1144x150 %284%29

SAÚDE

Conselho de Partidos realiza Seminário sobre Saúde Pública

O Conselho de Partidos (PT/PDT/PSC/PSDC/PMDB/PPL) realizou no último sábado (17), um Seminário sobre Saúde Pública. O objetivo dos partidos aliados é capacitar seus membros no tema para que, no futuro breve, contribuam na elaboração do plano de governo que pretendem submeter à sociedade. O Conselho convidou a consultora em Saúde Pública, Lenir Zimermann para falar sobre como se deu a construção do SUS, quem são seus usuários, os serviços prestados, sua organização e os desafios a serem enfrentados. Lenir defende o Sistema e aponta que os problemas colocados se dão pelo investimento histórico e equivocado em apostar na alta complexidade e não na atenção básica. O presidente do PMDB, o empresário Beto Lunitti avaliou o Seminário como produtivo e fundamental para os trabalhos do Conselho, pois segundo ele, o Seminário fortalece a tese defendida pelos aliados de que há um equívoco nos investimentos da saúde, no município.

18/03/2012 - 19:56


Lenir Zimermann defende o Sistema Único de Saúde - SUS como o mais completo plano de saúde e tem servido de exemplo para muitos países. “O SUS é muito bom, principalmente por tudo que ele faz por nossa sociedade. É um sistema que está sendo copiado por tantos outros países, um sistema que atua em diversas situações como, por exemplo, na vigilância sanitária de alimentos, medicamentos, do sangue, das clínicas, hospitais... De tudo que é consumido, de todos os serviços de saúde. É um serviço que oferece as vacinas para toda a população, que faz exames preventivos. É um programa que cuida da pessoa preventivamente e cuida também, na hora em que o problema apareceu, ou seja, oferece assistência ao cidadão na hora que ele precisa”.

A consultora afirma que a alta demanda nas unidades de saúde, emergências e especialidades é fruto de uma política histórica equivocada. “A alta busca por especializações é a falta de chegar antes. A saúde devia ter desenvolvido ações de prevenção e promoção a saúde há muito tempo, como isso não foi feito estamos sofrendo as consequências que são pessoas doentes, que não aprenderam se cuidar, nunca existiu uma alfabetização em saúde, nós aprendemos a ler e escrever, fomos para a escola, mas em nenhum momento fomos para a escola aprender sobre saúde, ou seja, chegamos ao ponto que precisamos ser alfabetizados em saúde”.

A política equivocada que Lenir se refere é a falta de investimento na atenção básica. “A atenção básica esta ineficaz. Os investimentos da saúde sempre foram destinados a alta complexidade e para a alta tecnologia, então os gestores deixaram de investir na atenção primária, agora estamos com as consequências. Não se cuidou da saúde, agora temos que cuidar do doente”.

Todos os estudos realizados nos diversos países estão voltados para o fortalecimento da atenção básica, afirma Lenir  Zimermann. “Temos que ter profissionais de saúde que vão as casas, que façam palestras e orientem as comunidades para a prevenção. O Saúde da Família tem esta proposta, chegar a residência do cidadão para resolver ali os problemas, para que ele não precise buscar uma Unidade de Saúde ou uma emergência. Se nós temos um agente comunitário de saúde visitando a família, ele estará levando as orientações  e sendo um mediador entre o sistema de saúde e a família. O agente pode levar o problema daquela família para a equipe e posteriormente fazer a devolutiva da solução.  Isto com certeza vai tirar as pessoas dos postos de saúde ou das filas de espera das especializações, ou das emergências”.

Além da consultora, outros técnicos que integram o conselho apresentaram um diagnóstico da saúde no município. Entre os dados apresentados esta a disparidade da realidade do município e o que o Ministério da Saúde – MS preconiza.

A portaria 1.101 do Ministério da Saúde indica parâmetros para o total das consultas realizadas, onde em média 63% delas devem ser executadas pela atenção básica, 12% pelos sistemas de urgências, 22% consultas realizadas por especialistas e 3% urgência pré-hospitalar/trauma.

As consultas de urgências no município de Toledo estão 299% acima do recomendado, nas especializadas 40% acima e urgência pré-hospitalar/trauma 93%. De acordo com documentos do Ministério da Saúde apresentados pelos técnicos, quanto maior for a resolutividade da atenção básica, menor será a demanda por especialistas e urgências.

