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DIREITOS HUMANOS

Embaixada Solidária recebe o Prêmio Luiz Gama, um dos mais importantes reconhecimentos do Brasil em Direitos Humanos

Entrega do Prêmio Luiz Gama pelo Ministro do TST, Lélio Bentes Corrêa, que demonstrou interesse em visitar a Embaixada Solidária e conhecer de perto sua atuação

12/12/2025 - 19:28
Por Assessoria


A Embaixada Solidária foi agraciada com o Prêmio Direitos Humanos – Edição Luiz Gama & Esperança Garcia, concedido pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A organização venceu na categoria Acesso à Documentação Civil Básica, consolidando uma trajetória iniciada em 2014 e dedicada ao atendimento documental de migrantes, refugiados e apátridas no Oeste do Paraná.

O resultado, publicado no Diário Oficial da União, coloca a Embaixada Solidária entre os premiados de um reconhecimento considerado um dos mais importantes do país e o mais relevante quando o tema é direitos humanos. A entrega ocorre durante a 13ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, em Brasília.

UM RECONHECIMENTO QUE PERTENCE A MUITA GENTE

A conquista do Prêmio Luiz Gama é resultado direto do trabalho de centenas de pessoas que, ao longo dos anos, sustentaram e ampliaram o impacto da Embaixada Solidária. Entre essas pessoas estão voluntários, profissionais liberais, instituições parceiras, articuladores da causa migratória e, de maneira muito especial, as universidades, que desempenham papel central na qualificação técnica e na capacidade de atendimento da organização.

O prêmio reconhece toda uma rede que se mobiliza diariamente para garantir que pessoas recém-chegadas ao Brasil tenham acesso ao primeiro e mais essencial dos direitos: a documentação civil que permite trabalhar, estudar, acessar serviços e reconstruir a vida com dignidade.

 
A CONTRIBUIÇÃO DECISIVA DA POLÍCIA FEDERAL

O avanço na qualidade e na eficiência dos atendimentos realizados pela Embaixada Solidária também é fruto da cooperação com a Polícia Federal, especialmente nas áreas de competência das Delegacias da Polícia Federal da região. As unidades de Cascavel, Guaíra e Foz do Iguaçu têm papel fundamental nos procedimentos de regularização migratória.

A colaboração de profissionais da Polícia Federal, oferecendo treinamento, orientação e suporte técnico, foi determinante para organizar fluxos, corrigir falhas, eliminar gargalos e garantir segurança jurídica aos atendimentos. Essa parceria elevou o padrão de qualidade do trabalho realizado pela Embaixada e colaborou de maneira direta para o reconhecimento nacional recebido.

PARCERIAS IMPORTANTES - Entre os pilares da atuação da Embaixada Solidária, destaca-se a parceria com a Pontifícia Universidade Católica, especialmente por meio do Núcleo de Práticas Jurídicas. A universidade oferece suporte técnico, formação prática, análise normativa e acompanhamento detalhado dos casos atendidos.

Essa presença acadêmica ampliou a segurança jurídica, a precisão documental e a capacidade de atendimento da Embaixada. Além disso, fortalece a formação de novos profissionais comprometidos com a temática migratória. É um exemplo claro de como a união entre academia e sociedade civil gera impacto profundo e duradouro.

UMA SOLUÇÃO EM EXPANSÃO - Outro parceiro essencial é o Núcleo de Migrações e Direitos Fundamentais da Unioeste, campus de Marechal Cândido Rondon. Idealizado no âmbito do Curso de Direito, sob liderança da professora Carla Liliane Waldow Esquivel, o NUMIDI nasceu com a missão de integrar extensão, pesquisa e atendimento jurídico para responder às demandas reais do crescente fluxo migratório no Oeste do Paraná.

A professora Carla teve papel decisivo ao estruturar o projeto e mobilizar docentes, estudantes e instâncias acadêmicas em torno de uma pauta sensível e urgente. Graças a esse trabalho, o NUMIDI consolidou-se como um núcleo institucional robusto, aprovado pelas instâncias competentes e registrado pela Pró-Reitoria de Extensão.

A parceria entre o NUMIDI e a Embaixada Solidária representa um passo estratégico para replicar de forma conjunta práticas bem-sucedidas de atendimento documental em toda a região. Esse movimento amplia a capilaridade do serviço e estabelece bases para que o modelo seja futuramente expandido para outros municípios do Estado do Paraná.

Essa articulação reforça a visão de futuro da Embaixada Solidária. Em 2026, o principal desafio será transformar esse trabalho em uma política pública eficiente, contínua e sustentável.

