Casa de not%c3%adcias   1144 x 150

Delegacia da Mulher registra aumento de 141% nas ocorrências.Acadêmicos da PUC realizam trabalho com as vítimas

No primeiro semestre deste ano, a delegacia da mulher de Toledo registrou 321 ocorrências, mais de 141% em relação ao ano passado quanto totalizou 133. Com relação aos inquéritos instaurados, neste ano foram 145 e no ano passado nenhum. Em 2011, um estudo documental realizado entre o curso de psicologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC), campus Toledo e o Ministério Público apontou que em 80% dos casos o agressor era um membro da família. No entanto, apesar das mulheres denunciarem a violência, 60% delas desistiam de processar o agressor.

19/07/2012 - 15:05


Com relação as lesões corporais, o delegado Edgar Dias Santana, informa que nos seis primeiros meses deste ano foram 133 casos e no ano passado 57, isto representa um aumento de aproximadamente 133%. Neste ano, a delegacia registrou 16 estupros e no ano passado foram apenas 10. Segundo ele, também houve um aumento significativo no número de outras infrações penais – ameaças, injúrias e crimes que dependem da representação da vítima - houve um aumento relevante de cerca de 96%. No ano passado foram registrados 87 e neste ano 171 casos.
Santana justifica os números explicando que as mulheres estão mais seguras e, por isso, procuram uma unidade policial para denunciar seus companheiros ou aquelas pessoas que estão as agredindo tanto moralmente como fisicamente. “Aquelas mulheres que são vítimas de agressões devem procurar a polícia para serem tomadas as devidas providências e, principlamente, não deixa que a agressão se repita”.
Santana relata que a partir de 2006 - com o advento da Lei Maria da Penha - houve um aumento significativo no número de registro nas delegacias da mulher tanto em Toledo como nas demais do País. “Com as mulheres fazendo os registros, muitos maridos se sentem acanhados, arrependidos e pensam duas vezes antes de agredi-las moralmente e fisicamente. Na maioria das vezes quando a PC tem o conhecimento de uma agressão que está ocorrendo os investigadores se deslocam de imediato ao local e efetuam a prisão em flagrante, comunicamos o Poder Judiciário e o Ministério Público que fixa de imediato a medida de proteção em favor da mulher”.
Auxílio
Neste ano, a pesquisa – iniciada em 2011 - pela PUC em parceria com o Ministério Público está tendo continuidade em parceria com a Secretaria da Mulher. O foco é auxiliar grupo de mulheres que sofre violência. Neste semestre, os acadêmicos vão capacitar equipes dos CREAS, escolas e órgãos que auxiliam ou recebem estas mulheres vítimas de violência.
Segundo a coordenadora do projeto, a professora Adriana Dias Basseto, o processo de investigação e denúncia é realizado na delegacia, cabe a Secretaria da Mulher e a Universidade auxiliarem a vítima. “A violência contra a mulher é diagnosticada em todos os níveis sociais. Desde aquela mulher que recebe a ameaça verbal, violência física, reicindência de agressão”.
Adriana comenta que na maioria das vezes a mulher demonstra estar abalada pela situação. “Ao mesmo tempo em que elas gritam por uma necessidade de socorro, também se apresentam de uma forma fragilizada, o que dificulta o enfrentamento desta realidade. A violência percorre por todas as classes, não há uma classe que apresente o maior índice. Talvez algumas mulheres se colocam em uma posição mais declarada para expor e gritar pelo socorro. Isto não quer dizer que outra mulher que tem outra formação e cultura não sofra violência, mas a forma como faz este enfretamento ultrapassa fronterias e barreiras, o que dificulta na realização do trabalho”.
A profissional comenta a maioria das mulheres que sofrem a violência possuem uma dependência econômica. “Nós entendemos que o maior impedimento destas mulheres é o próprio reconhecimento delas enquanto mulher, auto imagem e o seu fortalecimento para responder de outra forma esta violência”.
O delegado, Edgar Dias Santana, reafirma que a maioria das violências domésticas que ocorrem são de mulheres que dependem financeiramento do marido. “Elas não saem da residência e convivem com estas consequências negativas. Muitas mulheres - vítimas de violência doméstica - alegam que se saírem da residência não tem com quem morarem. A situação piora com aquelas que são mães, que permanecem na residência pelo filho”.
Andressa complementa que mesmo aquela mulher que possui autonomia no mercado de trabalho, muitas vezes, isto não faz esta mulher ter força e responder de uma forma mais ampla a esta violência. “Antes de chegar a esta agressão física, a mulher e a sua família já foram agredidas por várias vezes. Ela deve ser fortalecer para que possa tomar as medidas necessárias de proteção em relação a ela. Que ela pense um pouco mais sobre isso e procure proteção”.
Denúncia
O delegado Edgar Dias Santana recomenda que aquela mulher que sofrer algum tipo de violência deve manter contato – imediato – com as Polícias Civil ou Militar pelos telefones 197 ou 190. “Os policiais se deslocam até o local do fato. Caso encontre o acusado, o mesmo será autuado em flagrante. No entanto, se a mulher não ligar no momento da violência tem o prazo de seis meses para fazer a representação e instaurar o procedimento”.
Santana salienta que a mulher que sofrer qualquer tipo de lesão, ameaça ou injúria deve procurar por uma polícia mesmo que não represente ou compareça na delegacia. “Nós contamos com uma equipe especializada que fará as orientações”.

**Dados**
Entre março a outubro do ano passado, o grupo de acadêmicas do curso de psicologia da PUC mapeou os casos que tramitaram na Comarca de Toledo entre os anos de 2009 e 2010. Neste período, para mapear o perfil da mulher (vítima) e do agressor foram analisados 284 processos, sendo 135 ações penais; 140 inquéritos policiais e 9 execuções de pena. De acordo com a pesquisa realizada no ano passado, 33% das vítimas possuiam entre 30 a 39 anos; 26% de 20 a 29 anos e 19% de 40 a 49 anos. Por sua vez, nos dados dos agressores 33% não constou a idade, pois nesta maior porcentagem são inquéritos policiais, e, por vezes, o agressor não prestou declaração já que o inquérito foi arquivado por retratação da representação pela vítima.
Conforme o diagnóstico, em 59% dos casos a mulher está mais propensa a uma união conjugal estável, o que pode mantê-la em uma dependência afetiva e financeira, condicionando-a a submissão da violência doméstica.
A pesquisa apresentou que 29% das vítimas possuiam apenas um filho e 22% tinham dois filhos. Os agressores 29% tinham um filho e 20% não constou. Outro dado relevante, entre as vítimas - frequentemente - são agredidas por seus filhos usuários de drogas, dos casos levantados 100% renunciaram.
O salário que predominou no diagnóstico foi entre R$500 a R$999, totalizando 27% dos casos.

550x250px
Sem nome %28550 x 250 mm%29