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Milho safrinha bate recorde em área semeada. Mas a área de produção de trigo diminui em quase 70%

Os levantamentos da Safra Verão 2011/2012 (soja e milho) foram concluídos. Neste ano, a área de soja plantada na região foi de 445.191 mil hectares. A produção final totalizou 643.512 mil toneladas. Este valor representa um rendimento de 1.445 quilos por hectare. No entanto, a estimativa de produção - antes das perdas devido a fatores climáticos – era de 1.511.509 milhão toneladas, ou seja, houve uma perda de 57,42% na soja. Com isso, a atenção de muitos produtores voltou-se para a semeadura do milho safrinha. A área semeada é recorde na região chegando a 419.556 mil hectares. Em comparação ao ano passado houve um aumento de 11,95%, o que totalizou na época 374.755 mil hectares. Em 2011, a produção chegou a 1.552 milhão de toneladas. Neste ano, a estimativa de produção é de 2.285 milhões de toneladas. Isto significa um aumento na produção de 47,2% em relação ao ano anterior. Em contrapartida houve uma queda na área de produção do trigo. No ano passado foi semeada uma área de 50.570 mil hectares. Para este ano, a área diminuiu para 15.170 mil hectares. Uma quebra de aproximadamente 70% na área.

04/05/2012 - 18:24


Com relação a produção do milho safrinha, o técnico do Seab, João Luis Raimundo Nogueira explicou que em 2011 houve uma perda pois o clima não foi favorável. Neste ano, há uma expectativa de produtividade melhor, porque também se trabalha com a expectativa de um clima melhor. “Neste momento a maior parte do milho está em uma fase crucial para determinar a produção: floração e frutificação. As lavouras estão sendo beneficiadas com um clima favorável. As últimas chuvas foram importantes para dar um suporte maior para que se concretize a produção. Existe um otimismo do setor de alcançar esta produção. Será importante para o abastecimento do Paraná e para exportação do produto”.

Em contrapartida, Nogueira lamentou a queda de produção na área de trigo. Para ele, isto aconteceu porque os preços não reagiram e o produtor desistiu de plantar este grão. “Se analisar que temos um consumo de 10,5 milhões de toneladas de trigo e o Brasil produz apenas 5 milhões toneladas, o país fica dependente da importação”.

O técnico considera um risco o Brasil ficar refém da importação, pois há um crescimento considerável do consumo de alimentos no Mundo. “É o consumo de soja, milho e trigo. Os estoques de grãos estão sendo ajustados ao longo do ano. Provavelmente conviveremos com preços altos de soja, mas o trigo sendo um produto que o Brasil somente produz a metade do que é consumido, fica na mão do produto importado”.

Nogueira relatou que o Brasil importa a maior parte do trigo da Argentina. Ele explicou que este país – atualmente – vive uma estabilidade econômica maior do que a do Brasil. “A inflação cresce muito mais que a nossa e o trigo é um produto crucial para o abastecimento. É comum na Argentina, o Governo impor cota de exportação do produto. Eles trabalham a questão fiscal em favor da manutenção primária em determinados momentos e o Brasil ficar dependente desta produção é o grande risco, pois o trigo é essencial e um produto que está na mesa de todos os brasileiros diariamente”.

A principal estratégia sugerida por Nogueira é o Brasil produzir a quantia necessária para o consumo interno. “O correto é incentivar o produtor a plantar o trigo para o abastecimento e com produção de excedentes que é o que se faz no mundo. Nós temos que manter uma produção de alimentos com excedentes para a nossa manutenção e para a exportação. Isto acontece com soja e milho. Apesar dos estoques estarem muito ajustados, os preços estão subindo em função do crescimento da demanda. Contudo, neste cenário reduzimos a produção de um grão que é tão importante para o abastecimento, o trigo”.

Nogueira destacou que o Brasil precisa dar prioridade ao produto nacional. “O País não pode importar qualquer produto, principalmente alimento de forma predatória. Se o produtor produz 5 milhões de toneladas é preciso haver mercado para consumi-lo. Entretanto, há mercado para 10 milhões toneladas. Como que não tem preço? A falta de liquidez interna acontece porque está havendo um descuido na importação. Nós temos que ter salva-guardas para o produtor plantar trigo no Brasil. Para isso, é necessário ter medidas fiscais com relação ao produto importado e, infelizmente, isso não vem sendo feito no Brasil, mas é feito no Mundo. Nem um país importa produtos que comprometa o setor produtivo deles”.

Por Graciela Souza

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