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OPINIÃO: VIDA (parte I)

A prestigiada revista Science divulgou no dia 03 de dezembro um estudo sobre a descoberta de uma bactéria capaz de alimentar-se de arsênio (símbolo As, um elemento químico tóxico para a maioria dos seres vivos). De acordo com este estudo, as bactérias, além de alimentar-se do arsênio, o incorporam em seu DNA e estruturas celulares, em substituição ao elemento fósforo. Este fato pode redefinir o conceito da Ciência sobre os elementos essenciais para a vida como sendo somente o carbono, o hidrogênio, o oxigênio, o fósforo e o enxofre. Se confirmada a idéia de que seres vivos podem ser constituídos por outros elementos que os determinados até agora pela Ciência, significará que a possibilidade de vida em outras partes do Universo se tornará mais forte.

07/12/2010 - 13:14


As bactérias recolhidas nos sedimentos do Lago Mono, no leste do estado da Califórnia, EUA, conhecido por altos índices de sal e arsênico, são definidas como a cepa GFAJ-1 da família Halomonadaceae Gamoproteobacteria.

Mas já há controvérsias. Jack W. Szostak, ganhador do premio Nobel em Fisiologia e Medicina de 2009 não está convencido de que há arsênio no DNA desta linhagem bacteriana. Segundo ele, Parte inferior do formulário a substituição de arsênio por fósforo é quimicamente improvável, uma vez que os compostos formados se quebram rapidamente na presença de água. “As afirmações do trabalho são completamente infundadas por seus dados. Não há um único experimento em que eles tenham isolado um metabólito ou uma molécula específica mostrando que o arsênio substituiu o fósforo”, completou. O cientista destaca que o nível detectado de arsênio no DNA é extremamente baixo tanto para as células que cresceram com fonte de arsênio quanto para as que cresceram com fonte de fósforo. A contaminação de reagentes usados nos experimentos provavelmente explica o pequeno aumento de arsênio no DNA das células que cresceram com arsênio. “Deve haver contaminação, pois eles observaram arsênio até no DNA das bactérias que cresceram só com fósforo”, disse. Outros cientistas declaram que mesmo quando dois elementos são vizinhos na tabela periódica (silício e carbono; arsênio e fósforo, por exemplo), as diferenças de suas reatividades tornam as substituições um a um desafiadoras para os cientistas. Substituir arsênio por fósforo no DNA torna as estruturas instáveis, principalmente na presença de água.

É importante lembrar que muitas formas de vida incorporam diversos elementos da natureza em seu metabolismo, incluindo urânio, níquel, cromio, entre outros. A Agencia Espacial Americana (NASA), financiadora do projeto, é conhecida tanto pelos avanços tecnológicos na área espacial quanto pelos anúncios espalhafatosos e prematuros. O ceticismo, uma boa qualidade da Ciência, indica que mais estudos devem ser feitos, mas talvez novos caminhos de pesquisa possam estar sendo construídos.  

 

O artigo completo sobre este assunto está em:  What poison? Bacterium uses arsenic to build DNA and other molecules. Revista Science, volume 330, numero 6009, pagina1302. Ou acesse o endereço (www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/science.1197258).

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