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CIÊNCIA

Avanço na tecnologia do etanol

A utilização de bicombustíveis, em substituição aos derivados de petróleo, é uma das premissas para fontes de energia renováveis, mais limpas e menos danosas ao meio ambiente. Dentre estes, a utilização de etanol a partir da fermentação da cana-de-açucar tem merecido destaque internacional. Apesar de críticas de que o plantio de cana pode empobrecer o solo e usurpar áreas de plantio para alimentos e de políticas econômicas desastrosas no Brasil, inclusive com preços do litro de etanol em um patamar muito alto, o preço de produção do litro de etanol no Brasil é um dos mais baixos do mundo, cerca de 21 centavos de dólar, enquanto que na Austrália custa cerca de 35 centavos de dólar e nos Estados Unidos (a partir do milho) custa 40 centavos de dólar.

30/01/2012 - 12:46


Contudo, a eficiência de transformação dos açúcares da cana em etanol (chamado de bicombustível de primeira geração), via leveduras, é relativamente baixa. Para cada tonelada de cana-de-açucar colhida no Brasil, produz-se cerca de 90 litros de etanol. Na safra de 2010/2011, a produção total de bagaço de cana-de-açúcar foi estimada em 163 milhões de toneladas. Os excedentes de bagaço de cana-de-açúcar podem atingir 50%, após adequada otimização do sistema de combustão em destilarias autônomas, no qual o bagaço é queimado para gerar energia elétrica1. Uma solução é utilizar a hidrólise (quebra) das fibras de celulose, para posteriormente realizar a fermentação e obtenção do etanol. A hidrólise enzimática é uma rota tecnológica promissora para a bioconversão do bagaço de cana-de-açúcar, por apresentar elevada capacidade de integração nas instalações industriais existentes1. No entanto, a produção de etanol de segunda geração, em escala comercial, é atualmente limitada pelo alto custo das celulases, enzimas usadas na hidrólise da celulose para obtenção de açúcares fermentescíveis. Nesse sentido, os custos das celulases podem ser reduzidos por meio de melhoramento genético dos microrganismos e do uso de resíduos como matéria prima, com consequente aumento da especificidade enzimática. Além disso, a utilização de tecnologias alternativas no processo, como a fermentação em estado sólido, é amplamente discutida para maior produtividade enzimática e redução dos custos de produção. Uma prova desta aposta vem da parceria entre o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), situado em Piracicaba, e a empresa Dinamarquesa Novozymes, para o desenvolvimento de processos de obtenção de etanol a partir da celulose. Com isto, espera-se um aumento na produção de etanol de 30 %, sem aumento na área plantada e com melhor aproveitamento do bagaço de cana. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai investir mais de um bilhão de reais no projeto, indicando sua aposta no projeto. Muitos críticos dizem que tecnologias sustentáveis, limpas e renováveis são caras e ineficientes. Contudo, é preciso visão de longo prazo, para não cair em armadilhas imediatistas ou conformistas. Tecnologias limpas são viáveis e inúmeros países europeus, EUA, China e Japão já perceberam isto e tem apresentado soluções interessantes. Precisamos, no Brasil, vencer os discursos políticos e as paixões e pensar e investir no futuro.

1. Crestana, S. et al. Pesquisa Agropecuária Brasileira, volume 46, número 8, agosto 2011. p.912-919;

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