INDÚSTRIA ACOLHEDORA - Outro fator que impulsionou o avanço da Embaixada Solidária é a parceria com o Programa Indústria Acolhedora, que integra trabalhadores migrantes à indústria regional. Graças a essa cooperação, tornou-se possível contratar equipe técnica dedicada, ampliando a estrutura de atendimento e profissionalizando ainda mais o serviço.

O programa, conduzido por equipe técnica do Sesi Paraná, tem contribuído para articular empresas, abrir caminhos institucionais e apoiar iniciativas de inclusão com responsabilidade e segurança jurídica. Essa articulação permitiu que o trabalho, antes sustentado apenas pelo voluntariado, avançasse para um novo patamar de organização e eficiência, preparando terreno para sua expansão em 2026.

EM BRASÍLIA - A Embaixada Solidária foi representada na cerimônia pela jornalista Edna Nunes, fundadora da organização. Durante os dias em Brasília, ela cumpriu uma agenda institucional intensa voltada ao fortalecimento de parcerias estratégicas e ao diálogo técnico com órgãos que atuam diretamente na temática migratória.

A programação incluiu reuniões em ministérios responsáveis por políticas de direitos humanos, desenvolvimento social e cidadania. Também foram realizados encontros com representantes da Polícia Federal responsáveis pela coordenação nacional dos processos migratórios e de documentação civil. A agenda contemplou, ainda, visitas a universidades, centros de pesquisa, conselhos profissionais e organizações especializadas em mobilidade humana e proteção de grupos vulneráveis.

O objetivo central dessas articulações foi apresentar o modelo de atendimento desenvolvido no Oeste do Paraná, buscar alinhamento técnico entre diferentes esferas institucionais e identificar possibilidades de cooperação para ampliar práticas bem-sucedidas. Esse diálogo reflete a importância institucional da Embaixada Solidária e seu compromisso em contribuir para a construção de políticas públicas mais eficientes, seguras e humanizadas em âmbito nacional.

A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL POR TRÁS DO PRÊMIO

O prêmio recebido na capital do país carrega, em sua essência, a história de milhares de refugiados, migrantes e apátridas que chegam ao Brasil em busca de um novo começo. Entre essas histórias está a de Marie Natasha, uma mulher haitiana que atravessou fronteiras sozinha, enfrentou a saudade diária dos filhos e viveu por anos com a incerteza de quando poderia reunir a família novamente.

Marie chegou ao Brasil primeiro. Oito anos se passaram até que conseguisse reunir condições e documentos suficientes para trazer as crianças. Nesse intervalo, viveu entre a esperança e o medo, tentando se adaptar a um país novo enquanto lutava para manter viva a promessa de que um dia estariam todos juntos. Foi na Embaixada Solidária que ela encontrou apoio para enfrentar a burocracia, compreender os caminhos legais e, principalmente, para não desistir.

A espera terminou na semana passada, no Aeroporto de Cascavel. Do portão de desembarque surgiu a cena que dá sentido a todo o trabalho desenvolvido pela Embaixada Solidária: uma mãe reencontrando os filhos depois de quase uma década. Um abraço que dissolveu a distância, a insegurança e a dor acumulada. Agora, Marie e as crianças poderão acordar sob o mesmo teto, reconstruir rotinas e voltar a sonhar juntas.

UM MARCO PARA TOLEDO, PARA O OESTE E PARA O PARANÁ

A premiação coloca Toledo e toda a região Oeste no mapa das grandes referências nacionais. Mostra ao país que trabalhos de excelência também surgem no interior, movidos pela força de comunidades que se organizam e assumem responsabilidades concretas na acolhida de quem chega.

Do interior do Paraná, um projeto humanitário consolidou-se como exemplo de boas práticas para o Brasil. A Embaixada Solidária possui uma característica que fortalece ainda mais sua relevância: não recebe financiamento governamental e não tem mantenedores fixos. Cada atendimento, cada documento regularizado e cada vida reerguida depende de recursos próprios, gerados mês a mês e reinvestidos integralmente em acolhimento.

O resultado nacional lança luz sobre uma trajetória construída longe dos grandes centros decisórios e confirma que iniciativas de alto impacto também nascem em territórios afastados do eixo tradicional de formulação de políticas públicas. Após mais de uma década de atuação contínua, a Embaixada Solidária celebra a conquista de um dos importantes e históricos prêmios de Direitos Humanos do país. Celebra o reconhecimento formal de um trabalho marcado por rigor técnico, continuidade institucional e um compromisso humano que resistiu ao tempo e às dificuldades estruturais do tema migratório no país.

O prêmio consolida o que já era percebido na prática. Quando uma comunidade se organiza, compartilha responsabilidades e se recusa a deixar qualquer pessoa à margem, o interior do Paraná se torna capaz de oferecer ao Brasil não apenas boas práticas, mas referências concretas para a construção de políticas públicas mais eficientes e mais justas.

 

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