Com relação a produção do milho safrinha, o técnico do Seab, João Luis Raimundo Nogueira explicou que em 2011 houve uma perda pois o clima não foi favorável. Neste ano, há uma expectativa de produtividade melhor, porque também se trabalha com a expectativa de um clima melhor. “Neste momento a maior parte do milho está em uma fase crucial para determinar a produção: floração e frutificação. As lavouras estão sendo beneficiadas com um clima favorável. As últimas chuvas foram importantes para dar um suporte maior para que se concretize a produção. Existe um otimismo do setor de alcançar esta produção. Será importante para o abastecimento do Paraná e para exportação do produto”.
Em contrapartida, Nogueira lamentou a queda de produção na área de trigo. Para ele, isto aconteceu porque os preços não reagiram e o produtor desistiu de plantar este grão. “Se analisar que temos um consumo de 10,5 milhões de toneladas de trigo e o Brasil produz apenas 5 milhões toneladas, o país fica dependente da importação”.
O técnico considera um risco o Brasil ficar refém da importação, pois há um crescimento considerável do consumo de alimentos no Mundo. “É o consumo de soja, milho e trigo. Os estoques de grãos estão sendo ajustados ao longo do ano. Provavelmente conviveremos com preços altos de soja, mas o trigo sendo um produto que o Brasil somente produz a metade do que é consumido, fica na mão do produto importado”.
Nogueira relatou que o Brasil importa a maior parte do trigo da Argentina. Ele explicou que este país – atualmente – vive uma estabilidade econômica maior do que a do Brasil. “A inflação cresce muito mais que a nossa e o trigo é um produto crucial para o abastecimento. É comum na Argentina, o Governo impor cota de exportação do produto. Eles trabalham a questão fiscal em favor da manutenção primária em determinados momentos e o Brasil ficar dependente desta produção é o grande risco, pois o trigo é essencial e um produto que está na mesa de todos os brasileiros diariamente”.
A principal estratégia sugerida por Nogueira é o Brasil produzir a quantia necessária para o consumo interno. “O correto é incentivar o produtor a plantar o trigo para o abastecimento e com produção de excedentes que é o que se faz no mundo. Nós temos que manter uma produção de alimentos com excedentes para a nossa manutenção e para a exportação. Isto acontece com soja e milho. Apesar dos estoques estarem muito ajustados, os preços estão subindo em função do crescimento da demanda. Contudo, neste cenário reduzimos a produção de um grão que é tão importante para o abastecimento, o trigo”.
Nogueira destacou que o Brasil precisa dar prioridade ao produto nacional. “O País não pode importar qualquer produto, principalmente alimento de forma predatória. Se o produtor produz 5 milhões de toneladas é preciso haver mercado para consumi-lo. Entretanto, há mercado para 10 milhões toneladas. Como que não tem preço? A falta de liquidez interna acontece porque está havendo um descuido na importação. Nós temos que ter salva-guardas para o produtor plantar trigo no Brasil. Para isso, é necessário ter medidas fiscais com relação ao produto importado e, infelizmente, isso não vem sendo feito no Brasil, mas é feito no Mundo. Nem um país importa produtos que comprometa o setor produtivo deles”.
Por Graciela Souza