Um dos integrantes afirma que: “O principal desafio para quem quer parar de beber é evitar o primeiro gole somente pelo dia de hoje. O amanhã não existe. Ele nos traz medos e incertezas. O ontem é passado. Temos o tempo do mundo para resolver os problemas de hoje”.
Ele lembrou que não teve motivo para exager no consumo de bebida alcoólica. “Eu comecei a beber pesado quando tinha 27 anos e, foi assim até os 31. Não existe motivo para começar a beber. A bebida é sútil e sem que a pessoa perceba domina o elemento e quando se vê está perdido”.
Ele conta que não tinha uma bebida predileta. Bebia cerveja, destilado, vinho, qualquer uma. “Eu me descobri alcoólico quando percebi que não dominava a quantidade consumida. Eu bebia duas ou três vezes por semana de acordo com as oportunidades, mas quando bebia não sabia parar. Eu perdi o controle sobre a bebida”.
O integrante do A.A. lembra que a Organização Mundial de Saúde considera o alcoolismo uma doença progressiva, incurável e que mata. “A progressividade é na maioria das vezes lenta. Quando a pessoa se depara com o alcoolismo já está no fim da vida. O alcoolismo é uma doença tríplice. Ele primeiro ataca o campo espiritual, psicológico, social e, por último, o físico. O meu espiritual e psicológico foram destruídos. Depois as relações sociais foram afetadas. Graças a Deus que não tive problemas no campo físico”.
Ele salienta que no final do período que ingeriu bebida alcoólica – há 23 anos - sua vida tinha tomado um rumo que não o agradava e a convite de um colega participou de uma reunião do grupo e está lá até hoje. O integrante do A.A. destaca que para quem quer parar de beber é preciso ter vontade. “Há pessoas que dizem ter a força de vontade. Eu tinha a vontade e a força encontrei frequentando as reuniões do grupo de alcoólicos anônimos”.
Agora a vida dele é só felicidade. “Eu consigo levar uma vida absolutamente normal sem ingerir bebida alcoólica ou qualquer outra substância que altere o meu comportamento. Se eu não tivesse parado de beber eu não teria feito dois cursos superiores, duas pós graduação e um curso de extensão. Isso traduz uma vida normal e equilibrada”.
Tentação
Nestes 23 anos sem beber, o integrante do grupo A.A. disse que em alguns momentos já teve vontade de beber, mas não o fez. “Teve uma ocasião que estava no lugar e hora errados. Era um dia de calor, estava em um bar e alguém pediu uma cerveja na forma como pedia a serviu em um copo com bastante espuma (da forma que gostava de beber) e me ofereceu. Naquele momento, eu senti que estava balançando, mas eu aprendi um truque: pedi uma bala e sai do ambiente e passou a vontade em cinco minutos”.
Medicação
Ele comenta que há casos em que a medicação é necessária, porque há outros problemas relacionados juntamente com o alcoolismo. “No meu caso não foi preciso tomar medicação nenhuma. O grupo A.A. não é para quem precisa, mas é para quem quer. O grupo não tira o copo da mão de ninguém. É preciso vontade e força. A maneira de viver encontra no grupo”.
**Grupo**
O grupo Alcoólicos Anônimos é auto-suficiente. Os participantes não aceitam contribuições ou recursos de entidade ou de pessoas estranhas a irmandade. As despesas são cobertas com uma sacola que é passada na reunião e os membros – se quiserem – podem contribuir com qualquer quantia. “A despesa é o mínimo para as nossas necessidades. O grupo não tem sede própria. Procuramos um aluguel barato e ali realizamos nossas reuniões”.
Os membros do AA são protegidos pelo mais absoluto anonimato que, além de preservar a identidade dos alcoólicos, afasta qualquer ideia de projeção pessoal ou de terceiros que possa contaminar a estrutura da irmandade, regulamentada pelas Tradições (normas condensadas pelos pioneiros e aprovadas democraticamente que asseguram a unidade da instituição).