Contra radicalização, mas a favor da greve, professores da UTFPR de Toledo pedem negociações mais "explícitas"

A greve completa nesta terça-feira (31), 76 dias de paralisação. O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES) solicitou aos representantes de cada instituição em greve, decidir se aceitariam ou não a última proposta feita pelo Governo no último dia 24. Em pauta, reajuste salarial e plano de carreira para os professores universitários federais em todo o Brasil. Assim, foi decidido pelo SINDUTF-PR o posicionamento favorável pela continuação e intensificação da greve. Apenas sete, dos 111 professores da UTFPR votaram pelo fim da greve.
Posicionamento dos professores de Toledo
O Governo ofereceu um reajuste salarial entre 25% e 40%, em três parcelas anuais, até março de 2015, de acordo com critérios estabelecidos que envolvem grau de titulação e antiguidade como professor universitário. Além disso - o principal entrave - está no plano de carreira proposto pelo Ministério da Educação (MEC). Segundo a proposta do Governo, o docente poderá progredir para um nível mais elevado quando permanecer por mais de dois anos no nível em que se encontra, ter um mínimo de 8 horas-aula semanais e, um rendimento de no mínimo 70% em avaliações de desempenho ao longo do período.
O ANDES quer que a progressão na carreira ocorra a partir de critérios definidos em cada universidade considerando a avaliação do trabalho docente, e que o porcentual de reajuste seja sempre o mesmo na passagem de um nível para o outro. O percentual fixo proposto pelo sindicato nacional seria de 5%, concedido a cada dois anos ao professor de acordo com seu merecimento. Os professores do campus da UTFPR de Toledo são favoráveis a proposta da ANDES, portanto rejeitando a proposta do MEC. Porém, gostariam que se iniciasse uma negociação a partir da proposta da ANDES. Ou seja, seriam favoráveis a uma flexibilização da proposta do sindicato nacional. Contudo, foram voto vencidos nas assembleias do SINDUTF-PR realizadas na segunda-feira (30).
As reuniões decidiram que os professores paranaenses deveriam ser radicais ao defender a proposta inicial da ANDES. A UTFPR de Toledo não tem professores sindicalizados, portanto, os docentes da cidade não têm direito a voto nas reuniões do sindicato. Mas a carta enviada, como o posicionamento dos professores de Toledo foi considerada na assembleia realizada.
Situação da UTFPR em Toledo
O campus Toledo da instituição federal está na cidade desde 2007 e possuí pouco mais de 50 professores distribuídos nos cursos das Engenharias Civil e Eletrônica, Processos Químicos e Licenciatura em Matemática. Dentre os professores titulares todos são mestres ou doutores. Segundo o professor de física, Marcelo Talarico, a maior dificuldade na instituição está em atrair bons profissionais para lecionar na Universidade.
Levando em conta salários e plano de carreira, os melhores profissionais, segundo ele, preferem trabalhar na indústria que dar aulas nas faculdades. "Os cursos que mais sofrem com isso são as engenharias. É fundamental para uma universidade que consiga atrair os melhores profissionais para dar aula, mas muitas vezes abrimos concursos para professores nenhum profissional bem qualificado demonstra interesse em participar", lamenta.

Por Maurício de Olinda