Casa de not%c3%adcias 1144x150

TOLEDO

Pesquisa BID: População diz que melhorou a qualidade de vida, mas na saúde e segurança o conceito é outro

Foi realizada na manhã desta quarta-feira (21), a apresentação pública da pesquisa de opinião sobre a percepção da população sobre o impacto de algumas obras na qualidade de suas vidas. As obras em questão fazem parte do Programa de Desenvolvimento Socioeconômico e Sustentável do Município e receberam financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Entre o valor financiado e a contrapartida do município o custo divulgado foi da ordem de US$ 14.667.400,00. No diagnostico do impacto das obras na vida do público alvo em média 85% dos entrevistados afirmam que houve melhoria na qualidade de vida, já quando questionados sobre saúde pública e segurança no bairro, se somados os que declaram que nada mudou ou piorou chega a 53,9% e 66,8% respectivamente. A pesquisa foi realizada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), através do Laboratório de Informação Social (LIS), no período de setembro de 2011 a janeiro de 2012 e ouviu 491 pessoas, definidas por sorteio.

21/03/2012 - 20:53


 

De acordo com o relatório síntese “três temas específicos foram abordados: o impacto da construção do Parque Perimetral Norte (conhecido como Parque do Povo) na vida dos moradores de seu entorno (bairro chamado de Jardim Planalto); o impacto da implantação do Centro Social São Francisco no desempenho escolar e também no convívio familiar de crianças e adolescentes que o frequentam; e o impacto da Construção da Escola Santa Clara IV na vida dos moradores do bairro e demais pessoas que possuem filhos matriculados na escola em análise”.

Ainda no relatório diz: “Os participantes (seis por reunião) foram selecionados a partir de relação com o tema (moradores do bairro, pais de alunos matriculados na escola ou no centro social) através de visitas ao domiciliares ou listas de telefones constantes em registros administrativos. As reuniões foram conduzidas por um mediador (coordenador da pesquisa) em torno de um roteiro pré desenvolvido (e submetido a aprovação do representante da prefeitura municipal). As reuniões contavam com um redator, encarregado de anotar sucintamente toda a discussão. Elas também foram gravadas (áudio) e filmadas, material que serviu para complementar as informações captadas pelo redator”.

A metodologia adotada nesta pesquisa de opinião segue critérios subjetivos como a experiência vivida e a opinião do entrevistado sobre o tema. Segundo o coordenador da pesquisa, professor doutor, Paulo Roberto Azevedo a base de dados consta mais de 79 mil informações. “As informações não são absolutas, podem estar incompletas. A pesquisa aponta indícios que devemos seguir pesquisando”, disse Azevedo durante a apresentação.

Nos aspectos que se propunha a pesquisa de percepção da obra e a opinião do público alvo sobre o impacto desta obra na qualidade de vida o estudo, através da metodologia apontada anteriormente apontou que: Na percepção pública das obras, a maioria declarou ter conhecimento das obras, no entanto no Parque do Povo 54,2% dos entrevistaram disseram nunca ter frequentado o Parque.

Embora o objetivo primeiro da pesquisa não era realizar diagnóstico sobre as demais temáticas que medem a qualidade de vida o estudo apresentou alguns dados relacionados, como a percepção dos entrevistados sobre segurança pública, saúde, cultura, lazer e esporte, inclusão digital e qualidade de vida.

Na segurança pública, embora 88,6% dos entrevistados disseram não ter sido vítima de algum tipo de violência e nenhum membro de sua família, ao opinarem se houve alguma mudança na segurança no bairro desde 2009, 66,8% dos entrevistados declararam que não mudou nada ou ficou pior, contra 26,4% que disseram que a segurança no bairro melhorou e 6,8% não opinaram.

Sobre saúde os dados investigados foram: se precisou de atendimento emergencial no ano, se usou SUS, convênio ou particular. Neste tema quando perguntado se era percebido alguma mudança na saúde do município desde 2009, 53,9% declararam que não mudou nada ou ficou pior, contra 38,9% que disseram que a saúde melhorou e 7,2% disseram não saber.

No diagnóstico sobre cultura, lazer e esporte, embora 64,4% declararem saber da existência de quadra de esporte ou ginásio no bairro, 45,3% disseram nunca terem frequentado uma quadra, um ginásio. Quando a pergunta é sobre o conhecimento sobre a existência de “academia da terceira idade” no bairro, 77% declaram ter conhecimento, mas 53,7% dos entrevistados nunca foi até uma.

Ao serem perguntados se na rua em frente da sua casa tem algum trecho sem calçada ou com calçada ruim, 77,6% disseram que sim, e 72,7%, segundo o relatório, estão satisfeitos com a iluminação de sua rua.

Sobre inclusão digital 64,2% dos entrevistados declaram ter computador em casa e destes 83,5% tem acesso a Internet.

Quanto a opinião sobre melhoria geral na qualidade de vida em Toledo desde 2009 (considerando-se apenas entrevistados sorteados no domicílio), em média 85,3% declararam perceber que houve melhoria na qualidade de vida.

Acompanhe agora a entrevista que a Casa de Notícias fez com o coordenador da pesquisa, professor doutor, Paulo Roberto Azevedo.

