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Educar é ensinar valores e impor limites, defende Içami Tiba

Comprometimento, disciplina e responsabilidade são três elos primordiais que os pais devem oferecer aos seus filhos para que estes tenham uma boa educação. Esta afirmação é do psicopedagogo, Içami Tiba, que palestrou na noite de quarta-feira (23), no Teatro de Toledo. Para Tiba, diversos pais ainda desconhecem estes princípios educativos. Ele justifica que isto acontece, porque muitos destes pais – no passado - foram perdoados pelos seus erros do que preparados para a vida. Em entrevista coletiva a imprensa, Tiba questiona que se qualquer pessoa um dia perguntar para um pai ou para uma mãe o que fez para auxiliar na educação de seu filho, eles responderão que fizeram o melhor possível. No entanto, ele esclarece que este melhor possível deve estar baseado em ensinar valores e impor limites. Tiba abordou questões como: se há culpados quando um jovem entra no mundo das drogas; o papel da escola e dos pais na educação das crianças e qual a influência das mídias no ensino educacional das crianças.

24/05/2012 - 15:42


Içami Tiba defende que, fazer o melhor possível também pode significar a presença dos erros e estes acontecem somente quando não há conhecimento suficiente do pai. Para ele é fundamental o pai buscar a sabedoria. Ele utiliza como exemplo a mãe. “A mulher – atual - recebeu um chip moderno chamado emancipação. Com isso, mudou o seu ritmo de vida, noção de valores e qualidade de relacionamento. Esta mulher deixou a casa e passou a trabalhar fora e, muitas vezes, sua atuação é melhor que o gênero masculino. Não há duvida que em competência ao conhecimento, a mulher é melhor do que o homem. No entanto, esta mulher não é somente profissional, ela também é mãe. Assim, a mulher (mãe) não acrescentou um chip novo, enquanto mãe, o que gera conflito de emoções”.

De acordo com o psicopedagogo Içami Tiba, a mãe atual deve apresentar valores diferenciados para educar seus filhos. Para ele, é inadmissível uma mãe – nos tempos atuais – querer educar o seu filho como se fosse uma mãe de cinquenta anos atrás. “Muitas mães se sentem culpadas por ficarem longe dos filhos e, em casa, procura suprir esta carência tentando ser a mais agradável do que mesmo preocupada em educar o filho. Por muitas vezes, esta mãe faz pelo filho, o que ele já tem condições de fazer sozinho ou que tem que aprender a fazer”.

Por sua vez, segundo Tiba, a mudança no homem é mais lenta. “O homem é mais atrapalhado. A mulher se emancipando e indo trabalhar fora, o companheiro teve que ser diferente. O homem antigo dizia que o lugar da mulher era em casa, agora ele deve repartir as despesas, mas na hora do poder de decisão acha que pode mandar? Não é assim”.

Diante disso, a Tiba sugere que as mães participem de palestras. “A finalidade das palestras é apresentar possibilidades e mostrar aos pais que tudo pode ser visto de uma maneira diferente para mudar uma série de padrões. Ninguém muda de ideia ou acha que está bom se não houver interesse, porque os costumes ficam arraigados nas pessoas e existe uma resistência natural a mudança. No entanto, há possibilidades para a mãe e o pai”.

Infância

O psicopedagogo cita que a criança – em um determinado momento de sua vida – vai estar na estação infância. Para Tiba é o período em que a criança nasce sem nada e aprende por meio do conhecimento que recebe. “Se a criança não tem limites, o que ela aprende é que não precisa ter limites, porque a fase de aprendizado é esta. Quando o pai deixa de dar elementos para a criança, ela vai funcionar de acordo com o que está acostumada. A criança nunca foi e nunca será uma psicopata, e sim, ela é mal educada por seus pais”.

Ele exemplifica que a criança é semelhante a uma casa em construção. “Você pode fazer as mudanças necessárias antes de construir. Quando se faz mudança com pessoas morando dentro dá mais trabalho e a criança mal educada é assim. Ela absorve todos os comportamentos, sejam eles positivos ou negativos. Os filhos pequenos são resultados da falta de conhecimento educacional dos pais. Onde um filho de seis anos aprende a dizer para o professor estou pagando e não vou fazer o que está pedindo? Isso ele não inventou. O pai, a mãe ou qualquer outra pessoa de referência falou isso e ele simplesmente repetiu. A criança é semelhante ao cachorro: escolhe o seu líder e repete algumas ações. A criança quer aprender com quem lhe agrada e não quem lhe cobra. No princípio educativo existe aquela história simples: coerência, constância e consequência”.

