Edinaldo Santos é um trabalhador jovem, mas tem histórias de vida de um ancião. Começou cedo no trabalho, na época, a Lei permitia e era comum que os filhos ajudassem no sustento da família. Ele conta que conheceu o trabalho com uma missão muito especial: construir a casa da família. “Eu tinha 12 anos de idade e trabalhava na construção civil com o meu tio. Depois quando saíram as casas populares lá no Coopagro, na época do Corazza – a minha mãe e meu pai ganharam uma e o pai precisava colocar alguém para ajudar a construir e como meu pai não tinha condições de colocar ninguém, eu fui para lá com 12 anos e lá trabalhei por um ano”, recorda.
Desde então a construção civil não saiu mais da vida de Edinaldo. “Em 1986, comecei trabalhar com meu amigo Lauriano. Fomos trabalhar com o engenheiro Vitor Hugo Perin, quando terminamos o serviço, Perin foi conversar com meu amigo e pediu para me deixar trabalhando lá com ele – porque tinha gostado do meu trabalho – e ali eu fiquei trabalhando como servente. E aí fui aprendendo a profissão, me tornei pedreiro e mais tarde comecei tomar conta das obras do Perin, das contas, do pagamento e contratação do pessoal. Eu trabalhei a minha vida inteira na Construção Civil, com Perin, isso já faz 26 anos de trabalho. Tenho 40 anos de idade e continuo trabalhando na construção civil, cuidando das obras dele”.
A cumplicidade entre a vida de Edinaldo e o patrão e amigo Perin superou as barreiras do mundo do trabalho. “Eu me envolvi tanto com ele e a família que me sinto parte dela. Hoje seria difícil abandonar a minha profissão. O Perin é um cara humano, eu sou muito grato a ele. É um cara que sempre me valorizou, sempre fez tudo por mim, sou muito grato a ele por tudo o que sou”.
Hoje Edinaldo trabalha na construção de mais um prédio da cidade e sob o seu comando estão oito outros trabalhadores. “Eu sempre digo uma obra é um filho. Você vê nascer, crescer e quando você vê ele está bonito, grande e pronto e como o filho, ele vai fazer a sua história e naquela casa que construímos é isso: depois de pronta ela vai abrigar outras histórias”.
O menino construtor construiu muitas casas e prédios, mas também uma grande família a qual, segundo Edinaldo, semeia todos os dias os valores do trabalho. “Eu e minha esposa temos três filhos, uma filha de 21 anos, outra de 17 e um pia de 13 anos e tenho um neto de um ano e sete meses e a eles passamos todos os dias o valor do trabalho. Meu pai sempre me ensinou a viver com o suor do meu rosto. Ele dizia filho tem que labutar, é preciso trabalhar para sustentar a família através do seu próprio trabalho. Tudo o que eu tenho na minha vida, minha casa, o meu capital foi através do suor do meu rosto. Se o Perin me valoriza é porque um dia mostrei a ele o meu trabalho, demonstrei a ele confiança, capacidade e comprometimento e foi isso que fez ele me valorizar como pessoa e como trabalhador. Foi o que demonstrei a ele, desde menino, com 14 anos, que formamos esta parceria”.
Edinaldo dos Santos lembra que quando soube da indicação para receber a homenagem da Assembleia Legislativa como Trabalhador Destaque do Paraná se emocionou. “Eu nunca me vi recebendo uma homenagem dessas. Nunca imaginei que alguém iria olhar para mim e ver que sou merecedor de uma homenagem como esta. Fiquei muito grato ao deputado Elton Welter por esta indicação, fiquei muito feliz. Quando eu sonharia que teria uma condecoração na Assembleia do Paraná, para eu representar o município, como Trabalhador Destaque, eu fui o único a ser indicado aqui em Toledo, esta homenagem para mim foi de uma grandeza que ainda me emociona”.
O menino construtor recorda da emoção quando entrou na Assembleia para receber a homenagem. “Eu fiquei olhando para todos aqueles deputados, aquela plateia, aqueles jornalistas tirando fotos eu me senti grande... (risos), me senti muito importante, uma pessoa muito valorizada no meio de todo aquele povo”.
As lembranças da infância ilustraram o imaginário do Trabalhar Destaque do Paraná. “Quando disseram meu nome me veio a cabeça o menino que fui, construindo a casa do meu pai e da minha mãe lá no Coopagro e hoje com 40 anos de idade eu recebendo uma condecoração da Assembleia Legislativa do Paraná. Me sinto vencedor, valeu a pena ser trabalhador, valeu a pena ouvir meu pai e aprender os valores do trabalho na vida de um homem, me sinto muito orgulhoso”.
O reconhecimento da jornada de trabalhador encheu de orgulho não apenas Edinaldo, mas a sua família. “Na minha família todos ficaram felizes. Minhas filhas diziam estar muito orgulhosas de mim. Afinal é o pai sendo reconhecido pelo aquilo que ele fez. Eu amo o que faço, foi com este trabalho que eu sustento a minha família. Eu comecei muito jovem. Com 19 anos já era pai e foi através da construção civil que eu criei meus filhos, que sustentei minha família”.
A homenagem da Assembleia Legislativa a Edinaldo e a outros 107 trabalhadores do Paraná representam o reconhecimento do valor do trabalho que às vezes passa despercebido. “Este reconhecimento quanto Trabalhador Destaque do PR me dá a certeza que tudo valeu a pena e isso me dá forças para dizer as pessoas que estão ao meu redor: trabalhem, estudem... busquem o reconhecimento profissional com honestidade e responsabilidade, o que aconteceu na minha vida hoje pode ser na vida deles amanhã, neste ano eu fui o Trabalhador Destaque, mas no próximo ano poderá ser um deles. Isso alavancou minha vida”.
Da assessoria
