Esse é o contexto do livro Stefan e Lotte Zweig - Cartas da América - Rio, Buenos Aires e Nova York 1940-42, organizado pelos historiadores Darién J. Davis e Oliver Marshall. A publicação foi lançada no Brasil, com tradução de Maria das Graças de Santana Salgado e Eduardo Silva.
De acordo com a tradutora, as cartas mostram o destacado papel de Lotte na vida de Stefan, quase sempre retratada como uma mulher inexpressiva, submissa e silenciosa pelos biógrafos de Zweig.
“Nenhum deles considerou o papel que a mulher dele exerceu nos últimos anos de vida dele e a contribuição dela como companheira, como secretária, como tradutora dos trabalhos [do marido]. Então, eu acho que a grande contribuição do livro é exatamente resgatar o papel da Lotte Zweig, que o acompanhou nos últimos anos e de certa maneira o ajudou a produzir obras importantíssimas, como O Mundo de Ontem [livro de memórias de Zweig], Brasil, País do Futuro e História do Xadrez. Pelo menos esses três livros ele escreveu na companhia dela e os biógrafos a ignoraram completamente”, disse.
Graça Salgado define o livro como feminista, que regata uma voz invisível, além de trazer grandes esclarecimentos sobre o drama que o casal viveu no Brasil e a paixão pelo país que o acolheu.
“É uma contribuição enorme para o leitor de Stefan Zweig aqui no Brasil, porque são cartas inéditas e absolutamente honestas, escritas pra família dela, para o irmão e a cunhada. Além disso, o livro esclarece muito a discussão sobre o papel do Stefan Zweig no governo de Getúlio Vargas. Desmente completamente essa coisa de que ele [Brasil, o País do Futuro] foi um livro comissionado, o que não faz sentido de jeito nenhum isso”.
No Ano Novo de 1941, o casal enviou um postal para amigos e parentes com a estrofe 106 de Os Lusíadas, em português e em alemão, que fala sobre guerra e fuga. No dia 22 de fevereiro de 1942, Stefan e Lotte cometem duplo suicídio na casa onde moravam, na Rua Gonçalves Dias, em Petrópolis.
O local abre as portas ao público hoje (28), com um memorial em homenagem aos refugiados do nazismo na Europa nas décadas de 1930 e 1940.
Da Agência Brasil
CULTURA
Setenta anos após sua morte, livro destaca os últimos anos de Stefan Zweig, autor de Brasil, o País do Futuro
No desenrolar da 2ª Guerra Mundial e do período da ditadura do presidente Getúlio Vargas, conhecido como Estado Novo (1937-1945), o escritor Stefan Zweig e sua mulher Lotte, refugiados na cidade na cidade de Petrópolis, na região serrana fluminense, escrevem cartas para a família na Europa. Escritas em inglês, a correspondência íntima revela um contexto histórico de opressão, fuga e perda de identidade, inclusive linguística, nos últimos dois anos de vida do casal, em meio à perseguição nazista aos judeus. Ele, natural de Viena, de família austrojudaica rica, nascido em 1881. Ela, de Kattowitz, na Prússia, filha de prósperos comerciantes, nascida em 1908.
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