Tiba salienta que na estação infância a criança – geralmente - faz o que tem vontade e não o que é necessário. “Na criança existe o eu quero fazer e faço. É ruim quem não sabe atender, entender e atribuir valor de adulto para a criança. Isto é uma falta total de conhecimento sobre o funcionamento infantil”.

Drogas

Muitos pais se culpam ou questionam em que momento da educação de seu filho aconteceu algum tipo de erro, e, por isso, este filho decide experimentar a droga. O psicopedagogo Içami Tiba, explica que a culpa e a mágoa são dois ‘venenos’ em que as pessoas tomam para si para ver se o outro melhora. Ele exemplifica utilizando a mãe. Ela diz para o seu filho: Você me magoou. Mas, o filho sabe o que é magoa? Ele não sabe. “A mudança educacional somente acontece quando os pais entendem a situação e conseguem formatar uma proposta de mudança e, principalmente, executá-la”.

Sobre este assunto, Tiba ainda enfatiza que todo o caminho novo é como abrir uma trilha no mato. “Se você não passar por várias vezes no mesmo local o mato torna a fechar esta abertura. No entanto, se mais pessoas passarem pelo local pode forma a trilha. O conhecimento é semelhante a uma trilha. O conhecimento é algo seu, que quando utilizado com as pessoas e elas começam a usá-lo. Quando os pais acham que erraram porque os filhos estão usando droga, eles estão pensando não na droga em si, mas no comportamento deles”.

Para o profissional - independente do comportamento dos pais – quando o filho começa a usar droga é ele que está errado. “O pai deve corrigir o filho, porque até ele se corrigir leva tempo. Contudo é preciso entender que ninguém usa droga de repente. No meu livro ‘Pais Educadores’ apresento trinta sinais que todo o usuário de droga demonstra em casa. Basta o pai ou a mãe estarem atentos a eles. Muitos pais não percebem que o erro é do filho, porque tomam como referência o seu próprio comportamento, então não enxerga o seu filho. Filhos negligenciados que vão para as drogas, ou seja, eles não estão sendo olhados, não estão sendo percebidos pelos pais”.

Içami Tiba destaca que somente o amor não resolve o problema de drogas. O que resolve é uma estratégia de ação baseada em conhecimento. “Ninguém vai para as drogas por ódio, e sim, vai para aumentar o seu prazer ou porque se sente no direito de se divertir. Esta pessoa não vai para a droga, porque está pedindo algum tipo de ajuda. Está somente na cabeça antiga dos pais que o filho tinha problema e dava este tipo de sinal usando droga. Isto acontece, porque na estação infância, o jovem não recebeu os valores familiares, mas somente os valores dos colegas. A culpa dos pais em relação as drogas é desfocada e individualizada e não leva a nada”.

Escola

Alguns pais transferem a escola a educação do seu filho. Por sua vez, a escola não cumpre o seu papel: o de ensinar. Sobre isso, o psicopedagogo Içami Tiba, esclarece que a família repassa a culpa de um determinado problema à escola. Esta transfere para uma psicóloga e a profissional acredita que há problemas no passado não enfrentados pela criança. Segundo Tiba, os pais são responsáveis pela educação de valores. “Não é a escola ou psicóloga responsável por educar. A responsabilidade sobre a vida da criança é dos pais. Cabe aos pais cobrarem da escola o cumprimento do seu papel: o de ensinar. Um exemplo: Se esta criança quando chegar à adolescência sofrer um acidente e for para um pronto-socorro ou IML, pergunte para qualquer pai se alguma vez um pronto socorro ou IML chamou um professor de matemática? Quem são chamados? Os pais. Como que eles abrem mão desta responsabilidade que não existe contrato? Existe contrato de educar e de ensinar valores ao filho”.

Mídias

Conforme o psicopedagogo, Içami Tiba, as novas mídias são oportunidades dos pais aprenderem a linguagem dos filhos. “É impossível negar que eles utilizem este material somente porque os pais não o entendem. Os pais devem treinar. A autoridade é o conhecimento. Os pais estão vivendo em uma época que a autoridade pela força, pela idade não vale de nada na educação. O que vale é se este pai é competente na capacidade de aprender. Hoje a internet deveria ser o recurso fundamental para os pais aprenderem com seu filho”.

Por Graciela Souza

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