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SAÚDE

Depois de 10 anos, Paraná retoma cirurgias reparadoras da hanseníase

O governo do Paraná retomou no mês de maio as cirurgias reparadoras em pacientes com sequelas da hanseníase, que não eram feitas no Estado há 10 anos. Uma cirurgia já foi realizada, 20 estão agendadas e 147 pacientes candidatos a cirurgias estão sendo avaliados por equipes multidisciplinares no Centro Hospitalar de Reabilitação Ana Carolina Moura Xavier, em Curitiba. As cirurgias marcam também a entrada em operação do centro cirúrgico da instituição, que foi inaugurado em 2008, mas não funcionava por falta de estrutura.

28/05/2012 - 11:54


“Temos uma dívida com os pacientes de hanseníase que foram afastados da sociedade. O Paraná começa a saldar essa dívida com a retomada das cirurgias, mas precisamos evitar que as pessoas adoeçam e cheguem a desenvolver sequelas”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Michele Caputo Neto, durante a cerimônia do Dia Estadual de Conscientização sobre a Hanseníase, na sede da secretaria, em Curitiba, na última sexta-feira (25).
O coordenador nacional do Morhan (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas por Hanseníase), Artur Custódio de Souza, disse que o Paraná tem sido exemplo de acolhimento dos pacientes de hanseníase e de seus familiares. Ele lembrou que a Lei 11.520, que reconhece a segregação dos pacientes como crime no Brasil, foi promulgada há cinco anos, mas até agora não ocorreu a regulamentação do artigo 4º, que trata das cirurgias reabilitadoras. “O Paraná sai na frente com a oferta dessas cirurgias e deve ser exemplo copiado por outros estados. Uma cirurgia plástica para correção de deformidades não é estética, é recobrar a autoestima e a qualidade de vida de pessoas que já sofreram com o preconceito e a segregação”, afirmou.

CIRURGIAS – Os candidatos a cirurgias reparadoras de sequelas da hanseníase são atendidos por equipes multidisciplinares que envolvem médicos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e assistentes sociais. Os profissionais avaliam a situação e indicam o tratamento necessário.
A primeira cirurgia ocorreu no dia 21 de maio para descompressão dos nervos da mão e pé esquerdos de um paciente do sexo masculino. Em junho ele fará nova cirurgia para correção do lado direito do corpo e no pós-operatório terá acompanhamento fisioterápico no Centro de Reabilitação.
O paciente teve diagnóstico de hanseníase em 2006 e, após tratamento e cura, convive com as sequelas da doença e não consegue trabalhar. Ele perdeu o movimento das mãos e dos pés e, por conta de dores muito fortes, às vezes não consegue andar. A cirurgia para descompressão dos nervos deverá aliviar as dores e diminuir o número de medicamentos administrados, além de proporcionar a reinserção social e laboral do paciente.
O centro Hospitalar de Reabilitação agendou outras 20 cirurgias para correção de sequelas da hanseníase e ampliará a oferta de acordo com a indicação do atendimento global dos pacientes.
O diretor do hospital, Antônio Paulo Mallmann, destaca a importância do trabalho multidisciplinar e disse que a retomada das cirurgias reablitadoras da hanseníase no Paraná marca também o início do funcionamento pleno de Centro Hospitalar de Reabilitação, com o agendamento ininterrupto de cirurgias.
Desde que foi inaugurado, em 2008, o Centro Hospitalar de Reabilitação não fazia cirurgias por problemas estruturais do centro cirúrgico, o que foi resolvido neste ano. No dia 14 de maio uma equipe fez o primeiro procedimento cirúrgico no hospital, uma cirurgia ortopédica para alongamento muscular e recomposição de tendões num portador de paralisia cerebral. O pós-operatório, com terapias de reabilitação, também será feito na unidade.
Para Rosa Castália Soares, que coordena o Programa Nacional de Controle da Hanseníase e doenças em Eliminação do Ministério da Saúde, o trabalho desenvolvido no Paraná tem avançado de maneira muito positiva.
Segundo ela, em 2011 a região Sul do País registrou 1,3 mil novos casos de hanseníase; só no Paraná foram pouco mais de mil diagnósticos. “Isso não significa que o Estado tem uma situação pior, mas sim que há a preocupação do diagnóstico precoce e a busca por atender integralmente as pessoas, que é o que o SUS preconiza”, disse.

ATENÇÃO – A atriz Sandra Barsotti, voluntária do Morhan, falou sobre a importância do afeto e do acolhimento das pessoas. Ela participou do evento comemorativo e de uma visita ao Centro de Reabilitação, onde conversou com pacientes que faziam a avaliação global. “Para alguém que sofreu com o preconceito, ter atenção é algo precioso”, disse.
Para o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria, Sezifredo Paz, ter a parceria de voluntários e de entidades como o Morhan faz com que o trabalho ganhe corpo e atenda a maior número de pessoas. “Nosso maior desafio é melhorar o diagnóstico precoce, para tratar rapidamente e evitar as incapacidades. Isso deverá ser feito nas unidades de saúde, com profissionais capacitados para esta ação”, disse. Ele lembrou que para as pessoas que já apresentam sequelas, o Paraná agora poderá eliminar a fila de espera por cirurgias.
A Coordenação Estadual de Controle da Hanseníase homenageou diversos profissionais que se destacaram no controle da doença, entre os quais a viúva do médico paranaense Germano Traple, responsável pela disseminação de tratamentos inovadores da hanseníase e defensor das cirurgias para correção das deformidades.

SINTOMAS – A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa que se manifesta principalmente na pele, com manchas esbranquiçadas e avermelhadas, dormência, caroços pelo corpo e bolhas nas mãos e braços. A doença também atinge os nervos periféricos, podendo causar deformidades nas mãos e pés.
Uma vez iniciado o tratamento, o paciente não transmite mais a hanseníase. O tratamento, que tem duração de seis meses ou um ano, é à base de medicamentos e está disponível no Sistema Único de Saúde.

RECADASTRAMENTO – A partir do dia 2 de junho, o Estado fará o recadastramento dos Pensionistas da Hanseníase do Paraná. Os 1.938 pensionistas cadastrados serão informados sobre o recadastramento por meio de correspondências, aviso eletrônico e avisos no contracheque, ambos disponíveis nos terminais de autoatendimento do Banco do Brasil.
A pensão está prevista na lei estadual 8246/86, que concede um benefício mensal no valor de um salário mínimo ao trabalhador que, por conta das lesões físicas ou defeitos causados pela hanseníase, está incapacitado de trabalhar. Em caso de morte, o benefício é transferido para as viúvas ou para os filhos menores ou incapazes dos portadores.
Mais informações sobre o recadastramento na página da saúde na internet – www.saude.pr.gov.br

Da AE Notícias

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