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A saúde pública passou por melhorias, mas há muito ainda a ser feito, afirmou Dom Francisco

A Constituição Brasileira, em sua Seção II, afirma que “a saúde é direito para todos”. Para o bispo da Diocese de Toledo, Dom Francisco Carlos Bach, os desafios para o SUS são amplos, desde a necessidade de mais recursos até a otimização do uso do dinheiro público. Durante o lançamento da Campanha da Fraternidade 2012, o bispo ainda apresentou dados positivos e negativos da saúde pública. Com o tema “Fraternidade e Saúde Pública”, a CF tem como lema “Que a saúde se difunda sobre a terra”. O objetivo principal é refletir sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito comunitário das pessoas na atenção aos doentes e as mobilizar por uma melhoria no sistema público de saúde.

17/02/2012 - 17:37


No passado, em 1981, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promoveu a Campanha da Fraternidade “Saúde para Todos” e em 1984 aconteceu a campanha chamada “Fraternidade e Vida”. O bispo da Diocese de Toledo, Dom Francisco Carloas Bach, relatou que gradativamente a saúde está tendo melhorias, porém o Brasil ainda está longe de ter um excelente sistema. “Estamos muito aquém do desejado, do que precisamos na saúde, mas foram dados alguns passsos”.
O bispo apresentou dados da pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), sobre a saúde brasileira. A pesquisa traz que os problemas mais frequentes na saúde no ano de 2010 foram: a falta de médicos (58,1%); a demora para atendimento em postos, centros de saúde ou hospitais (35,4%) e a demora para conseguir uma consulta com especialistas (33,8%). “Isto significa que há pessoas morrendo na fila a espera por um atendimento. A saúde pública passou por melhorias, mas há muito ainda a ser feito”.
Para ele, cinco temas são mais preocupantes na saúde como: doenças crônicas não transmissíveis (doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, cânceres, doenças renais; doenças transmissíveis (Aids, tuberculose, hanseíniase, gripe), fatores comportamentais de risco (tabagismo, sedentarismo, inatividade física); dependência química (álcool, crack e outras) e causas externas (acidentes e violências).
Durante a coletiva, o bispo também afirmou que há alguns pontos positivos no Sistema que merecem destaque, como que nos últimos 30 anos houve uma redução na taxa de mortalidade infantil em mais de 70%; houve a ampliaçã do número de consultas do pré-natal; a diminuição da desnutrição; a ampla cobertura de vacinação, a interrupção da transmisão da cólera (2005); a eliminação da paralisia infantil e o sarampo (2007) e rubéola (2008) e, a redução de mortes por doenças transmissíveis como tubercoluse, hanseníase, malária e Aids. “Os números no Brasil impressionam, pois no ano de 2010 foram realizados 535 milhões de ações de prevenção e promoção, foram disponibilizados no Brasil 634 milhões de medicamentos; realizados 495 milhões de exames; houve 239 milhões de atendiments de saúde bucal; foram feitos 40 milhões de fisioterapias; ocorreram mais de 11 milhões internações no Brasil”.
Diante deste cenário, o bispo salientou que a Diocese de Toledo tem a responsabilidade de sensiblizar a sociedade sobre os cuidados com a própria saúde. “O cuidado deve começar individualmente. A saúde é um dom precioso. Nós entendemos que quando estamos bem de saúde, nós damos um jeito no restante, mas quando não temos a saúde necessária nossos passos são limitados na vida, no relacionamento familiar, no trabalho, enfim. Além de sensibilizar sobre a dura realidade dos que não tem acesso a assistência da saúde pública também é necessário despertar nas comunidades a discussão sobre a realidade da saúde pública”.
Solidariedade
O lançamento da Campanha da Fraternidade - em todo o Brasil – acontece no período quaresmal da Igreja Católia: inicia na próxima quarta-feira de cinzas (dia 22 de fevereiro) e as reflexões têm continuidade durante o ano. “O período da quaresma tem como objetivo levar cada pessoa a um encontro com Deus e com o próximo. É tempo de transformação interior, aproveitando-se do caminho de morte e ressurreição de Jesus Cristo. Não somos perfeitos, há coisas a mudar em nossas vidas, nos vários contextos: pessoal, familiar e comunitário. Neste sentido, a solidariedade é ponto fundamental no relacionamento, pois se não aprendermos a sermos solidários, podemos cair no ridículo e dentro do relativismo”, enfatizou o Bispo.
Ele acrescentou que a cada ano a Campanha da Fraternidade convida a examinar como anda a prática da solidariedade fraterna em alguma dimensão da vida. “No ano passado refletimos sobre a vida no planeta. Neste ano o tema é a saúde pública. Cada ação minha tem uma repercusão direta no outro”.
Durante a CF, de acordo com o bispo, cada cidadão é chamado a cuidar da sua própria saúde. “Não é somente a saúde física, mas também psíquica, espiritual e social. Quantos doentes que não são cuidados nas nossas cidades? Quantas pessoas em casa não tem atenção? É importante olhar para o lado e perceber que existe alguém ao nosso lado com uma dignidade que é igual a nossa, que merece todo o respeito e carinho. Como seria interessante lembrar que assim como um dia fomos cuidados pelos nossos pais, nós deveríamos aprender a cuidar bem dos nossos pais quando estão no período de velhice”.
O bispo destacou que a população é chamada a minorar o sofrimento dos que são encontrados ao longo da jornada da vida quer sejam próximos a nós ou não. “Trabalhemos por um sistema de saúde eficiente no Brasil. A dignidade da pessoa humana deve estar acima dos nossos próprios interesses”.

**Dados**
Outro objetivo da Campanha da Fraternidade é difundir dados sobre a realidade da saúde no Brasil e seus desafios. Confira.

- A hipertensão atingir 45 milhões de pessoas;
- Há 11 milhões de diabéticos;
- Em 2011, as estimativas apontaram 490 mil novos casos de cânceres;
- Há 1 milhão de brasileiros com problemas renais;
- AIDS no Brasil até junho de 2010, enquanto doenças manifestas: 592.914 casos;
- A tuberculose é a terceira causa de óbitos por doenças infecciosas e a primeira entre pacientes com Aids;
- O tabagismo mata 200 mil pessoas por ano no Brasil. Atualmente, 15% da população adulta fuma;
- A prática regular de exercícios físicos está longe de fazer parte da rotina dos brasileiros;
- No Brasil há 48% de pessoas com excesso de peso, sendo 15% de obesos;
- Estimativa do Ministério da Saúde traz que há mais de 1,2 milhão são usuários dependentes de crack. O crack deverá levar 25 mil jovens à morte neste ano;
- Atualmente 18% da população consome álcool em excesso, com todas as conseqüências da embriaguez e,
- Para concluir o acesso a serviços médicos é desigual. Apenas 10% dos municípios contam com leitos de UTI.

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