 

Casa de Noticias (CN) - Como foi determinada a metodologia de pesquisa?

Paulo Roberto - Uma das exigências do BID é avaliar o impacto deste investimento. Quando se começa a pensar em impacto de investimento existe diversas técnicas. Sempre se pensava em um indicador geral de melhoria de qualidade de vida de Toledo, no entanto, é muito difícil ter um indicador que dê conta de captar e ter aderência para cada tipo de modificação. Então pensamos em desenvolver por grupos específicos. Cada uma das áreas em analises a gente desenvolveu e debateu um tipo de análise especifico para captar, como no caso da Escola Ivo Welter tentamos medir o encurtamento de distâncias e aí por meio de metodologia qualitativa o que significou este encurtamento de distância na vida das pessoas. Como comentamos 888m foi a distância média que diminui, mas são crianças com média de 10 anos que deixaram de percorrer. Nestes 888m eles cruzavam a Maripá que é um problema complicado. Essa metodologia foi na escola, no centro social foi outro método. Debatemos e buscamos na literatura os melhores métodos para analisar o impacto das intervenções na vida das pessoas.


Casa de Noticias (CN) - A pesquisa vem com um nome Análise de Qualidade de Vida, no entanto, durante a sua explanação você falou que é muito subjetivo discutir qualidade de vida. É seguro dizer que a pesquisa trata-se de qualidade de vida, uma vez que foi avaliado o impacto de algumas obras em específico?

Paulo Roberto – O BID buscava uma avaliação de qualidade de vida. Quando falamos em qualidade de vida estamos nos referindo em uma situação multi dimensional de qualidade de vida. Quando vou trabalhar no Ivo Welter o que ele implicou na vida das pessoas? Quando buscamos aquela diminuição dos 888m isto é melhoria de qualidade de vida. A criança tinha que percorrer 888m e deixou de fazer isso.

Se eu tenho um filho de dez anos eu vou com ele 888m isto está em horário escolar que também é horário comercial de trabalho. Assim, o filho podendo ir sozinho a escola, duas pessoas podem trabalhar falando de uma família de duas ou três pessoas. Em minha opinião isto é melhoria de qualidade de vida. A questão é: a busca de um indicador geral de qualidade de vida no Município como um todo. Quanto mais ampla a minha análise, mais ela perde a precisão, então o fato de buscar na analise de parciais de melhorias, eu ainda considero – como no caso do centro social São Francisco além de melhorias de notas que observamos nas pesquisas qualitativas.

O que é ter um filho no Centro Social ocupado e o que é ele estar na rua. Este tipo de melhoria é o impacto na qualidade de vida, assim como é a melhoria de nota, ou seja, o aluno que melhora o seu desempenho escolar a família está tendo uma melhoria de qualidade de vida na medida em que ele tem mais chance. As avaliações foram parciais. Quanto mais gerais elas perdem as suas especificidades. Mas ainda assim é uma pesquisa de qualidade de vida este é o título que foi para o BID em cada uma dessas obras. A ideia foi: Impacto na qualidade de vida das pessoas que usufruem das obras.


Casa de Noticias (CN) - Durante a apresentação foi mostrado alguns dados como saúde. Você – enquanto pesquisador – assegura ou sente-se seguro que estes dados apresentados já são confiáveis o suficiente para analisar como qualidade de vida?


Paulo Roberto - Temos uma pesquisa aproximada a esta em 2007 que ainda o nosso objetivo é analisar. Para situações mais específicas como saúde eu acho inseguro falar por conta que esta não é a fonte privilegiada do dado. Me sinto seguro falar e defender academicamente esta situação é que existe uma percepção de melhoria na qualidade de vida das pessoas de Toledo por conta da alta taxa de percepção e da manutenção desta taxa nos diversos segmentos que analisamos. Afirmo que existe uma percepção de melhoria da sua própria vida de maneira geral.

Isto também observamos nas análises qualitativas. Se você me perguntar: Objetivamente você acredita que as pessoas estão se sentindo bem em morar aqui? Eu diria que sim e defenderia academicamente com os dados.

Se você me perguntar a causa, aí não posso mais afirmar com tal segurança. Mas por exemplo, se eu cruzar com o dado do número de pessoas que desejam mudar da cidade eu tenho uma informação maior que estariam ligadas as mudanças na cidade.


Casa de Noticias (CN) - Isto não está vinculado a qualidade dos serviços?

Paulo Roberto - Não sei se posso vincular diretamente, teria que cruzar os dados, porque isto é uma parte de uma análise. Por exemplo, eu posso selecionar só as pessoas que tiveram atendimento e estes dados eu não tenho agora. Mas eu não posso veicular aquele serviço, o que posso dizer é que no geral quando tenho um dado de 85% dos moradores sorteados no município como os moradores em geral que disseram que acham que a cidade melhorou isto pode ir para debate acadêmico. Isto é subjetivo, mas eu academicamente defendo pelo fato de ser um percentual muito alto acredito que de uma maneira geral a percepção da população é de que a cidade melhorou.

 


 

Por Selma Becker 

 

Sem nome %281144 x 250 px%29