápidas
- A reforma começa mesmo em 2026? Sim — o marco legal prevê início em 1º/01/2026, com 2026 como ano de testes e adaptações.
- O que é crédito recuperável? É o imposto pago em compras que pode ser abatido do imposto devido nas vendas.
- Vou precisar alterar preço ao consumidor? Nem sempre — a transparência aumenta; ajustes dependem de setor e capacidade de recuperar créditos.
E agora, que tal checklist prático para discutir com seu contador:
1) Sistemas e Notas Fiscais
☐ Verificar se o ERP/sistema de gestão já está preparado para CBS/IBS.
☐ Conferir atualização dos campos novos nas notas fiscais (NF-e, NFC-e e NFS-e).
☐ Testar emissão e recebimento de notas com CBS/IBS durante 2026 (ano de testes).
☐ Ajustar categorias de produtos/serviços e conferir mapeamento da NCM e CEST.
☐ Validar integração com portais de NF-e e NFS-e.
☐ Conferir atualização dos campos novos nas notas fiscais (NF-e, NFC-e e NFS-e).
☐ Testar emissão e recebimento de notas com CBS/IBS durante 2026 (ano de testes).
☐ Ajustar categorias de produtos/serviços e conferir mapeamento da NCM e CEST.
☐ Validar integração com portais de NF-e e NFS-e.
2) Mapeamento de Produtos, Serviços e Insumos
☐ Listar tudo o que a empresa compra para operar (insumos, energia, peças, serviços).
☐ Classificar o que gera crédito e o que não gera no novo modelo.
☐ Revisar códigos fiscais dos itens (importante para crédito correto).
☐ Criar planilha ou dashboard de créditos potenciais por item.
☐ Classificar o que gera crédito e o que não gera no novo modelo.
☐ Revisar códigos fiscais dos itens (importante para crédito correto).
☐ Criar planilha ou dashboard de créditos potenciais por item.
3) Contabilidade e Fiscal
☐ Reunião com o contador para revisar regime atual e possíveis mudanças (Simples, Presumido etc.).
☐ Atualizar rotinas fiscais para adequar débito/crédito do IVA.
☐ Criar calendário interno de monitoramento (2026 → 2033).
☐ Preparar relatórios para auditar documentos fiscais recebidos.
☐ Atualizar rotinas fiscais para adequar débito/crédito do IVA.
☐ Criar calendário interno de monitoramento (2026 → 2033).
☐ Preparar relatórios para auditar documentos fiscais recebidos.
4) Documentação e Compliance
☐ Garantir que todos os fornecedores emitam notas corretas, com destaque de impostos.
☐ Revisar contratos para incluir cláusulas sobre:
– comprovação fiscal
– correções de notas
– responsabilidade por diferenças tributárias
☐ Implementar rotina de checagem automática das notas recebidas.
☐ Criar checklist mensal para analisar riscos e erros.
☐ Revisar contratos para incluir cláusulas sobre:
– comprovação fiscal
– correções de notas
– responsabilidade por diferenças tributárias
☐ Implementar rotina de checagem automática das notas recebidas.
☐ Criar checklist mensal para analisar riscos e erros.
5) Precificação
☐ Separar claramente:
– Preço sem tributo
– Tributo por fora (CBS + IBS)
☐ Atualizar planilhas e sistemas de precificação.
☐ Simular cenários com diferentes alíquotas para 2027–2032.
☐ Treinar equipe comercial sobre o novo modelo.
– Preço sem tributo
– Tributo por fora (CBS + IBS)
☐ Atualizar planilhas e sistemas de precificação.
☐ Simular cenários com diferentes alíquotas para 2027–2032.
☐ Treinar equipe comercial sobre o novo modelo.
6) Fluxo de Caixa e Tesouraria
☐ Avaliar impacto da recuperação de créditos no caixa.
☐ Preparar-se para operações com split payment/antecipações.
☐ Criar projeção para cada fase da transição (2026–2033).
☐ Reforçar controles de capital de giro e conciliações.
☐ Preparar-se para operações com split payment/antecipações.
☐ Criar projeção para cada fase da transição (2026–2033).
☐ Reforçar controles de capital de giro e conciliações.
7) Treinamento e Rotinas Internas
☐ Treinar equipes de:
– faturamento
– compras
– contabilidade
– financeiro
– estoque/produção
☐ Criar manual interno “Como funcionam CBS e IBS aqui dentro”.
☐ Mapear processos que existem “por causa do imposto” e podem ser simplificados.
– faturamento
– compras
– contabilidade
– financeiro
– estoque/produção
☐ Criar manual interno “Como funcionam CBS e IBS aqui dentro”.
☐ Mapear processos que existem “por causa do imposto” e podem ser simplificados.
8) Indicadores e Acompanhamento
☐ Criar KPIs para monitorar:
– % de notas corretas
– crédito gerado x crédito aproveitado
– impacto no preço final
– regressos fiscais e erros
☐ Acompanhar atualizações dos portais oficiais:
– NF-e
– NFS-e
– Ministério da Fazenda (Reforma Tributária)
– % de notas corretas
– crédito gerado x crédito aproveitado
– impacto no preço final
– regressos fiscais e erros
☐ Acompanhar atualizações dos portais oficiais:
– NF-e
– NFS-e
– Ministério da Fazenda (Reforma Tributária)
Checklist
✔ Verifique seu ERP
✔ Converse com seu contador
✔ Mapeie seus produtos/serviços
✔ Organize notas de compra e venda
✔ Prepare a equipe para o “tributo por fora”
✔ Crie uma rotina de testes em 2026
✔ Converse com seu contador
✔ Mapeie seus produtos/serviços
✔ Organize notas de compra e venda
✔ Prepare a equipe para o “tributo por fora”
✔ Crie uma rotina de testes em 2026




