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Em Toledo, o aumento de um ano de estudo e a melhora nas condições de saúde de toda a população resultaria num impacto de 25,6% na expansão do PIB, afirma Ferreira Lima

O Conselho de Partidos de Oposição (PMDB .PT. PDT. PSC.PSDC.PPL) realizou na noite da última quinta-feira (27), o Seminário Desenvolvimento Econômico de Toledo. Impasses e alternativas com o professor PHD em desenvolvimento regional, Jandir Ferreira Lima. O palestrante defendeu que o modelo produtivo local caminha para o esgotamento e também enfatizou a necessidade de proteger o modelo agroalimentar, mas advertiu que investir na economia do conhecimento é primordial e para isso é preciso apostar no capital humano.  Lima apresentou pesquisas que afirmam que a expansão de 1% de ganho real nas remunerações resultaria no crescimento de 1,28% no PIB, enquanto o investimento em equipamentos urbanos (estátuas, monumentos, praças...) a mesma expansão de 1% resultaria numa ampliação de 0,47% de acréscimo do PIB, já o aumento de um ano de estudo e nas condições de saúde de toda a população resultaria num impacto de 25,6% na expansão do PIB.

28/04/2012 - 21:09


Jandir Ferreira Lima destacou o papel de liderança exercido por Toledo entre os municípios da região, por isso defendeu que a construção de uma nova base produtiva seja um exemplo a ser seguido pela região, pois na sua visão não há desenvolvimento isolado. É preciso que haja integração para que o desenvolvimento seja sustentável.

O Seminário abordou duas linhas de discussão. A primeira que avaliou Toledo no cenário regional, a partir dos quatro eixos: Conselho de Desenvolvimento Territorial da Região, o Aeroporto Regional, a criação do Núcleo de Fronteiras que foi feita recentemente, e a sede é em Foz do Iguaçu e o Pacto Oeste, que é uma discussão que acontece há dois anos, que pretende criar um corredor de produção de proteína animal envolvendo dez municípios da região. E a segunda abordagem foi  sobre o atual modelo produtivo do município, o qual Lima considera que esta se esgotando. Ele defende a necessidade de pensar numa nova inserção de Toledo nesta dinâmica econômica.

O diagnóstico de Toledo apresentado por Lima avalia que Toledo é um forte produtor de proteína animal.  “Hoje o Valor Adicionado Bruto da Produção Primaria de Toledo, 72% vem da pecuária, então a gente nota que essa dependência da pecuária já deixa a economia do Setor Primário muito fragilizada. Qualquer problema que nos tenhamos no Setor Primário, em especial na produção pecuária de aves e suínos deixaria a economia numa situação muito difícil, e por outro lado, o nosso perfil de produção agroindustrial, produção agroalimentar tem chegado a alguns limites, e esses limites, eles são impostos pelo nosso ecossistema. Hoje Toledo não é mais uma região autossuficiente na produção de insumos para esse setor, e também temos os problemas climáticos que tem afetado a nossa região. Na minha opinião, urge a gente mudar o nosso modelo e entrarmos numa produção de base tecnológica”.

Lima afirma que Toledo é um município rico, mas há muitos problemas sociais que interferem fortemente no desenvolvimento local. “Se compararmos a nossa região hoje (Foz, Cascavel e Toledo) detém 80% do PIB de toda a região, então Toledo é um município rico, porém ainda é um município que tem problemas sociais. Para você ter uma ideia, nosso indicador de saúde é um dos piores do Paraná. Então eu acho que nos somos um município rico, mas ainda não conseguiu sanar problemas que ainda são básicos da população”.

Durante o Seminário Lima destacou que o IDSUS – Índice de desempenho do SUS apontou que Toledo é o segundo pior do estado e que ao analisar alguns dados avaliados no índice verifica-se que é com o cuidado com a saúde das mulheres é o que mais deixa a desejar. O IDSUS pontua uma escala de zero a 10 pontos, quanto mais próximo de 10 melhor é atenção a saúde em determinado serviço. “Nos dados do Ministério da Saúde aponta que nos procedimentos ambulatoriais de média complexidade, em Toledo a nota é 1,46, numa escala que o melhor é 10. Razão de Exames de Mamografia (mulheres acima de 50 anos), Toledo obteve atingiu 2,78 pontos e a razão de exames do Colo de Útero em mulheres de 25-59 anos, o município ficou com 4,57 pontos, ou seja, não chegamos aos 50% do que seria ideal e estamos falando de um município rico”.

Toledo obteve 4,48 pontos (na escala de 0 a 10) no IDSUS ficando atrás de municípios muito pobres como Virmond - 7,93 (o melhor índice do estado), Diamante do Sul -  7,08, Formosa do Oeste – 6,95, Ibema 6,26, Mercedes 5,86 e Diamante do Oeste 5,42%.

A distribuição de renda é outro problema que interfere no desenvolvimento de Toledo. Jandir Ferreira Lima afirmou que o rendimento em salários mínimos, em Toledo, vem decrescendo desde 1999 e isso está relacionado ao modelo econômico vigente. “A media salarial em Toledo é de 2.2 Salários mínimos - e isso para um município muito rico como é Toledo. Em Cascavel se ganha 20% a mais que em Toledo nas mesmas atividades, e em Maringá e Londrina, 40% a mais, sem contar a renda das mulheres, que em Toledo é uma das mais baixas da região. Então, ou seja, nos temos um modelo que não, não tem valorizado a renda dos trabalhadores. E isso é um problema quando a gente fala em comércio e serviços. Todo processo de desenvolvimento ele tem que gerar massa salarial, porque é através da massa salarial que as pessoas melhoram suas condições de vida. Se nos temos um modelo que não ajuda a melhorar as condições de vida, eu acho que ele tem que ser repensado”.

O PHD em desenvolvimento regional demonstrou que os entraves para o desenvolvimento socioeconômico estão sustentados basicamente no capital humano (condições de vida da população) e o perfil produtivo. “Em Toledo, 63% do emprego industrial estão concentrados em três empresas, o que é algo muito perigoso. Estimamos que em 2030, 54% da população será idosa, o que exige agora, políticas públicas que garanta qualidade de vida a essa população, pensar uma cidade que tenha acessibilidade”.

Lima defende que apenas com uma nova base produtiva será possível garantir um desenvolvimento socioeconômico sustentável. “É preciso investir no capital humano, veja em Toledo, a expansão de 1% de ganho real nas remunerações resultaria no crescimento de 1,28% no PIB; enquanto os investimentos em equipamentos urbanos (estátuas, monumentos, praças...) a expansão de 1% resultaria numa ampliação de 0,47% de acréscimo do PIB, enquanto que o aumento de um ano de estudo e nas condições de saúde de toda a população resultaria num impacto de 25,6% na expansão do PIB”.

O desenvolvimento sustentável tem um tripé de três vertentes, afirma Lima. “A literatura corrente fala muito em desenvolvimento sustentável tem um tripé com três vertentes. O social, o econômico e o ambiental. Eu acho que você ter qualquer projeto que dissocie essas três discussões, o social, o econômico e o ambiental, em minha opinião, esta fadado a ter sucesso. Se você produzir um modelo econômico que gere pobreza, que prejudique a população, nos iremos ter problemas no futuro, e se você gerar um modelo de desenvolvimento que cause degradação dos recursos naturais, os problemas serão maiores ainda, ou seja, qualquer projeto que nos tenhamos hoje para o futuro de Toledo tem que congregar o econômico, o social e o ambiental”.

Por Selma Becker

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