Outro dado apresentado no Seminário, tendo como fonte, dados do Ministério da Saúde é o montante de recursos que o município deixou de buscar junto ao governo federal, por conta, de não ter implantado as equipes de Saúde da Família.

Segundo os dados apresentados, em 2011, Toledo deixou de buscar mais de R$ 2.637 milhões, por não ter as 29 equipes de Saúde da Família a que tem direito. E projetando este recurso para os últimos 15 anos o valor supera os R$ 40 milhões.

O presidente do PMDB, Beto Lunitti avaliou que o Seminário contribui para a capacitação técnica dos aliados, mas também para o fortalecimento político. “o objetivo era formar os integrantes dos partidos políticos e a comunidade que se fez presente para entendermos como funciona a estrutura da saúde no Brasil e a palestrante foi precisa na importância do SUS para o povo brasileiro e nós que estamos nos partidos políticos, aqueles que desejam ser legisladores  ou membros do executivo precisam estar informados da estrutura da saúde, de onde vem os recursos. E isso tudo contribuiu para nós fazermos uma avaliação, a de que o Conselho dos Partidos está no caminho certo: nós precisamos fazer uma inversão de prioridade dos investimentos da saúde aqui no município de Toledo”.

O peemedebista avalia que a estrutura de investimento em saúde no município esta equivocada. “Nós precisamos investir na atenção básica de saúde para definitivamente termos a resolutividade que a saúde precisa, para não deixarmos a população sofrendo nas filas de emergências e especializações. Temos que cuidar das pessoas antes que elas adoeçam. Este momento foi muito importante para esclarecer e fortalecer nossa tese de que estamos no caminho certo. Temos as informações necessárias para que a saúde tenha a atenção devida deste Conselho Político, se este vier a ser governo”.

O presidente do PDT, Ascânio José Butzge afirma que os objetivos do Conselho de partidos foram atingidos com o Seminário. “Nós estamos nos preparando para bem governar o município. O tema saúde deve ser primordial para uma administração, deve ser seu ponto primeiro. Por isso os partidos aliados entendem que se deve cuidar da gente de Toledo através da saúde preventiva, ou seja, prevenir para não remediar mais tarde”.

Valtair Caetano Apolinário, presidente do PT, explica que esta é uma das ações do Conselho de Partidos que visa à capacitação técnica e política dos partidários. “Nós queremos capacitar, preparar nossos dirigentes para que eles possam fazer a discussão política com a comunidade, sobre aquilo que afeta o seu cotidiano. Queremos também, além de capacitar tecnicamente nosso time, promover o entrosamento dos membros do Conselho de Partidos, porque logo mais estas pessoas juntamente com a comunidade de Toledo deverão trabalhar na construção de um plano de governo e para isso precisamos dominar elementos técnicos e políticos. É preciso diagnosticar, compreender como a saúde, a educação e a economia funciona. É preciso também, entender que os resultados, positivos ou negativos são resultados de escolhas, decisões que os gestores adotaram e aí precisamos estar prontos para atuarmos”.

Edinaldo dos Santos, presidente do PSC, disse estar satisfeito com o Seminário realizado. “A saúde pública influencia diretamente a vida das pessoas. Quando você valoriza o ser humano, coloca-o em primeiro lugar, então você vai cuidar da sua saúde de maneira preventiva e não deixar para cuidar das pessoas quando já estão doentes. Este é um assunto muito importante, pois o PSC tem como prioridade o ser humano, por isso, estamos preocupados, porque há investimento em saúde pública, mas de forma equivocada, não estão fazendo a prevenção e aí acarreta as emergências e as filas”.

Para o presidente do PSDC, Antônio de Freitas, o Zóio, o Seminário foi esclarecedor tanto tecnicamente, quanto politicamente. “Este encontro é muito importe para sabermos o que é o SUS de fato e quais as responsabilidades que cabe ao município, o estado ou a união. O SUS é um programa universal, mas o município faz a sua gestão, por isso, o PSDC está aqui, para entender a parte que cabe a cada um, entender quais os nossos desafios, que devemos enfrentá-los, enquanto gestores. Acho que a missão de hoje foi cumprida”.

 

Sem nome %281144 x 250 px%29